Montado em um Cavalo Pálido

Capítulo 34

Rick fica de guarda enquanto Daryl conta a Carol o que aconteceu com seu marido. Ela cai de joelhos, com as mãos na boca enquanto chora, e ele vê Daryl ficar parado por um momento estranho, antes de se agachar na frente dela e lhe entregar uma única flor branca. Ele diz algo que Rick não consegue ouvir e, embora Carol ainda esteja chorando, ele a vê dar um sorriso fraco e aguado.

Quando ele volta, seus olhos estão vermelhos nas bordas e ele pigarreia sem jeito. "Ela não quer que tragamos o corpo dele de volta", diz ele, empurrando a alça da besta ainda mais para cima do ombro, em um gesto ansioso. "Eu preciso... preciso ir a algum lugar."

"Sozinho?" Rick pergunta.

Daryl assente. "Com você."

Rick sorri levemente e acena com a cabeça, seguindo Daryl pela floresta. Eles não vão na mesma direção do corpo de Ed, mas desviam como se estivessem indo para uma rodovia. As árvores se erguem para cumprimentá-los e engoli-los inteiros e logo Rick não consegue ver nenhum vestígio da fazenda Greene através da folhagem.

Daryl chega ao local onde eles colocaram copos vazios em um tronco para Rick praticar tiro. Ele para, solta um rosnado baixo e abaixa a besta. Rick o observa, com os ouvidos abertos para qualquer sinal de zumbis se aproximando, mas seus olhos estão fixos na maneira como os músculos de Daryl, tensos e irritados, se movem sob sua pele.

"O que era aquela flor?" ele pergunta.

Daryl zomba. "História que ouvi uma vez", diz ele. Ele olha para Rick por cima do ombro e depois volta a olhar para o tronco. "Trilha das lágrimas da mãe, elas caíram e cultivaram flores. Achei que era o tipo de merda sentimental da qual ela poderia obter algum conforto."

"Só Carol?" Rick pressiona, dando um passo à frente.

Daryl se endireita e olha para ele. "Sim", ele responde, agressivamente. "Só Carol."

"Você não acha que Sophia está viva."

Daryl pressiona os lábios e desvia o olhar. "Eu conheço as probabilidades", diz ele. "Eu consegui quando tinha oito anos na floresta, mas não tinha caminhantes para lidar. Então... eu sei as chances. Ela também. Não importa."

"A esperança é uma coisa poderosa", Rick oferece. "Seria errado abusar disso."

"Você está tentando começar uma briga comigo?" Daryl diz, jogando os braços para os lados e levantando os olhos para encontrar os de Rick novamente. "Não tente me psicanalisar. Já ouvi o suficiente disso de todo mundo." Rick encontra seu olhar com firmeza e Daryl desaba abruptamente com uma bufada. "Não quero falar sobre a morte de crianças", acrescenta ele calmamente.

"Ok," Rick diz, dando mais um passo à frente até poder tocar Daryl. "Você quer conversar?"

Daryl encontra seus olhos, pronto, como um tigre medindo a distância entre ele e sua presa. "Na verdade não", ele responde. Rick acena com a cabeça e aperta os lábios, suas mãos encontrando os braços de Daryl e deslizando até seus ombros. Daryl solta outro suspiro trêmulo e se inclina contra ele, testas se encontrando, narizes batendo juntos, antes de Rick o beijar.

Rick quer desesperadamente falar com ele, encontrar algumas palavras tranquilizadoras que possam acalmar a mente de Daryl e acalmar a tensão em seus braços. Porém, nada lhe vem à mente – a morte não lhe concede as palavras de que precisa e ele não consegue inventá-las sozinho. Não que isso pareça importar; Daryl parece querer roubar o ar dos pulmões de Rick e todos os pensamentos conscientes de sua mente.

Daryl empurra seus ombros e as costas de Rick batem no tronco de uma árvore forte. Ele sente a casca desmoronar sob seus músculos, mordendo sua pele através da camisa. As mãos de Daryl deslizam para seus flancos para mantê-lo firme enquanto Daryl se posiciona contra o peito de Rick.