𝟓𝟏. 𝐘𝐞𝐥𝐞𝐧𝐚 𝐞𝐱𝐩𝐨̃𝐞 𝐚 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞.

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Após todos finalmente se reunirem, Hange os conduziu até um pequeno acampamento improvisado, preparado por ela, Magath e Pieck. Eles passariam a noite ali para se alimentar e descansar. No dia seguinte, planejavam partir em direção a Eren e tentar persuadi-lo a interromper sua ação destrutiva. Jade e Jean trocaram olhares durante a discussão acalorada entre o castanho e o mais experiente deles. De alguma forma, ela percebeu que seu "namorado" lançava algumas indiretas em suas palavras, o que a afetava involuntariamente. O clima estava tenso, não apenas devido ao conflito em questão, mas também pela forma como o casal se encarava. Todos notaram que algo estava errado entre os dois, mas optaram por manter o silêncio e encerrar a discussão entre Kirstein e Magath.

Para aliviar a aflição que sentia em seu peito diante da situação, Fleury se ergueu e dirigiu-se à carroça onde Levi estava dormindo. Seu coração se partiu ao vê-lo de perto, percebendo o quão gravemente seu primo estava ferido. Sentia-se profundamente culpada pelo estado do Ackerman mais velho. Com cuidado, acariciou sua testa e sussurrou desculpas, expressando seu arrependimento por tê-lo feito sofrer e ficar tão ferido a ponto de não conseguir mais lutar.

- Você... é muito teimosa, Jade... - proferiu Levi, com alguma dificuldade ao falar.

- Você deve estar decepcionado comigo. - disse a jovem, entristecendo sua expressão, observando-o atentamente.

- Eu estou... mas não a culpo, você apenas fez o que achou que deveria ser feito... - ele afirmou, abrindo seus olhos lentamente, dirigindo sua atenção para sua prima.

- Hange terminou o ensopado. Gostaria de um pouco? Posso alimentá-lo, se desejar e estiver disposto a permitir que eu o faça.

- Não, não estou com fome. Vá comer, deixe-me dormir mais. - ordenou o Ackerman, fechando seus olhos novamente.

Não desejando contrariá-lo, a mulher de cabelos claros acatou simplesmente suas ordens e afastou-se dele. Ela retornou ao grupo de pessoas que se reuniam ao redor da fogueira onde um ensopado era distribuído, servindo-se de um copo do líquido e sentando-se um pouco afastada dos outros. Ela não conseguia se sentir confortável tão próxima deles, uma vez que a culpa ainda permeava seu subconsciente. Os olhares de Connie e Jean pareciam queimar suas costas, mas ela optou por ignorá-los, evitando criar qualquer conflito naquela situação crítica em que se encontravam. Era essencial que todos se unissem e cessassem as brigas, caso contrário, não conseguiriam deter Eren e seu plano destrutivo.

Yelena estava hesitante em relação à ideia de se unir à aliança e tentar deter os irmãos Jaeger. Ela afirmava que jamais se aliaría aos marleyanos. No entanto, Magath e Pieck, sem reter informações, revelaram algo surpreendente: Yelena era, na verdade, uma marleyana desiludida com Marley e havia se unido a Zeke com a esperança de se tornar uma heroína. Entretanto, seu plano havia fracassado. Todos ficaram chocados com essa revelação, incapazes de acreditar em como haviam sido enganados por essa mulher.

- Parece até que está dizendo que são diferentes de mim. O que exatamente acha que nos difere? Salvar o mundo. Existem palavras mais doces e atraentes do que essas? Vocês se entregam à nobre emoção da ideia de salvar centenas de milhões de vidas, engolindo isso como se para apagar todo o ódio acumulado até agora, como se nunca tivesse existido. É assim que parecem para mim. Lembrem-se um pouco, certo? Reiner Braun. Quantos eldianos... Acha que foram devorados por titãs quando destruiu a muralha? Infiltrando-se nas muralhas, comemorando vitórias e derrotas com seus "companheiros" daqui? Você os traiu. Os assassinou. E agora finge ser companheiro deles novamente...? Annie Leonhart. Aparentemente, você aniquilou uma quantia considerável de membros da Tropa de Exploração, sozinha. Ah, e também esmagou incontáveis moradores do Distrito de Stohess. E claro, todos vocês de Paradis foram bem corajosos lutando contra a grande nação de Marley. Nunca imaginei que alguém que aparenta ser tão sensível fosse esmagar tudo em seu caminho, até um porto naval daquele jeito... Armin. Você exibiu a todos quanta força roubou de Bertholdt Hoover. O nível de seus feitos militares se compara apenas à quantidade de fatalidades que deixou para trás, incluindo civis. Eu não sei até que ponto chegou o restante da bravura de vocês em Libério, mas vocês fizeram um trabalho impressionante em superar o numeroso exército de Marley, deixando aquele lugar coberto de sangue. Especialmente você, Jean. Você, corajosamente, atirou uma lança do trovão no Falco, aquele garoto ali, para derrotar a carroça. Graças a você ter errado por pouco... O menino continua vivo, é claro. E... Gabi, a garota ali, atirou e matou a Sasha. Sasha... Oh, que boa garota ela era... Até mesmo eu fiquei triste. Vocês todos eram como uma grande família desde o esquadrão de recrutas. Sua tristeza... E seu ódio, nem devem se comparar ao meu. - declarou Yelena, sem se preocupar com as palavras que proferia, pois estava apenas falando a verdade sem rodeios.

Todos permaneceram em silêncio, absorvendo as palavras da mulher, que não se importava com os sentimentos dos outros e estava indiferente à possibilidade de ser morta, pois era o que desejava. O clima estava tenso mais uma vez, e ninguém sabia como suavizar a situação, exceto Jean, que pediu mais um pouco de ensopado. A loira olhou para o rapaz e depois para Fleury, que permanecia calada. Logo, um sorriso diabólico surgiu em seu rosto, indicando que estava pronta para provocar novamente, e desta vez sua vítima seria Jade Fleury.

- Falei de todos, e esqueci de uma pessoa em específico... Mas sou daquele tipo que deixa o melhor para o final, se é que me entendem. - disse a mulher mais alta entre todos, apontando de forma indiscreta para a moça dos cabelos claros, que arregalou seus olhos.

"Agora, fodeu. Fodeu bastante", pensou ela, levantando-se e indo na direção de Yelena, que parecia determinada a revelar todos os segredos da mais jovem, ciente de quão satisfatório isso seria para ela mesma. A loira cruzou as pernas e apoiou suas mãos sobre elas, mantendo um sorriso voltado para Jade, que assumiu uma expressão preocupada, temendo a explosão que estava prestes a ocorrer.

- Um Ackerman costuma ser uma pessoa leal, e você conseguiu contradizer todos os princípios desse clã tão poderoso. Como se sente sabendo que tudo o que está acontecendo tem um pouco do seu dedo? Ah, querida, você é gentil, eu sei... Mas apenas quando isso lhe convém, não é verdade? Seus amigos não têm conhecimento disso, e estou pensando seriamente em contar a todos o que você propôs a Eren, o que acha disso? Portanto, senhoras e senhores, saibam que essa mesma mulher à minha frente pediu a Eren que envenenasse vocês com o vinho... Sem exceções. Ela planejava eliminar até mesmo você, Jean. Jean... Vocês se amam? Acredito que todos aqui conhecem a resposta. Você sabe que ela não o ama, mas ainda assim persiste nesse relacionamento, por quê? Porque ambos não souberam lidar com o fato de que não podem ficar com quem realmente amam. Jean, você não pôde ficar com Mikasa porque sabe que ela não se permite se envolver com outra pessoa enquanto seu "irmão" estiver por aí, quase morrendo. - contou a loira, coçando a bochecha com o dedo indicador, sentindo-se satisfeita por ver os três jovens abalados.

- Você não passa de uma vaca que enganou todos nós. Que direito você tem de apontar nossos erros? Você mentiu para todos, se fez passar por nossa amiga... - disse Jade, cerrando os punhos com força, enquanto a raiva tomava conta de todo o seu ser.

- Ainda não terminei, tenha calma... Tenho muito o que dizer. Você traiu seus amigos diversas vezes, mentiu para eles e os apunhalou pelas costas. E eu pergunto, que direito você tem de apontar meus erros? Jade, reflita. Você acha que merece o perdão destas pessoas? Desde que começamos o planejamento do ataque a Libério, você não parava de expressar o desejo de derrotar o blindado, e no final... Você não matou nenhum titã, nem mesmo militares... Jade, você matou civis e espancou duas crianças! Que transformação, que evolução... Estou impressionada com você. E agora, pergunto mais uma coisa: o que Austin diria se visse sua irmãzinha doce se tornar a mais vil e cruel das pessoas?

Jade, sem dizer nada, apenas pegou um cobertor que estava próximo e se retirou do acampamento, indo em direção à floresta. Ela torcia para que ninguém a seguisse e que a deixassem em paz, pelo menos naquela noite. Ela só desejava descansar sua cabeça depois de dois dias cheios de luta e tragédia. Caminhou tranquilamente para longe de todos e sentou-se próxima a uma rocha, apoiando suas costas ali e enrolando-se na coberta que havia pego. Abraçou o próprio corpo e começou a chorar de forma descontrolada, desejando que tudo acabasse logo. Não queria mais lutar, e após o que acabara de acontecer, havia desistido de tentar.

[...]

No meio da madrugada, Mikasa levantou-se e saiu em busca de sua colega, preocupada com seu paradeiro. Ela caminhou pela área circundante, mas não a encontrou. Logo, o desespero começou a tomar conta dela, e ela decidiu correr de volta para o acampamento. Antes de fazer isso, porém, ouviu um choro baixo vindo de trás de alguns arbustos. Receosa, a asiática se aproximou lentamente do local e, ao afastar os arbustos, deu um pequeno salto para trás ao avistar Jade. Suspirou aliviada e atravessou entre os arbustos, sentando-se ao lado de sua parente distante, ambas em silêncio.

No mesmo instante, Fleury enxugou suas lágrimas e adotou uma postura séria, contendo seu choro e voltando sua atenção para a mulher que sentou ao seu lado. As duas se olharam nos olhos, procurando as palavras certas para iniciar uma conversa normal, sem que nenhuma delas se exaltasse.

- Não temos muito tempo, em algumas horas, poderemos estar mortas, então... talvez devêssemos conversar sobre as coisas. - sugeriu Mikasa, com tristeza em seu rosto, tentando esboçar um pequeno sorriso.

- Acho que sim... - respondeu Jade, da mesma forma que sua colega.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Onde histórias criam vida. Descubra agora