Capítulo 1 🥀

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Soraya Thronicke ergueu o olhar para o castelo de pedras cinzentas e imaginou o que encontraria lá dentro. A princesa encantado ou um dragão-fêmea?

Um dragão-fêmea provavelmente imaginou se fossem verdadeiros os boatos que ouvira do pessoal da cidade, na viagem de balsa até a linda ilha. Será que Simone sabia como era temida? Pensou, observando as pedras enormes e as janelas em arco, enquanto o táxi entrava no caminho que conduzia à entrada. A enorme estrutura tinha até ameias, além da torre principal.

Soraya via apenas solidão por toda parte.

— Senhora... - Disse o motorista, ao parar em frente da casa enorme. — Tem certeza de que é este o lugar aonde quer ir?

Por que todos na ilha perguntavam a mesma coisa, como se estivesse indo para a forca? A Tebet era apenas uma mulher, nada mais.

— Sim, tenho certeza, Sr. Percy. - Respondeu, sem olhar para o motorista de meia-idade.

— A Sra. Tebet não é do tipo simpático, como deve saber.

— Não é de admirar, já que todos agem como se ela fosse capaz de morder, não acha? - Dessa vez ela fitou-o diretamente, erguendo uma sobrancelha.

O homem corou e então olhou novamente para a casa.

— Os boatos devem ter algum fundamento. - Resmungou, saindo do carro para pegar a bagagem de Soraya.

Ela também saiu do carro e acompanhou-o, subindo os degraus da entrada.

Como uma serva da Rainha, havia sido contratada para ajudar a filha de quatro anos de Simone Tebet acostumar-se a viver ali.

A morar com uma mulher reclusa, que vivia trancada num castelo, longe de qualquer contato humano. Pelo jeito, teria um bocado de trabalho, já que, de acordo com os boatos, ninguém pusera os pés na casa, além dos entregadores, nos últimos quatro anos. Soraya sentiu pena da garotinha, que acabará de perder a mãe e tinha sido afastada de Simone. Soraya estava ali para conhecer o local, antes de a menina chegar.

Assim que lhe entregou o dinheiro, o homem estendeu-lhe o papel.

— Aqui está meu telefone. Se precisar de alguma coisa é só chamar.

O gesto deixou-a comovida, mas não era necessário.

— Ela não é um monstro, Sr. Percy!

— E sim. Grita com qualquer um que pisar nas terras dela, e quase fez picadinho do pobre garoto que entrega as compras da mercearia. Detesto pensar no que pode fazer com a senhora. - E quando Soraya olhou-o com firmeza, o motorista olhou novamente para o castelo e suspirou. — Está casa foi construída muitos anos atrás, por um homem que a ergueu para a noiva. Ela queria viver como uma princesa, e ele procurou atender esse desejo. Trouxe cada pedra do continente, e muitas coisas vieram da Inglaterra ou da Irlanda, pelo que ouvi dizer. Ela morreu antes que a casa estivesse terminada, ou antes, que o rapaz tivesse chance de casar-se com ela.

Que história triste, pensou, mas logo ergueu o queixo.

— Está agindo como se a casa fosse assombrada, ou amaldiçoada.

O Sr. Percy não disse nada, olhando as pesadas portas duplas de madeira, como se fossem a entrada de uma caverna. Que bobagem, pensou Soraya, erguendo a aldrava de bronze para bater na porta. Era a cabeça de um dragão. Bem, Sra. Tebet, se queria manter as pessoas longe daqui, tem feito um bom trabalho. Ela bateu e esperou.

Imediatamente ouviu-se uma voz, soando no interfone à direita da porta.

— Entre.

A voz era profunda, um tanto rouca, e sem querer, Soraya estremeceu invadida por um sentimento de apreensão.

Beauty And The Beast  ( Versão Simoraya )Onde histórias criam vida. Descubra agora