𝟏𝟓. 𝐀𝐬 𝐥𝐚́𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐮𝐦 𝐆𝐮𝐞𝐫𝐫𝐞𝐢𝐫𝐨.

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Reiner ficou calado, sem reagir. Lembrou-se de Jade e de como ela estava quando Ymir apareceu com a garota nos braços: seu estado era deplorável. O cabelo bagunçado, o corpo cheio de arranhões e, pior ainda, uma jaqueta cobrindo o rosto devido ao ferimento grave no olho esquerdo, que continuava a sangrar. Ver Jade naquele estado fez com que a culpa pesasse sobre ele, lembrando-o do aviso de Annie de que, mesmo considerando Fleury uma amiga, não hesitaria em matá-la se necessário.

- Eu também me senti mal quando a vi assim, você sabe disso! Mas você sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde! - disse Hoover, levando as mãos ao rosto.

- Tudo isso é minha culpa... Se eu tivesse feito o que Annie pediu, Jade não estaria tão ferida agora... - murmurou Reiner, com lágrimas nos olhos.

- Sabe o que é isso no meu braço, Reiner!? É uma maldita pulseira de amizade! Acredita nisso? Ela deu isso para um assassino genocida! Se ela soubesse da verdade... MAS QUE INFERNO! - gritou o moreno, arrancando a pulseira do braço e apertando-a na mão, enquanto a outra ia para o ombro de Braun.

Ele não sabia mais o que dizer. Não sentia que tinha o direito de continuar lutando para estar ao lado da pessoa que amava tanto, pois no fundo Reiner sabia que, quando Jade descobrisse toda a verdade, seu amor se transformaria em ódio profundo. Agradecia aos céus por nunca tê-la tido na cama, pois sabia o quanto Jade se sentiria nojenta ao descobrir que dormiu com o assassino frio e cruel que ele foi treinado para ser. Seu amor por Jade era puro e verdadeiro, e ele sentia que o amor dela por ele era igual. Não poderia permitir que seu eu guerreiro a machucasse ou magoasse, não suportaria vê-la chorar por sua causa. Deixá-la de lado e seguir o plano era a coisa certa a fazer, mas não suportaria tê-la por perto sem poder abraçá-la e beijá-la, seria torturante.

Mas era preciso, pelo bem da missão e, principalmente, pelo bem daquela garota, um demônio disfarçado de anjo.

- Você ficou calado de repente. Espero que tenha refletido sobre o que vai fazer a respeito disso.

- Já tomei minha decisão - respondeu ele, afastando-se do lugar onde estavam.

- E o que você pretende fazer, Reiner? - perguntou o outro, preocupado.

O loiro não respondeu, apenas continuou a caminhar até desaparecer da vista de Hoover. O moreno não compreendia o significado por trás das palavras de Reiner nem conseguia decifrar a expressão neutra em seu rosto. No entanto, ele torcia para que o loiro fizesse o que era correto e se afastasse de Jade, protegendo-a e evitando que ela sofresse tanto quando a verdade viesse à tona.

[...]

Pensativo e bastante apreensivo sobre sua decisão, Reiner caminhava lentamente pelos corredores do quartel, enquanto via algumas pessoas lamentando as mortes ocorridas tanto na invasão de Trost quanto em sua recuperação. Sabia que não deveria se sentir culpado, pois a responsabilidade por tantas desgraças naquele lugar era sua e de seus companheiros. Seus amigos estavam traumatizados e feridos, Marco estava morto e Jade esteve à beira da morte, mas graças a Ymir e Christa, o pior não aconteceu.

Chegou ao dormitório feminino e adentrou o local, vendo Fleury sentada em sua cama, enquanto penteava seus cabelos delicadamente. Assim que seus olhos encontraram os dela, o coração do loiro bateu tão forte que parecia querer romper seu peito. Com dificuldade, a garota correu em sua direção e o abraçou com todas as forças que ainda restavam em seu corpo pequeno. Com seu único olho, ela derramou várias lágrimas sobre o peito de Reiner, que hesitou em chorar naquele momento.

- Reiner! - gritou Jade, abraçando-o com força.

- Jade... - murmurou o loiro, inclinando-se para apoiar sua cabeça no ombro da menor.

❛ 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 𝐈𝐍 𝐃𝐈𝐒𝐆𝐔𝐈𝐒𝐄﹔₍ 𝕽𝖊𝖎𝖓𝖊𝖗 𝕭𝖗𝖆𝖚𝖓 ₎.Onde histórias criam vida. Descubra agora