𝟒𝟏. 𝐎 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨 𝐝𝐞𝐥𝐚.

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Dois meses se passaram desde a batalha em Shingashina e a retomada da Muralha Maria, que foi bem-sucedida. Após retornarem a Trost, Jade foi levada para uma cela no subsolo, onde foi detida para se recuperar e cumprir uma pena de dois meses determinada pela nova comandante da tropa de exploração, Hange Zöe. Segundo o que a garota soube durante uma conversa, apenas algumas pessoas da tropa estavam cientes de sua traição, portanto não haveria revolta caso fosse vista.

Jade não sentia vontade de conversar com ninguém. Ela permanecia sentada em sua cama, com as costas apoiadas na parede fria, olhando para um canto aleatório de sua cela e ignorando as perguntas da comandante. A paciência da mais nova estava se esgotando, mas Hange entendia o motivo pelo qual ela agia assim: Jade estava cansada, exausta, desolada e solitária. Era compreensível que ela se sentisse dessa forma, especialmente após tudo o que aconteceu.

Jade não conseguia chorar, nem sequer esboçar qualquer tipo de reação. Ela estava morta por dentro. As últimas lágrimas que conseguiu derramar foram quando viu Bertholdt chorar e se debater nas mãos de Armin, na forma de um titã irracional. Seu amigo gritava por todos os nomes possíveis, até mesmo se humilhou ao pedir ajuda de seus antigos companheiros, que não fizeram nada além de assistir sua morte brutal. Um sentimento de inutilidade percorreu todo o seu corpo ao ver Hoover ser devorado enquanto permanecia com as mãos e pés amarrados, suplicando para que o loirinho não fizesse aquilo, embora fosse impossível para o titã entender alguma coisa.

Desde então, o rosto aterrorizado de Bertholdt e o corpo quase que destruído de Reiner assombram suas noites em forma de pesadelo.

- Pelo visto, você não vai abrir a boca e parece estar presa em um transe. Não conseguirei obter nenhuma informação assim... Não posso fazer mais nada, vejo-me na obrigação de retirá-la deste lugar. - ditou a comandante, retirando uma chave do bolso de seu sobretudo.

- Que assim seja... - murmurou ela, ainda quieta em seu lugar, evitando contato visual com Zöe.

- Fleury, você sabe por que mantivemos em sigilo a sua traição? - indagou para a mais nova, finalmente abrindo a cela e dando espaço para que ela saísse.

- Não faço a mínima ideia. - respondeu, levantando-se e dirigindo-se à saída, bem lentamente.

- Erwin acreditava que um dia você voltaria e traria informações extraordinárias do mundo lá fora. Ele ordenou que tudo fosse mantido em segredo, caso contrário, todos se voltariam contra nós, do Reconhecimento. Não aceitariam que tratássemos uma traidora como igual. Agora, mais uma vez, peço-lhe que conte tudo o que sabe.

- Eu contarei tudo o que sei, mas com uma condição. - Jade adotou uma postura reta.

- Sua reputação não é das melhores para exigir uma condição ao cumprir sua obrigação, mas tudo bem. Diga-me, jovem, o que você deseja? - questionou a mulher, cruzando os braços.

- Quero ver Annie. - fez sua exigência e voltou a ficar quieta, aguardando a resposta de sua superiora.

Hange ficou surpresa com o pedido da garota. Imaginava que ela exigiria dinheiro ou um cargo importante, mas acabou sendo algo simples. Assim, ela concedeu permissão.

[...]

Com a companhia de Levi e Hange, Jade foi conduzida até onde sua amiga estaria, porém não receberam informações sobre as condições em que Annie se encontrava. Queriam que Jade visse e descobrisse por si mesma, esperando que isso pudesse desencadear sua disposição em revelar tudo o que sabia sobre o país inimigo. Seus passos eram apressados e desajeitados, pois estava ansiosa e esperançosa para ver como sua amiga estava. Precisava abraçá-la e lamentar por tudo o que Annie havia passado enquanto vivia em Marley, sujeita a opressão e discriminação.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Onde histórias criam vida. Descubra agora