Quando toda luz termina...

60 12 0
                                    

O beta recebeu seu envelope em mãos com o pagamento combinado e sentiu o peso no envelope percebendo que o valor era maior, ele sorriu minimamente ao sentir isso mas sabia que as informações que conseguiu não eram boas e agradáveis.

-O senhor tem certeza de que quer ler isso? Nada aí é bom de ler, eu garanto, em minha humilde opinião o senhor deve encerrar essa investigação e mandar queimar toda aquela prisão, deixando a floresta tomar conta da terra novamente e esquecer os fantasmas que vivem por lá.

-Eu vou libertar todos os fantasmas e com eles a verdade, começando por meus próprios fantasmas, descobrindo como exatamente meu ômega sofreu um aborto naquele lugar e assim vou me curar dessa dor.

O beta não concordou, aquela verdade só era capaz de ferir ainda mais, só que ele não era pago para dizer mais nada, fez seu trabalho e agora podia ir embora.

-Desejo que o senhor encontre paz no final de tudo isso, desejo isso ao senhor e especialmente ao jovem ômega que está sob seus cuidados.

Harry agradeceu polidamente o homem.

-Obrigado por todo trabalho que teve, realmente não me decepcionou, recomendarei seus serviços a meus conhecidos.

O beta partiu e o alfa se sentou na sala confortável de sua casa, ele abriu a pasta com os arquivos médicos de Louis sobre o tempo que passou na prisão e sentiu o coração acelerar...

A pasta era fina, poucas páginas dentro, algumas descrições não muito detalhadas mas que davam uma imagem bem clara do que aconteceu.

"Paciente sangrando muito, possível aborto, nível de consciência baixo, muito ferido, lacerações nas costas decorrentes de castigo com chicote, duas costelas fraturadas, um pulso aberto"

"Paciente com ferimentos nas mãos e nos braços, ferimentos de defesa, corte na cabeça decorrente de espancamento."

"Paciente com ferimento..."

Harry chorava tanto que soluçava, ele terminou de ler a primeira e segunda página e viu os poucos cuidados que o médico dispensava a Louis, curativos, alguns remédios quando o estrago era grande demais.

A vida de Louis podia ter sido muito diferente.

Um servo veio até ele trazendo um chá pois sabia que seu senhor estava sofrendo e havia ouvido os rumores de que este senhor estava apaixonado pelo escravo pessoal, o mesmo que foi preso anos atrás.

-Meu senhor? Eu trouxe um chá, por favor se acalme, eu sei que sente falta do escravo mas ele estará de volta em breve.

Harry encarou o servo gentil mas viu nos olhos dele que não compreendia o que Louis significava e como poderia? Foi sua atitude ao trazer Louis como um escravo que deixou essa impressão em todos os demais servos.

-Louis chegou nesta casa com o status de escravo, mas para mim ele é muito mais que isso, peço que avise a todos para trata-lo com respeito pois eu vou lhe conceder a liberdade em breve e pretendo me casar com ele.

O servo ficou pasmo, mas se o senhor assim desejava ele apenas iria aceitar.

-Sim meu senhor, devo lhe avisar que a carruagem está pronta, o senhor deseja ir agora?

-Sim. 

O tempo de Louis com a doutora acabou e o alfa estava indo busca-lo, mas primeiro foi tomar um banho, lavar as lágrimas e se tornar apresentável.

E já eram quase duas da tarde quando o alfa parou em frente a casa na colina da doutora, um local calmo e bonito, com uma atmosfera de interior e mesmo assim perto o suficiente da cidade, cercado por árvores e tranquilidade. O imenso portão se abriu e Louis já estava lá, lindo como um dia de verão e o alfa teve que admitir que os cuidados da doutora eram melhores do que os dele mesmo.

O orfãoOnde histórias criam vida. Descubra agora