Armário

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A bolsa abaixo de seus olhos já estavam escuras em nível preocupante. Sua pele ainda mais pálida que o normal o deixavam com o aspecto mortiço e a magreza agora perceptível deixavam claro sua má alimentação.

Draco socou o armário resmungando em raiva. Estava a duas semanas tentando consertar o maldito móvel e nada.

Sua magia e esforço parecem ser motivo de piada ao objeto de madeira. Já estava achando que aquilo era perda de tempo. Talvez devesse mudar de plano. Mas isso arruinaria o possível progresso que tivesse feito, levaria ainda mais tempo e, Draco tinha que concordar, era uma ideia incrível.

Ele suspirou cerrando o punho e mordendo os lábios na tentativa de conter a raiva. Sentia seu coração bater como um louco, seu sangue fervendo o implorando para que ele faça parar. Sua mente uma bagunça barulhenta que apenas gritava e gritava que deveria fazer alguma coisa. O loiro não conseguia não olhar para o armário que se tornou o culpado por suas noites em claro, ele não conseguia nem piscar, esperando, desejando, implorando pra que algo aconteça.

Draco sentiu o gosto amargo e ferroso do sangue em sua língua, suas unhas lascadas e mal cuidadas machucando sua palma o mantendo acordado. O platinado não conseguia se mover, queria muito, tudo em si queimava para que o fizesse, para que desistisse ou apenas extravasasse o cansaço e ódio acumulado.

Ele sentiu sua vista tremer em tons escuros e seus olhos pesarem, seu corpo se tornando leve e instável. O Malfoy cravou os pés no chão, respirando lentamente tentando manter o controle. Seu coração deu um salto, acelerando mais a medida que ele encarava imóvel o armário, não aconteceria nada.

E foi como um estalo, Draco chorou. Um soluço rasgando a garganta enquanto ele ia de encontro ao chão, socando a pedra, enquanto gritava para que algo acontecesse.

Tinha que acontecer algo, seu tempo estava acabando e ele não queria morrer. Não queria ser o culpado da morte dos pais, não queria, não queria. Ele apenas queria ser respeitado, queria mostrar a todos o como ele era superior, estando ao lado do grande lorde das trevas. Draco sentiu a respiração falhar e a mãos tremerem, ele ainda olhava o móvel de madeira. Por que nada dava certo? Porque o maldito armário não funcionava? Por que caralhos as coisas estavam tão difíceis?!

Ele mordeu a parte superior da mão tentando se controlar. Não podia perder o controle, aquilo tinha que funcionar. Draco arfou ao pressionar a mão machucada no chão na intenção de se levantar. Assim como ignorou o sangue por ter socado a pedra, também ignorou o roxo quase esverdeado que sua mordida causou. O armário, o armário, Draco andou até ele.

Ele não ligava mais. Tinha que ficar vivo, tinha que colocar os comensais dentro de Hogwarts, tinha que salvar os pais. Ele iria conseguir. O loiro se apoiou no objeto de madeira e abriu as portas do armário, e quase se arrastando se colocou dentro dele. O plano era simples, usaria o máximo de magia possível e rezaria a Merlin para que desse certo.

Suspirando, ele meio trêmulo fechou as portas, ficando no breu escuro. Draco fechou os olhos, sua varinha fortemente agarrada a sua mão direita. Ele respirou fundo e forte, tentando conter a ansiedade e medo, seus lábios se entreabriram e ele proferiu em latim feitiços que agora eram sua última esperança.

A luz da magia iluminou o cubículo e o Malfoy sentiu o espaço aquecer. Ele abriu os olhos, um sorriso torto e quase psicótico, Draco poderia chorar, ele realmente poderia.

Mas então, nada mais acontece. Não tem mais calor, nem luz. Draco olha ao redor confuso, seu coração caindo e acelerando. Sentia a mente entrar em combustão tentando achar uma resposta. Tentou empurrar as portas mas agora elas pareciam ser feitas de chumbo. Ele sentiu o peito queimar, sua respiração entrecortada o deixando zonzo. O loiro socou a porta, se jogou nela, fazendo pressão para que abrisse e nada. Draco sentiu seu corpo perder a força, ele sentia que podia desmaiar. Sua respiração ofegante e as lágrimas no rosto não o ajudavam a pensar, suas mãos agora em uma cor quase preta o imploravam pra parar. Draco não conseguia.

Fora da Realidade - Draco Malfoy Onde histórias criam vida. Descubra agora