Capítulo 5 🥀

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— Acho melhor deixar que se conheçam melhor. Telefono mais tarde.

— Gostaria que fizesse isso. - Baixando a voz, completou. — Já que não há nada de temporário neste trabalho, e sabe bem disso.

— Ela precisa dela, Soraya.

— Eu sei, mas... - Olhando para baixo, viu que a garotinha as observava curiosa. Soraya trocou um olhar com Mary, indicando que poderiam conversar melhor ao telefone. Mary sorriu, e inclinou-se para beijar Charllote .

A criança passou os braços em volta do pescoço de Jane, agarrando-se com força por alguns instantes. O coração de Soraya apertou-se. Como devia sentir-se insegura e amedrontada, sendo Mary a única pessoa que conhecia.

Jane acariciou a costa da menina, dizendo que a amava muito, e logo viria visitá-la. Charllote soluçou, correndo para Soraya, assim que Mary soltou-a. Com um sorriso, Soraya levou a criança até o carro, colocando-a no banco da frente. Depois de acomodar-se atrás do volante ligou o motor.

— Pronta?

Charllote olhou-a com os olhos avelãs e assentiu, mordiscando a ponta do suéter. Soraya percebeu o brilho das lágrimas e inclinou-se, abraçando-a e sussurrando.

— Tudo vai dar certo, querida. Sei que está com medo. - Os dedinhos delicados apertaram-na com força.

— Quero ir para casa.

Os olhos de Soraya encheram-se de lágrimas. A menina parecia tão triste e perdida.

— Vou levá-la para casa, e será uma grande aventura descobri-la aos poucos. Não acha que vai ser divertido?

Charllote deu de ombros, e Soraya acariciou os cabelos brilhantes. Tinham um longo caminho a percorrer juntas, e imaginou por quanto tempo ficaria ali. Ou se algum dia desejaria partir. Pois percebia que estava começando a amar aquela garotinha perdida.

No instante em que a casa apareceu na frente delas, Soraya percebeu que Charllote prendia a respiração, maravilhada, esticando o pescoço para ver melhor. Soraya dirigiu pela estrada de terra, cheia de lombadas, até chegar à garagem, esperando que a vista da praia, do estábulo enorme e do grande jardim atraíssem Charllote. E aconteceu, especialmente por causa do escorregador e do balanço, que não se encontravam ali no dia anterior. Parando o carro, desligou o motor.

— Vá, experimente. - Encorajou-a, e Charllote abriu a porta. Soraya apressou-se a ajudá-la a descer, e logo Charllote corria para os brinquedos. Os brinquedos eram grandes e sólidos, e Soraya sorriu ao ver Charllote escorregar uma, duas, três vezes, sem cansar da brincadeira. A menina correu para o balanço, experimentando-o, até ver a caixa de areia, cheia de brinquedos. Ela sentiu a presença de alguém, e viu que Tom se aproximara.

— Vou levar as malas para cima. - Disse, estendendo a mão para pegar as chaves. Ela entregou-as, mas não se mexeu. — Ela parece com ela. - Disse, suavemente. E Soraya observou Charllote, imaginando o quanto seria parecida com a mãe.

De repente, Charllote saiu correndo para eles e parou em frente de Tom, observando-o atentamente. Soraya percebeu que ela imaginava que Tom fosse algum parente. Ela apresentou-os, e viu o sorriso da criança desaparecer.

— Como vai, senhorita? - Tom agachou-se na frente da menina, e os velhos joelhos estalaram.

Charllote olhou com surpresa os jeans reforçados nos joelhos.

— Dói?

— Não. Só faz barulho.

— Minha mama foi ferida. Muito ferida.

— Sim, meu bem.

— Conhece a minha mama?

— Claro que sim.

Beauty And The Beast  ( Versão Simoraya )Onde histórias criam vida. Descubra agora