Parte dela sofria pela mulher gentil e terna, forçada a esconder-se. Pela mulher que desejava poupar sofrimento aos outros, mas sofria sozinha, escondida nas sombras.Soraya percebeu como gostava de Simone. E teve medo. Tinha sido muito magoada por Olívia , mas reconhecia que Simone era capaz de enxergar além das aparências. De certo modo eram parecidas. O acidente mudara a vida dela por completo, alterando planos e prioridades. O noivado rompido mudara a sua vida, fazendo-a perceber que podia confiar em poucas pessoas. E que era difícil encontrar alguém que a visse como era realmente, e não apenas sua beleza.
Simone achava que era bonita demais para querer uma mulher como ela. Mas não percebia que ela não enxergava as cicatrizes, não notava como ela procurava esconder que mancava levemente. Ela havia se encantado com a voz na escuridão, com os beijos ardentes que deixavam seu corpo em fogo, com a mulher que conseguira ver nela a artista escondida. E imaginou como podia ter se apaixonado por uma mulher que não podia confiar nela, nem mesmo o suficiente para mostrar-lhe o rosto.
Em seu quarto, Simone andava de um lado para o outro, como uma Fera enjaulada. Além das paredes, a tempestade rugia, e ela sentia cada raio, cada trovão, ecoando em seu corpo. Passando os dedos nos cabelos, ainda molhados do banho, esfregou a nuca dolorida. Queria ir até ela, tocá-la, mesmo sabendo como era perigoso. Para as duas. A noite anterior provara isso. Bastara um toque e todo o autocontrole desaparecera.
Soraya queria o que ela não podia lhe dar. Permitir que outro ser humano, além de Tom a visse. Ela não entendia o que isso significava. Ela não podia correr o risco. E se ela a rejeitasse? Como ela se sentiria depois? Viver nas sombras estava acabando com ela, deixando-a mais infeliz a cada dia. Sentia falta do sol, de entrar numa sala com as luzes acesas.
Sentia falta de Soraya.
Simone olhou para a grande porta em arco, percebendo que o vento rugia tão forte nos corredores que parecia querer abri-la. Andando até ela, colocou a mão na maçaneta decorada. Por um momento, viu as cicatrizes na pele e flexionou os dedos. Então, virou a maçaneta e abriu-a.
Soraya estava sentada na poltrona, junto à janela, com as pernas dobradas para o lado. Apenas uma pequena lâmpada brilhava no canto do quarto, e percebeu como se acostumara ao escuro. Um raio caiu bem perto, a luz tremeluziu, apagou e voltou em seguida.
Naquele instante, soube que Simone estava ali. Seu corpo estremeceu de antecipação, e apertando o roupão contra o corpo, virou-se para a porta.
— Por que está aqui?
— Honestamente, não sei.
Pelo menos, era sincera, pensou Soraya.
— Sente-se. - Convidou.
Ela deu um passo na direção dela e parou.
— Meu Deus, está gelado aqui dentro. - Disse, indo até a lareira e colocando mais lenha.
— Não estou com frio.
— Está úmido. Vai acabar doente e talvez a luz acabe. - Simone acendeu um fósforo e a pequena chama iluminou suavemente seu rosto.
Soraya viu as marcas no pescoço.
— Não precisava fazer isso.
— Eu sei.
— Saia, Simone.
— Já está cansada da minha companhia?
— É claro que não. Mas sei que não é seguro. - Ela suspirou. — Você nem imagina o quanto eu desejo que me toque. Mas quero mais além de estar em seus braços - Confessou, com sinceridade. — Quero tudo de você.
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Beauty And The Beast ( Versão Simoraya )
FanfictionConvocada como se fosse para servir a Rainha, Soraya Thronicke foi contratada para trabalhar como babá da filha de Simone Tebet. Mas o coração de Simone estava tão despedaçado quanto seu rosto. Para Simone, a linda e doce Soraya era uma tentação e u...