O primeiro sorriso e um novo começo.

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-Querido? Acorde por favor...

Louis ouviu a voz forte da doutora e abriu os olhos imaginando que estava sonhando e para sua surpresa lá estava a alfa, sorrindo enquanto uma lágrima escorria de seu rosto.

-Bom dia Lou-lou.

Louis a abraçou chorando, ele não pode se despedir como desejava, ele não sabia se um dia a veria de novo e agora lá estava ela.

-Doutora!

Ela sorriu e o abraçou acarinhando suas costas.

-Já devia me chamar de tia a algum tempo não acha?? Somos família.

Louis soluçava.

-Tia Lídia?

-Muito melhor. Ela sorriu e o fez olhar para ela, analisando seu rostinho mais magro e depois retornando o olhar para o alfa que estava parado na porta.

-Ele perdeu peso.

Harry suspirou, era verdade, mesmo com todo empenho ele sabia que Louis perdeu peso, sabia que estava triste, mas ele desejava mudar isso.

-Vou deixa-los a sós.

Louis viu o alfa sair e suspirou encarando a doutora.

-Ele não foi mal nenhuma vez e foi até muito gentil comigo.

Ela o analisou e depois sorriu.

-Eu conversei muito com ele antes de entrar aqui, tivemos uma longa e complexa conversa e sei que tudo que ouve foi terrível mas...Mesmo que eu não goste sei que este alfa não está mentindo, ele mudou.

Louis se sentou e pensou sobre isso.

-Acha que ele pode ter mudado tanto assim?? Mas então porque ele me quis como um escravo? Não faz sentido algum!

Lídia suspirou.

-Ele convenceu o Imperador, ele o queria e fez isso porque achou que Jin lhe pediria em casamento...E não estava errado.

Louis suspirou, ele já sabia disso.

-Mas eu não poderia me casar com Jin, porque...Jin precisa de uma família e eu não posso dar isso a ele.

Lídia tocou a barriga de Louis.

-Aconteceu algo na prisão? Algo que mudou seu corpo?

Louis suspirou.

-Foi algo que ouve na prisão mas que começou antes.

Lídia já imaginava, mas esperou ele continuar.

-Eu fiquei grávido de Harry, eu sabia porque meu corpo mudou muito rapidamente, eu sabia assim que o cio terminou mas não pude contar, não ouve tempo e mesmo que tivesse contado eu acho que nada mudaria, mas na prisão quando eu estava ainda de dois meses recebi meu primeiro castigo e perdi meu bebê, eu quase morri também, eu sangrei muito e acho que também sabia após isso que não seria mais possível ter outro bebê.

Lídia suspirou, um ômega tem uma fragilidade diferente em uma gestação, especialmente os masculinos.

-Um médico viu você na prisão?

Louis concordou.

-Sim, ele veio quando eu estava tão mal que achei que morreria, cuidou de mim e foi ele quem confirmou o que eu imaginava...Nunca mais poderei ter um bebê.

Lídia conhecia a anatomia ômega melhor que qualquer médico e conhecia sua limitação também, mas faria tudo ao seu alcance para ter certeza.

-Levante-se, vamos tomar café da manhã e após isso vamos dar uma volta, seu alfa me deu permissão para leva-lo em casa onde vou examina-lo e teremos certeza, também poderá ver Jin e Nari, eles estão morrendo de saudades de você.

Louis mal acreditava.

-Realmente poderei ir? E quanto tempo poderei ficar?

-Dois dias...mas tenho permissão de vir te ver quando eu quiser.

Harry os acompanhou no café da manhã e pela primeira vez foi algo bom e novo, Louis conversou e sorriu, Lídia era gentil e o tratava como se fosse sua mãe, amorosa e doce e ali naquele momento um novo começo parecia possível e Harry também percebeu que faria tudo para ver o sorriso no rosto do ômega, ele faria tudo...Até mesmo liberta-lo, porque agora compreendeu que o amor que sentia por Louis era imenso e ver seu amor vivendo em uma gaiola não era possível.

Uma gaiola mesmo que dourada ainda é uma gaiola e Louis não poderia viver assim, não de novo.

-Estamos indo e eu espero que mantenha sua palavra, deixe Louis descansar em minha casa estes dois dias, mantenha-se longe e vou fazer os exames que me pede, depois com os resultados posso ter uma confirmação mais completa, seja qual foi o resultado eu espero que seja compreensivo, afinal de contas a culpa é sua em toda essa situação.

Harry concordou, ele sabia que sim.

E Lídia resolveu que era bom o alfa saber de tudo, até porque Louis não pediu segredo.

-Eu compreendo doutora e vou manter minha promessa...Só tente ver meu lado por favor...

Lídia ainda nutria uma raiva imensa dele e por isso achou que deveria mesmo contar logo a situação.

-A culpa é sua mais do que imagina, o bebê que Louis perdeu na prisão não veio de um abuso sofrido lá dentro, ele já estava grávido quando foi condenado e sofreu um aborto após ser torturado. 

Harry empalideceu, ele já tinha pensado nisso mas era horrível demais para admitir a si mesmo, só que agora não tinha como fugir da realidade.

-Louis perdeu nosso filho?

A dor fez o alfa cambalear e segurar na parede na sala, ele perdeu um filho!

-Ele deve ter sofrido muito...Muito mais do que me foi apresentado...Como posso compensar isso?

-Não pode, ninguém pode, mas talvez possa ser mais sincero e bom para ele.

Harry concordou e foi neste momento que um servo trouxe Louis com sua pequena bolsa para viagem pronta, ele estava sorrindo e usava uma roupa clara com uma capa de lã de carneiro para aquece-lo no frio que fazia.

O alfa se aproximou e pegou na mão fria do ômega onde as cicatrizes brancas pareciam-se com neve, ele acariciou os dedinhos e a palma gentilmente e depois levou a mão aos lábios num beijo suave e gentil.

-Descanse, divirta-se, eu vou busca-lo daqui dois dias.

Louis concordou e saiu com a doutora e o alfa ficou ali olhando a carruagem se perder na distância.

Depois contratou o mesmo investigador de antes e pediu detalhes de tudo que Louis passou na prisão, queria conversas com os betas que trabalhavam lá e com os ômegas que sobreviveram, cada fragmento de informação e para tanto deixou uma enorme quantia em dinheiro para isso, neste mundo onde viviam o dinheiro era a melhor forma de receber informações verdadeiras.

Harry queria informações sobre o aborto e queria conversar com o médico que assistiu Louis na prisão.

Ele sentia que as descobertas seriam ainda piores do que imaginava mas já que estava disposto a encarar seus erros esse era um bom lugar e um bom momento.




O orfãoOnde histórias criam vida. Descubra agora