𝟏𝟏. 𝐀𝐦𝐢𝐳𝐚𝐝𝐞𝐬 (𝐢𝐫)𝐫𝐞𝐚𝐢𝐬.

312 47 21
                                    

Os dias passaram e Reiner, apesar das ameaças de Annie, continuou encontrando-se com Jade. Agora, ele não se importava em esconder seus sentimentos pela garota. Eles passavam praticamente todo o tempo juntos, desde o café da manhã até a hora de dormir. Isso gerava comentários maldosos entre alguns cadetes, que Reiner ignorava. No entanto, esses comentários e boatos feriam os sentimentos de Jade, que tentava disfarçar seu sofrimento.

Certo dia, enquanto se exercitava no campo de treinamento, a jovem foi cercada por um grupo de garotos que a xingaram.

- Você é uma cadela! Cadela! - gritou um dos rapazes enquanto os outros a seguravam pelo braço.

- Por que vocês não vão brincar de alimentar os titãs? Me deixem em paz! - disse ela, conseguindo se soltar e correr para longe.

Enquanto corria, lágrimas inundaram os olhos de Jade e escorriam por seu rosto. Ela sentia uma profunda tristeza. Não entendia mais o motivo de tanto ódio contra ela. Desde que começou a passar mais tempo com Reiner, Jade mudou seu comportamento e tornou-se mais gentil com as pessoas ao seu redor. Ela já havia se desculpado por sua antiga forma de agir. Então por que ainda era tratada daquela maneira? Não suportava mais as ofensas e humilhações.

Quando sentiu que estava longe o suficiente, Jade caiu de joelhos no chão, ofegante por ter corrido tanto. Seu coração estava acelerado e ela sentia um gosto salgado nos lábios, resultado das lágrimas misturadas ao suor que escorriam pelo seu rosto. Maguada e chateada pelo que aconteceu, Jade não conseguia parar de chorar nem controlar sua respiração desregulada. Só podia abraçar o próprio corpo em busca de apoio. Sua vontade era morrer ali mesmo, não importando o quão dolorosa e cruel fosse sua morte. Jade só queria sentir o doce beijo da morte, acreditando que assim seu sofrimento terminaria.

"Cadela", "vadia", "meretriz" e "safada". Essas eram algumas das ofensas que Jade passou a sofrer desde que começou a passar mais tempo com Reiner, e ela nunca soube explicar o motivo disso. Ela deixou claro ao loiro que não tinha planos de ter relações sexuais enquanto ainda eram jovens e não podiam arcar com as consequências. Além disso, poderiam ser apenas boatos espalhados por pessoas que não a suportavam devido ao seu antigo comportamento. Ela entendia um pouco desse ódio, mas ainda doía, mais do que ela podia suportar.

Encolhida e abraçada a si mesma, Jade ouviu passos atrás dela e um breve sorriso se formou em seus lábios, imaginando que fosse Reiner. Mas ao virar o pescoço para olhar, percebeu que não era quem esperava.

- Bertholdt...? - perguntou ela, confusa.

- Eu te vi correndo para cá e vim verificar se está tudo bem com você. - respondeu o moreno, aproximando-se dela e sentando ao seu lado.

- Ah... entendi... - sussurrou Jade, desfazendo o sorriso e voltando à sua expressão triste.

Percebendo que a garota estava triste com algo, Bertholdt decidiu ficar ao lado dela para descobrir o que havia acontecido, temendo que ela não lhe contasse nada se fingisse estar tudo bem.

- Quer me contar o que aconteceu? Você sabe que pode confiar em mim, Jade. - disse Bertholdt, colocando a mão no ombro da jovem.

- Sim, eu sei... Mas... é que eu não sei por onde começar... - balbuciou Jade, sentindo um nó na garganta, impedindo-a de falar o que queria.

- Entendi... Olha, se não conseguir me contar nada, podemos apenas ficar aqui, em silêncio. Você pode chorar o quanto quiser, vou ficar aqui para te consolar. Não se preocupe.

- Obrigada, Berth... - sussurrou a jovem, encostando a cabeça no braço do rapaz ao seu lado.

Sabendo do destino que Jade teria caso Reiner não se afastasse dela, Bertholdt sentiu que deveria aproveitar os poucos momentos que tinha ao lado dela. Sua amizade com ela não era tão próxima quanto a que ela tinha com Reiner, mas ainda assim eram próximos. Ele sabia que era um dos poucos que Jade considerava um verdadeiro amigo e, mesmo assim, não se sentia digno de sua amizade. Afinal, ele era um dos culpados pelo que aconteceu há cinco anos.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Onde histórias criam vida. Descubra agora