❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.

𝟒𝟐. 𝐃𝐞𝐬𝐜𝐨𝐛𝐞𝐫𝐭𝐚𝐬 𝐞 𝐫𝐞𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬.

Por impulso, Levi tomou a carta das mãos de Jade e leu o seu conteúdo, ficando extremamente chocado com o que acabara de descobrir: Jade era uma Ackerman, não uma parente distante como Mikasa, mas sim sua prima. Isso não poderia ser verdade! Como Kenny pôde ter sido tão irresponsável a ponto de ter uma filha e abandoná-la no mundo? Era inacreditável o que aquele velho tinha feito, ainda mais por ter dado uma desculpa tão idiota para não criar a criança. Mas, tratando-se daquele homem, Levi só conseguia pensar na quantidade de filhos que seu tio deve ter abandonado por aí.

Olhou de canto para a mais nova e percebeu as lágrimas que a garota derramava, ainda surpresa com o que havia acabado de descobrir através de uma carta vinda de uma pessoa desconhecida, uma oportunidade que nunca mais teria. Antes de saber sobre seu parentesco com Fleury, o capitão sentia apenas ódio e desejo de vingança, como se quisesse enfiar uma faca em sua garganta em memória de seus companheiros mortos no resgate de Eren e na retomada da Muralha Maria. Mas agora... Levi só conseguia sentir pena.

- Minha vida, ela... sempre... foi uma mentira..? - perguntou a si mesma, colocando suas mãos nas laterais da cabeça.

- É o que parece. - respondeu o capitão, fitando-a com atenção, buscando semelhanças entre a jovem e seu falecido tio.

- Meu irmão era meu tio... Minha mãe faleceu no momento do parto... e meu... pai..? Eu nem sei quem esse homem era... - disse Fleury, chorando e rindo simultaneamente, com parte de sua sanidade mental se dissipando.

- Ei, pirralha. Não tenho tempo para lidar com suas lágrimas. Recomponha-se.

As palavras proferidas pelo capitão causavam-lhe profunda angústia, porém, ela se resignava à impossibilidade de contestá-las, pois reconhecia merecer tal tratamento, seja por parte dele ou de qualquer outro. Era justo ser tratada com desprezo e até mesmo sofrer castigos, uma vez que havia traído a confiança de todos, sendo essa a mera consequência de seus atos. Com delicadeza, a jovem de cabelos claros ergueu seu rosto para encarar o semblante irritado do homem, evidenciando o incômodo da situação em que se encontravam.

- Você já sentiu uma súbita onda de força tomando conta de seu corpo?

- Quando eu era criança, eu enfrentava problemas com os filhos dos meus vizinhos... Em um dia, eles tentaram me cortar com um pedaço de vidro porque eu não quis entregar o dinheiro que Austin havia me dado. Eu lembro de sentir uma enorme força surgir dentro de mim, fazendo com que eu partisse para cima daqueles moleques. Dois deles ficaram gravemente feridos, enquanto os outros três fugiram apavorados. Desde aquele dia, notei que possuo uma força sobrenatural, além do normal humano... Mas talvez seja somente uma impressão minha. - contou Jade, reflexiva sobre o assunto.

Levi ficou surpreso com aquela narrativa e impressionado com a precisão do DNA Ackerman, o que explicava por que sua família havia sido uma poderosa aliada do rei dentro das muralhas, servindo como guerreiros leais que protegiam seus superiores. No entanto, ele se perguntava qual era o verdadeiro motivo de apenas eles possuírem tal poder. Talvez, com o tempo, a verdade sobre a origem de suas habilidades viesse à tona, considerando as muitas descobertas que estavam sendo feitas. Poderia levar tempo, mas eventualmente a verdade seria revelada.

- Jade. - chamou sua prima, colocando uma mão em sua cabeça e acariciando-a.

- Sim? - ela olhou curiosa para ele.

- Você estará sob minha proteção.

A Fleury nada disse, apenas o encarou com a boca entreaberta e os olhos levemente arregalados. Estava surpresa com tamanha gentileza proveniente daquele homem que ela considerava frio e insensível. No entanto, agora as coisas pareciam diferentes. Um breve sorriso surgiu em seus lábios, corando suas bochechas. Ao presenciar aquilo, Levi também sorriu brevemente para sua agora família.