Servo, escravo e uma promessa cheia de esperança.

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Louis estava em um quarto grande, um servo o levou até ali, colocou uma tigela com frutas frescas na mesa baixa, uma jarra de água e saiu sem dizer uma única palavra, não era preciso, o jovem ômega sabia que não deveria sair daquele quarto até ser chamado de novo, além disso ele sentia medo em um local tão rico, tão cheio de nobreza e poder, não era onde desejava estar, ele queria voltar e estar na casa confortável de Lídia, onde se sentia seguro.

Ele andou um pouco analisando o ambiente, sua mente em fragmentos confusos, ainda podia ver o olhar firme do próprio Imperador e sua voz poderosa, tão poderosa que machucava sua alma e seu corpo, mas mesmo assim o desobedeceu, algo dentro dele era ainda mais forte que a ordem de matar. No fundo a doutora Lídia tinha razão, um ômega não pode matar, não pode se defender...E ele não tinha percebido em como isso é terrível, injusto e triste, significava que mesmo no caso de sua própria vida estar em risco ele não seria capaz de se defender, como a natureza poderia ter feito isso com ele? Com todos os ômegas? 

Teria sido uma falha da própria criação? 

Ou algo inevitável na natureza? Onde existe o forte e o fraco, a caça e o caçador.

Louis nunca tinha pensado em sua existência antes, ele apenas existia, mas depois de ter vivido por alguns meses em uma família amorosa e feliz ele sentia que não poderia apenas existir, ele desejava viver. Mesmo depois de ter sofrido tanto na prisão ele sentia o desejo incrível de ser feliz, de ser amado e de ter sonhos, mas saber que tudo isso lhe seria arrancado era insuportável.

Voltaria para Harry, que poderia usa-lo como bem entendesse, dentro ou fora do cio como um objeto e poderia descarta-lo com a mesma facilidade, ele era um servo e seu contrato estava com o alfa, nada podia ser feito, nem mesmo a doutora poderia fazer algo, era impossível, embora um servo estivesse acima de um escravo não existia quase nenhum benefício.

Esse contrato lhe permitia andar livremente e ter alguns pertences, ser acolhido em uma casa, com um mestre e servi-lo por quanto tempo o mestre desejasse, mas tudo isso era apenas uma maneira de contornar as leis dos escravos, um novo nome, nada mudou, ele ainda estava preso a uma casa, preso a um mestre e sua vida não lhe pertencia.

Isso não podia ficar pior! Ele pensou.

Uma batida na porta o fez se virar e logo um servo entrou e com ele o alfa Harry.

Louis não sabia mais como agir, ele apenas olhou para o chão e esperou, esse era seu mestre afinal de contas...

-Louis. Eu precisava te ver.

O servo os deixou a sós e fechou a pesada porta.

O alfa se adiantou e parou em sua frente, analisando o rosto bonito, os cílios longos tremendo levemente onde lágrimas se formavam lentamente.

-Eu não vou machuca-lo, eu prometo...Olhe para mim Louis, por favor.

Louis o encarou, os olhos tristes e vazios.

-Eu vim pedir perdão, deixei tudo acontecer, eu o machuquei, o abandonei...E me arrependo.

O ômega suspirou e tremeu antes de abraçar o próprio corpo já que estava sentindo medo e frio.

-Sou seu servo e como tal eu devo servi-lo, o que eu sinto não tem mais importância.

Harry o abraçou, ele o enlaçou e o sentiu se retesar em seu abraço, o corpo todo do ômega ficou tenso, mesmo sua temperatura parecia estar mais fria, mesmo assim ele estava completamente silencioso.

O alfa sussurrou em seu ouvido, cautelosamente, de modo lento e simples, como uma promessa cheia de esperança.

-Eu vou te proteger de agora em diante.

O orfãoOnde histórias criam vida. Descubra agora