❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.

𝟑𝟕. 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨𝐬 𝐩𝐞𝐜𝐚𝐝𝐨𝐬.

Dois dias após a conversa entre Ymir e Jade, a morena foi atacada por Porco Galliard, que agora ostentava o título de portador do Titã Mandíbula. A jovem de cabelos claros estava entristecida pela perda de sua amiga, mas não deixou que isso transparecesse, pois compreendia que esse era o destino escolhido por Ymir. Nesse momento, Fleury sentia-se mais solitária do que nunca. Nem Reiner, nem Bertholdt tinham tempo para estar ao seu lado, o que não lhe importava mais. Ambos eram guerreiros prestes a retornar a Paradis para recuperar o Titã Fundador, e era compreensível que estivessem ocupados.

Apesar das solicitações de seu namorado para permanecer em casa e sair apenas na sua companhia, Jade decidiu aventurar-se sozinha para dar um passeio por Libério, utilizando parte do dinheiro que "emprestou" da carteira de Braun. Vestiu uma blusa branca e uma calça marrom, além de calçar um par de botas presenteado por Karina. Ela deliberadamente ignorou a braçadeira, deixando-a de lado. A jovem não estava disposta a usar a braçadeira maldita para se identificar, considerando ridículo que os eldianos fossem obrigados a fazê-lo.

Para evitar atrair a atenção de qualquer pessoa na residência, Jade saiu lentamente pela porta da frente, mas acabou surpreendida por Gabi, que lhe questionou sobre seu destino.

- Gabi! Que susto! O que faz aqui, fedelha? - indagou Jade, com uma das mãos sobre a maçaneta.

- Esta é a minha casa. - respondeu a mais jovem, franzindo o cenho.

- Ah, verdade... Bem... eu estava prestes a dar um passeio, gostaria de me acompanhar, baixinha? Poderíamos aproveitar uns momentos daora, e tenho algum dinheiro aqui.

- Onde está a sua braçadeira? - Gabi questionou, expressando uma leve desconfiança.

- Braçadeira? Acha mesmo que eu me submeteria a esse papel tolo e usaria aquela droga? De jeito nenhum. Aliás, você também deveria considerar o meu exemplo e prescindir da sua.

- Minha existência pode não ser das mais privilegiadas, entretanto, sinto gratidão por estar viva. Não vale a pena correr riscos apenas para exibir uma postura de rebelde. Pode seguir sozinha... e, por favor, evite causar problemas, uma vez que as consequências recairão sobre meu primo.

A surpresa invadiu Jade ao perceber a seriedade e maturidade que a jovem Gabi demonstrava, o que lhe causou um ligeiro pesar, imaginando as razões pelas quais uma garota de apenas 8 anos adotaria um comportamento tão pouco condizente com sua idade. Desde que passara a residir na casa de seu namorado, Jade notara que raramente via Gabi envolvida em brincadeiras ou em atividades próprias de sua idade. Pelo contrário, nos momentos em que se cruzavam, a mais jovem geralmente estava estudando ou praticando exercícios, uma conduta que intrigava Fleury.

Antes de partir, a moça de cabelos claros meditou sobre a pertinência de usar a impopular braçadeira, que tanto a incomodava. Não desejava acarretar problemas para Reiner e sua família, e a maneira mais eficaz de manter a tranquilidade era, de fato, adotar aquele distintivo amarelo no braço. Contra sua própria vontade, ela tomou essa decisão.

[...]

Caminhava serenamente pelas vias de Libério, lançando ocasionalmente breves sorrisos para as pessoas que cruzava, ainda que sua atitude fosse frequentemente recebida com olhares de surpresa. Não se abalava com tais reações e prosseguia com seu percurso de maneira tranquila. Retirou algumas notas de dinheiro do bolso da calça e se dirigiu a uma barraca de comida, visto que há algum tempo desejava experimentar a culinária local.

Parou diante da modesta banca e, mesmo hesitante, reuniu coragem para saudar o proprietário, evitando constrangimentos.

- Boa tarde... O que é isso? - indagou ela, observando uma pequena embalagem.