Invasão

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Gustavo:

Nos separamos pela manhã com muito custo, Ana foi para o hotel que a produção havia locado pra ela, que ficava mais próximo da localização do show e eu fiquei na cama ouvindo mais uma vez as palavras da Giana de semanas atrás "você tá fodido".

Agora eu já podia admitir pra mim mesmo que eu estava sim fodido.

As coisas não iam ser fáceis, apesar da Ana gostar do que a gente tem ela expusera grande parte de seus medos e todos eu entendia, mas entender não tornava tudo mais fácil. 

Ela fez questão de avisar que ia adiantar tudo o que tivesse para assistir meu show que seria antes do dela. 

Cheguei próximo a hora marcada para o shows, nossos camarins eram próximos, então fui direto para o camarim dela. Bati na porta e Rudi abriu. 

Rudi: — Oi. — Ele cumprimentou animado.

Gustavo: — Oi. — A Ana se virou assim que ouviu minha voz sorrindo. 

Ana: — Como é bom ser homem né, acabou de chegar e já ta pronto — Reclamou me vendo pronto enquanto ainda se maquiava. 

Conversamos em seu camarim, sua equipe era muito divertida, Rudi principalmente era muito engraçado e parecia ter um carinho enorme por ela, muito além da função que exercia. 

Logo precisei voltar para o meu camarim para fazer toda a parte dos atendimentos e quando acabei foi a vez dela realizar os atendimentos. 

Fui para o palco e só depois que já tinha começado a segunda música que vi ela cantando animada no fundo do palco, sorri com a cena. Ela facilmente podia ser confundida com alguma fã comum de tanto que gritava todas as minhas músicas.

É isso que me encanta na Ana, o quanto ela é tão única, tão ela. Eu não conseguia imaginar nenhuma das últimas mulheres com quem eu fiquei se divertindo tanto assim em um show meu.

Chegando no meio do show quando começo meu medley de músicas antigas Country, enquanto tocava um solo de guitarra, ouvi o público gritando muito encarando minhas costas.

Quando me virei para entender do que se tratava, vi Ana se aproximar sorrindo com seu chapéu nas mãos e colocando em minha cabeça na sequência.

Sorrio feito bobo enquanto a plateia grita muito, tão feliz com a presença dela ali quanto eu, por um momento chego a pensar que é arriscado, mas logo afasto os pensamentos. 

Ela começa a dançar e me avisa que não sabe cantar a música.

Eu só conseguia sorrir em reação.

Na música seguinte ensinei ela o ritmo das palmas e ela seguiu sorrindo. Logo a música saiu das palmas, coloquei a guitarra para trás e puxei ela para dançar comigo.

Não sei explicar o quanto eu estava feliz ali como chapéu dela na cabeça e dançando com ela, queria congelar aquele momento em que parecíamos estar em um mundo só nosso, mesmo com milhares de pessoas nos assistindo.

Ter ela ali comigo fazendo a coisa que eu mais amo no mundo, deixava tudo perfeito. 

Assim que o medley acabou, ela se despediu me dando um beijo na bochecha e pegando seu chapéu de volta, suspirei vendo ela sorrir.

Precisei me esforçar para sair do nosso mundo paralelo, enquanto ela voltou para o canto para terminar de ver o show com a mesma animação do início. 

Quando chegamos em Contramão eu aproveitei pra dar uma mudada nos discursos que eu normalmente faço para adicionar algumas coisas. 

Tem algum emocionado aqui em Praia grande?
Pra você ver, umas 10 pessoas levantaram a mão, nós estamos em extinção.
Eu sei que as coisas hoje em dias não estão fáceis para os emocionados e que muitas vezes a gente se declara e aparece uma parede de sentimentos do outro lado. 
Mas não desistam do amor, não lutem contra ele porque não adianta.
O amor é egoísta, ignorante e faz tudo na hora quer.
Ele vem na hora que ele bem entende.
O amor de verdade ele vem sempre assim, na contramão. 

Só Não Deixa SaudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora