Capítulo 14 🥀

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— Soraya?  - Chamou Charllote da sala. — O que é isto?

Soraya enxugou as mãos numa toalha de papel e atravessou a sala de jantar, parando ao ver a pilha de caixas amarradas com fita verde.

— Bem, querida, por que não descobrimos juntas? - Parando ao lado da mesinha de café, viu o cartão preso na caixa maior. Era endereçado a ela. "Gostaria que mostrasse mais dos seus talentos escondidos". Junto às caixas estava um dos esboços que fizera de Charllote, com um bilhete. "É lindo, você conseguiu retratá-la perfeitamente." Simone .

— De quem é? - Perguntou a garotinha, saltitando em volta das caixas, na expectativa de ganhar um presente.

— O bilhete diz que a caixa de cima é sua. - Soltando as fitas, entregou a caixa à menina, que se sentou no tapete para abri-la. Dentro havia lápis de cor, purpurina, guache, lápis de cera, aquarelas e papéis. — É da sua mãe. - Disse Soraya, e Charlotte ergueu o olhar, sorrindo.

Soraya também sorriu. Simone tinha pedido desculpas à filha do único modo possível no momento. Charllote perguntou se podia usá-los, e Soraya assentiu, dirigindo-se à sala de jantar, onde colocou uma toalha velha sobre a mesa, para protegê-la das tintas. Em seguida, entregou à menina uma xícara de água, explicando como poderia pintar.

Depois de ter acomodado Charllote, voltou à sala de estar e olhou as caixas. Com um suspiro, abriu a primeira e encontrou tudo que precisaria para desenhar, além de papéis especiais. A segunda tinha aquarelas, uma palheta e pincéis, a outra tinha um cavalete e um banquinho, além de um bilhete. "O quarto amarelo, na ala oeste, é o que tem a melhor luminosidade, além da linda vista do rio e da cidade." Simone T.

As lágrimas encheram os olhos de Soraya, que sentiu a garganta apertada. Ninguém nunca a elogiara por outra qualidade que não fosse à beleza. Mesmo tendo vários desenhos espalhados pelas paredes do apartamento, Olivia nunca notara, nem fizera algum comentário. Ela adorava desenhar e pintar, mas desistira disso por coisas que julgara ser mais importantes, na época. Havia uma sensação de liberdade que apenas a arte podia lhe dar. Criar algo do nada era como uma mágica poderosa. E Simone lhe dera tudo isso novamente.

—  Também ganhou presentes. - Disse Charllote, aparecendo ao lado dela e espiando as caixas.

Soraya acariciou os cabelos escuros da menina e sorriu.

— Não é lindo? Teremos de arranjar um lugar especial para trabalhar.

Charllote concordou, voltando para a sala de jantar para terminar o que estava fazendo. Soraya sentou-se no sofá e pegou o estojo com os lápis, imaginando o que desenharia em primeiro lugar. Queria agradecer, mas sabia que Simone não iria recebê-la. Além disso, tinha muito que fazer. Depois que Charllote terminou o primeiro desenho, pregou-o orgulhosamente na geladeira, antes de levá-la para o banho. Não foi fácil acalmar a menina, que queria experimentar tudo, mas depois do banho e de uma história, conseguiu colocá-la na cama. A caixa com os presentes ficou na mesinha, ao lado da cama, como se isso deixasse a mãe mais próximo.

Deixando a porta de Charllote entreaberta, Soraya parou no corredor, olhando para a escada que levava ao andar de cima, imaginando o que Simone estaria fazendo. Não falara com ela desde a noite anterior. Tão pouco ela a chamara pelo interfone, nem aparecera nas sombras. Era como se tivesse revelado coisas demais e agora quisesse manter distância. Ainda assim, lhe dera um presente maravilhoso. Era uma mulher complicada, depois de tomar banho, vestiu o roupão e desceu ansiosa para experimentar os novos lápis e crayons.

Beauty And The Beast  ( Versão Simoraya )Onde histórias criam vida. Descubra agora