Montado em um Cavalo Pálido

Capítulo 4

Rick não tem certeza de como imaginou a casa de Daryl, mas não é isso. Não é uma casa, não como ele imaginou ou poderia imaginar a sua própria aparência. É um trailer, estacionado um pouco longe dos outros no estacionamento. Rick não vê sinais de vida além de um cachorro acorrentado em um quintal na frente de um deles, latindo loucamente para eles enquanto eles passam.

O trailer de Daryl está cercado por grama alta, como um fosso. Há uma bandeira no quintal, mas Rick não consegue identificar o que deveria ser uma bandeira. Tem vagos toques de vermelho, mas o resto se perde em sujeira, óleo e lama. Ao lado dela está uma motocicleta, positivamente brilhante em comparação, brilhante e amada. Ao lado da moto está uma caminhonete de aparência desgastada, com as rodas enferrujadas, mas, fora isso, parecendo em condições decentes. A porta de tela está rasgada e a porta interna está aberta e Daryl fica tenso quando eles se aproximam.

"Talvez você devesse esperar no carro", murmura Daryl, estendendo a mão para agarrar o ombro de Rick enquanto Rick se prepara para sair do veículo. Rick franze a testa, olhando para ele. "Dirigir em um carro de polícia não é o melhor começo, mas você está em um macacão brilhando como o sol e este não é o melhor bairro."

"Você está preocupado comigo?" Rick brinca, incapaz de parar de sorrir.

"E eu mesmo", Daryl responde, indiferente ao tom brincalhão de Rick. Seus olhos estão na porta. "A porta está aberta. Merle pode não estar aqui. Mas o carro dele está. Então... estou nervoso."

"Aqui", diz Rick, entregando a Daryl a faca que ele reivindicou. É uma faca feita para fatiar batatas, se ele tivesse que adivinhar, e é longa e de aparência afiada. Daryl pega sem tirar os olhos da porta. "Vou esperar aqui, suponho."

Daryl assente. "Vou assobiar se precisar de você."

Ele sai do carro e fecha a porta o mais silenciosamente que pode e Rick se acomoda para esperar. Ele está acostumado com vigias e tendo que esperar que os criminosos venham até ele, mas isso é diferente. Agora o perigo é muito real e não apenas para ele – Daryl é forte e capaz. Ele tem certeza disso. Mas assim que ele desaparece de vista, Rick sente aquela ansiedade familiar tomando conta dele. Se ele não pode ver Daryl, ele não pode ver nenhum perigo em que Daryl possa estar. Se ele não pode ver o perigo, ele não pode protegê-lo, e ele prometeu que o faria. Rick suspira, coçando a nuca. Sem o ar condicionado e com os vidros fechados o carro aquece rapidamente e ele já começa a suar. Ele ignora,

Enquanto espera, ele remexe novamente na mochila até encontrar lenços antissépticos e um pequeno pedaço de gaze. Ele arranca uma manga de seu macacão, não querendo desperdiçar o curativo em um ferimento tão pequeno, e o segura entre os dentes enquanto enxuga a mão ferida para limpá-la. Em seguida, ele pressiona a gaze na palma da mão e envolve a manga em volta da mão com força - não o suficiente para restringir os dedos, mas o suficiente para ter certeza de que não vai se desfazer e cair.

Seus olhos são atraídos pelo movimento à direita e ele fica tenso quando vê outra porta aberta. Ele se prepara para o pior e amaldiçoa baixinho quando a porta se abre ainda mais, deixando escapar a forma desajeitada e arrastada de uma caminhante. O cachorro no quintal começa a enlouquecer e ela sibila, arrastando-se até ele e caindo sobre ele com outro rosnado. O cachorro rosna, mordendo-a, mas ela o ataca com outro rosnado e Rick estremece quando o cachorro fica quieto.

Ele sai do carro rapidamente, com outra faca na mão, e vai até a mulher. Ela está distraída com a refeição e por isso é fácil ajoelhar-se sobre ela, agarrá-la pela nuca e enfiar a faca na lateral de seu crânio. Ela cede com um gemido, caindo como um peso morto quando Rick a solta.

"Rick!"

Rick olha para cima para ver Daryl parado na porta de sua casa, um olhar horrorizado em seu rosto. Rick olha para os dois corpos à sua frente e, após outro momento, se ajoelha para enterrar sua faca no crânio do cachorro também. Ele não tem certeza se os animais podem virar, mas não está disposto a correr riscos.