Aquele que me odeia.

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Louis podia sentir os olhos castanhos a segui-lo com raiva, podia sentir essa raiva em cada respiração, em cada gesto do homem alto, do alfa belo que bebia uma taça de vinho branco, usando um elegante conjunto de roupas negras, finas e bem costuradas, o ômega nunca viu roupas tão bonitas e ricas em sua vida.

Mas o que ele fez para merecer um olhar tão ameaçador? Por que sentia essa raiva direcionada em si?

Desde de o momento em que chegou aquela mansão até agora ainda não entendia como tudo isso era possível, como se não fosse real, ele cresceu e foi criado em um orfanato pequeno e austero na primeira montanha dos arredores da cidade, o lado sul, ali aprendeu a ser obediente, aprendeu como cozinhar, tecer e ler e escrever corretamente, assim como aprendeu sobre postura, obediência e gentileza. Ele não era um ômega de classe destinado a ser um escravo de luxo porque nasceu depois da lei de libertação, mas foi treinado para ser um servo pessoal.

Sabia tão pouco do mundo que era quase perverso ser deixado ali entre aquelas pessoas, enquanto aguardava o alfa que deveria servir.

O som de uma música clássica ecoava suave nos corredores ricos da bela mansão, os convidados eram educados e distantes e não o olhavam mais do que uma vez, quando Louis rapidamente abaixava os olhos, servos andavam por todo ambiente com bebidas, guloseimas e toda sorte de comidas caras e chiques que ele um ômega tão inocente nem imaginava o que era.

-O tio escolheu bem, sua aparência é boa, um servo interno desta casa precisa ser bonito, ter boa aparência. Você servirá a mim e minha noiva, está ciente disso?

A arrogância na voz dura era cortante, uma faca afiada demais, apesar disso precisava de uma resposta.

-Sim senhor.

O alfa ergueu uma sobrancelha perfeita enquanto tomava mais um gole do vinho e o avaliava de outra perspectiva, o homem não podia negar a beleza a sua frente, somente um louco não veria tanta beleza.

-Um dos meninos do orfanato? Perguntou o alfa um pouco espantando, mas somente um pouco, os sentimentos daquele rosto gelado eram tênues demais, quase uma sombra fina por sobre a pele lisa ou talvez uma máscara de polidez.

Louis se assustou com a voz forte e rouca, cadenciada e pesada, esse alfa era um líder e ele sentiu isso.

-Sim senhor, eu fui trazido do orfanato.

-Faz mais sentido que seja isso, meu tio gosta de educar ele mesmo os servos, ele chama isso de treinamento. Sabe ler e escrever?

-Sim senhor.

Louis abaixou a cabeça, nervoso. O alfa que o trouxe ali não lhe disse nada.

-Um servo que pode ler e escrever...O que mais aprendeu no orfanato?

-Senhor...Eu aprendi a cozinhar o básico, tecer, costurar e aprendi etiqueta básica e a ser obediente, vou servi-lo com dedicação.

O alfa andou ao redor do menor, as roupas do ômega eram simples, mas limpas, não eram as roupas dos criados e por isso entendeu que eram suas roupas que usava de onde veio, ele estava ainda totalmente cru, como um diamante bruto. Isso podia ser bom ou muito ruim.

-Sabe porque meu tio o chamou para vir me encontrar no meio do meu baile?

-Me perdoe senhor, eu não sei de nada, mas o senhor Yan Ming me ordenou e me disse para ser obediente, por tanto se precisar de mim eu estarei a sua disposição.

-Você é ocidental, sabe algo do seu passado?

O ômega só sabia que foi deixado no orfanato em uma cesta e com um nome escrito as pressas em um pedaço de papel.

O orfãoOnde histórias criam vida. Descubra agora