𝟒𝟖. 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐚̃ 𝐀𝐜𝐤𝐞𝐫𝐦𝐚𝐧.

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Desde que seus amigos foram conduzidos ao subsolo para serem mantidos em cativeiro, Jade permaneceu com eles, mas apenas para vigiá-los e assegurar que não tentassem se rebelar ou escapar. Encostada naquela parede fria e suja, podia sentir os olhares furiosos de Jean e Connie direcionados a ela, e fazia o possível para ignorá-los, apesar de ser uma tarefa difícil. Ela queria pedir desculpas, mas compreendia que, em troca, receberia insultos e inúmeras perguntas sobre a razão por trás de sua questionável decisão.

- Se continuar me encarando assim, pelo menos diga o que está pensando. - ditou a mulher de cabelos claros, arqueando uma de suas sobrancelhas enquanto se aproximava das grades da cela.

- Sinceramente, prefiro não perder tempo com pessoas do seu tipo.

- Poxa, Jean... Vai continuar me tratando assim? Eu sei que errei, mas tomei essa decisão pelo bem de todos nós, eldianos. - tentou se justificar e apelar para o lado emocional da situação, simulando tristeza.

- Não adianta fazer essa cara, Fleury. Sempre soubemos que você cometeria um erro desse tipo, apenas não esperávamos que fosse dessa maneira... Você conseguiu enganar todo mundo, meus parabéns. - declarou Connie, desta vez expressando seus pensamentos e dando um ultimato à sua amiga.

Jade arregalou os olhos e permaneceu em silêncio, sem saber como poderia suavizar sua situação. A única ação que conseguiu realizar foi abaixar a cabeça e se afastar da cela, retornando ao local onde estava anteriormente. Aquelas palavras eram como facadas, destinadas a deixar cicatrizes eternas em seu coração, e ela reconhecia que merecia todo o desprezo de seus amigos. Vacilar com eles estava se revelando o preço a ser pago por tê-los traído daquela maneira. Como fizera há muitos anos, quando se sentia sozinha, Jade abraçou-se firmemente em busca de conforto.

- Mesmo que não acreditem, estou fazendo isso pelo bem de todos.

- Envenenar nossos companheiros com fluido espinhal foi para o bem deles? - questionou Mikasa à sua colega, lançando-lhe um olhar preocupado e angustiado.

Novamente, a mulher de cabelos claros permaneceu em silêncio, esforçando-se para não chorar diante de todos os presentes. Ela teve a sorte de Yelena aparecer e redirecionar a atenção de seus colegas, fazendo com que deixassem de focar em Jade e passassem a ouvir a loira mais alta. Yelena chegou acompanhada por mais dois homens, Onyankopon e Griez. Os três iniciaram uma conversa com os prisioneiros, discutindo sobre o vinho e outros assuntos que haviam sido mantidos em segredo de todos, o que rapidamente levou a uma discussão.

Ignorando a briga insignificante e o recente assassinato ocorrido no local, Jade estava absorta em pensamentos, imaginando como seria uma vida diferente daquela que levava, em um lugar tranquilo e belo, como uma casa no campo. Às vezes, sua imaginação a transportava para uma casinha simples, onde viveria com um bom marido e dois filhos, possivelmente alguns gatos e um cachorro. Nessa vida, não precisaria se preocupar com guerras, titãs, Marley ou Eldia; teria apenas sua família para ocupar seus pensamentos. Desde que conheceu o mar, ponderou se seria uma má ideia construir uma casa de frente para ele, embora estivesse mais distante das civilizações em Paradis, o que resultaria em poucas visitas. No entanto, isso era exatamente o que desejava.

Seria apenas ela, seu marido, filhos e animais de estimação, levando uma vida pacífica. Uma vida na qual ninguém poderia obrigá-la a fazer coisas que não desejasse, como dar vinho envenenado para seus amigos ou matar pessoas que não tinham culpa dos atos de seus antepassados. Em breve, Reiner estaria presente, e os dois teriam que lutar até a morte, um contra o outro. Seria um desafio lançar uma lança do trovão em sua nuca, mas isso se tornaria uma necessidade. Além disso, se não fosse ela a fazê-lo, outra pessoa o faria, e Fleury preferia ser a responsável por tirar a vida de seu amado.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Onde histórias criam vida. Descubra agora