Gustavo - Ressaca

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A noite foi ótima, o Luan e os outros amigos que Ana me apresentou eram pessoas bem divertidas, juntando com o álcool que bebi, tudo ficou mais divertido ainda.

Quase todo mundo conhecia a Ana na Folks, era como um escape pra ela de toda a loucura que a vida dela havia virado. Era um dos poucos lugares em que ela poderia ser ela mesma. Quando me dei conta disso percebi que era um passo bem grande pra ela, me apresentar pra sua família já era algo grande, mas a junção de me trazer aqui tornava tudo ainda maior.

Cantamos, bebemos, a Ana dançou com as amigas, dançamos a coreografia quando tocaram Pipoco e após beber muito fomos para casa da Ana. 

Assim que acordei percebi que o álcool ainda devia estar no meu corpo porque tudo girava. 

Eu não sou o tipo que perde a memória quando bebe, mas dessa vez confesso que algumas coisas ficaram borradas na minha cabeça.

Eu me lembro de ter dançado muito, o que já era um ótimo sinal que eu havia passado de todos os meus limites alcoólicos e só isso já foi o suficiente pra me fazer me arrepender de ter bebido tanto, mas algo me dizia que não era só isso... Eu sentia que uma parte, importante da noite tinha se apagado e eu não conseguia lembrar de jeito nenhum. 

Desisti de lembrar e parei pra encarar a Ana que dormia tranquilamente no meu peito, sorri vendo ele dormir profundamente. Logo outro medo invadiu meus pensamentos. Era a primeira vez que eu estava aqui em sua casa e eu fiquei em um estado lamentável. Eu não me lembrava de ter visto os pais dela na volta da Folks e ia rezar pra que realmente eles estivessem dormindo. 

Tentei sair do abraço sem que ela acordasse pra poder ir ao banheiro, mas ela acabou acordando. 

Ana: — Ta tudo bem? Ta passando mal? — Perguntou preocupada.  

Gustavo: — Ta tudo bem, sim, por quê? — Respondi com as sobrancelhas unidas. 

Ana: — Você é um bêbado estranho, eu a essa hora já teria colocado toda a bebida pra fora. — Contou antes de me beijar rapidamente. — Bom dia, gatinho! — Disse antes de sorrir. 

Gustavo: — Bom dia, gatinha! — Respondi sorrindo de volta.   

Levantei pra escovar os dentes e quando voltei Ana me encarava com a feição de quem queria dizer alguma coisa, poderia jurar até que queria rir de algo. 

Gustavo: — O que foi? — Perguntei, desistindo de esperar ela falar. 

Ana: — Você lembra de tudo de ontem? — Ela perguntou ainda parecendo uma criança que queria aprontar algo. 

Gustavo: — Eu lembro a maioria das coisas... Eu acho, o que foi? — Perguntei tentando me forçar a lembrar, mas nada de diferente do que eu já lembrava apareceu. 

Ana: — Você lembra da gente voltando pra casa? — Ela perguntou ainda querendo rir. 

Gustavo: — Lembro só da gente entrando no carro, por que Ana? — Perguntei ficando preocupado.

Ana: — Você chorou Gu... — Ela disse antes de começar a rir muito. 

Gustavo: — Quê? Impossível! — Rebati enquanto ela ria.

Ana: — Eu também não acreditei na hora. — Me provocou rindo.  

Gustavo: — Chorei por quê? — Não fazia o menor sentido, eu não me lembrava de ter chorado, ela só podia estar brincando. 

Ana: — Eu não entendi direito. — Disse entre a gargalhada. — Mas foi algo sobre a gente ter que ir embora, você disse que não queria estragar meu role. 

Gustavo: — Maldita bebida. — Reclamei enquanto ela gargalhava, para me vingar, pulei por cima dela, segurei seus braços e comecei a fazer cocegas. 

Ana: — Não Gu! Chega! — Pediu entre as gargalhadas. — Eu vou parar de rir, prometo.

Gustavo: — Vamos fingir que isso nunca aconteceu? — Pedi, soltando seus braços, vendo ela colocar a mão atrás das costas e cruzar os dedos em sinal de que não cumpriria a promessa. 

Ana: — Vamos! — Disse tentando segurar o riso, eu desisti e só aceitei que ela vai me perturbar com essa história pro resto de nossas vidas.

Descemos para tomar café, Michele já nos esperava com um café da manhã para um time de futebol inteiro. Eu não tinha ideia se ia conseguir comer, apesar de estar bem, a sensação leve de ressaca me deixava estranho, quase enjoado. 

Só Não Deixa SaudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora