As dores da alma.

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"Dra Lídia Sun, viúva de Wei Sun, proveniente do clã Grant, herdeira dos conhecimentos de medicina de sua família paterna, sua família se estabeleceu nos arredores da cidade de Hai-Cheng a mais ou menos duzentos anos, mantendo alguns costumes ocidentais e incorporando alguns orientais."

Louis estava sentado perto de uma lareira tomando chá quente em uma xícara esmaltada e com intrincados desenhos de lírios, o calor do ambiente parecia finalmente aquecer seus ossos frios e ele observava as chamas em silêncio enquanto a doutora lia um artigo e fazia anotações, o pequeno Nari rabiscava alguns desenhos em folhas de papel pardo, o silêncio não era desagradável, na verdade parecia muito natural, mas o menino estava curioso.

-Ainda dói muito?

Louis pousou a xícara em uma mesinha e olhou o menino pequeno, os olhos inocentes e castanhos pareciam tão gentis! Será que um dia ele também foi assim?

-Dói um pouco, mas graças a sua família eu estou melhor, para ser muito sincero ainda penso que talvez esteja sonhando e tudo isso seja apenas uma mentira.

O menino riu e foi até o ômega mais velho, pousou sua mão pequena e gordinha na mão pálida e magra e o calor de sua palma se irradiou para o outro.

-Tá sentindo?

Louis o observou e concordou.

-Então não é um sonho, é verdade.

Nari o olhou com seus lindos olhos inocentes e continuou, desta vez bem focado em cada palavra, sentia orgulho do que estava falando.

-A minha família tem centenas de anos em tradição na arte de curar, eu acho que você teve muita sorte, muita sorte mesmo!

Suas mãozinhas pequenas tocaram os curativos do rosto de leve, como uma pena, suaves e delicados, eram curativos demais para um corpo tão fraco e franzino, o coração do menino sofria só de ver isso.

-Você vai ficar bom logo, minha mãe é muito boa em curar as pessoas, um dia eu também vou ser, está no meu sangue! Vou te contar um segredo, quer saber?

Louis que não sorria a tanto tempo não conseguiu evitar um leve e pequeno sorriso.

-Eu quero, mas tem certeza de que pode me contar?

O menino fez que sim.

-Mas não pode contar para mais ninguém, tá bom?

O ômega concordou, seriamente.

-Minha família já tratou do próprio Imperador uma vez e ele sarou, depois cuidou da mãe dele também e novamente tivemos sucesso, em partes a família real deve muito a minha família.

Louis concordou e olhou de leve para a doutora que escutava tudo e concordou.

A doutora sorriu e mandou o menino ômega ir buscar mais papel para colorir e depois sentou-se do lado do jovem ferido, era dolorido olhar para ele, o rosto magro com os ossos aparentes, os olhos opacos e quase sem vida, os lábios fechados em uma linha reta, quanto sofrimento esse menino enfrentou? Como podem acusar um ômega de um crime impossível de ser cometido por ele?

-Eu vou ajuda-lo Louis, eu prometo.

O ômega a encarou, ele não duvidava mas era difícil acreditar em algo assim, ele acreditou nas pessoas e acabou na cadeia por dolorosos três anos.

-Minha pesquisa se baseia no sangue e no aroma que somente os ômegas produzem, são a marca de toda evolução e veio do ancestral mais antigo, o que deu origem ao primeiro ômega, ainda muito animalizado por um lobo, eu chamei isso de Quimera, ela inibe a violência em todo e qualquer ômega, em muitas vezes até mesmo a alto preservação pode ficar comprometida por conta de algo que está no sangue e no cheiro de um ômega, algo muito poderoso. Assim como os lobos de uma alcateia se tornam submissos ao líder alfa os humanos ômegas são submissos aos alfas e até aos betas, só que o nível é ainda maior nos humanos e isso inibe a violência de qualquer tipo.

O orfãoOnde histórias criam vida. Descubra agora