Apoie-se em mim

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Hoje
Rio de Janeiro
Apartamento de Giovanna Antonelli

— Me deixa entrar, Gio. Por favor. — Ele é tão persuasivo. Tão calmo e convincente enquanto passa os dedos pelo meu braço antes de roçar meu pescoço, e então docemente segurar meu rosto. — Apenas solte a porta.

Ele se inclina em minha direção, os lábios macios contra meu rosto. Então vem sua respiração, quente, em minha orelha. Fecho os olhos enquanto um tremor percorre minha espinha.

— Eu sei que aquele e-mail não conserta tudo o que fiz...

— Não mesmo.

— ... mas cada palavra dele era sincera, e se você me deixar entrar, vou provar isso a você. Vou mostrar para você. E amar você. Por favor...

Ele toca minha orelha com os lábios e me faz estremecer. Cobre meus dedos com os dele e os afasta da porta.

— Você quer se apoiar em alguma coisa? — diz ele. — Apoie-se em mim. — Alexandre leva minhas mãos até seu peito. Quando eu enterro as unhas em seus músculos, ele não se retrai.

— Alexandre, não sei se consigo fazer isso.

— Eu consigo. Deixe-me ajudá-la.

— Você nunca me deixou ajudá-lo no passado.

— Eu devia ter deixado. Não cometa os mesmos erros que eu cometi. Por favor. Deixe-me mostrar para você o quanto posso ser diferente.

Fecho os olhos enquanto ele segura minha mão contra seu peito e acaricia meus dedos.

Estou mesmo fazendo isso? Considerando tentar novamente me relacionar com Alexandre?

Olho para o peito dele. Para sua camisa de botões. Preta. Se eu olhasse para os olhos dele agora, estariam espelhando a cor da camisa. Alexandre aperta minhas mãos.

— Sei que você acha que esteve fechada por tanto tempo que não sabe como despertar. Que todos esses sentimentos confusos que eu trago à tona te fazem desejar nunca ter me conhecido.

Dou um suspiro.

— É por aí.

Ele faz uma pausa de alguns segundos, e então diz:

— Era assim que eu costumava me sentir. Quando nosso namoro começou a ficar sério, tudo que eu sentia era grande demais. Não ajudava nada ter uma voz paranoica dentro de mim sussurrando que você ia me destruir. Tenho certeza de que na sua cabeça há uma voz dizendo a mesma coisa.

É verdade. A diferença é que eu não tive nada a ver com os problemas de confiança dele, e, no entanto, ele é a única razão de todos os meus.

— Mas você já me disse isso duas vezes — digo. — Nas duas vezes, me machucou.

Ele acaricia minhas mãos novamente.

— Giovanna, olhe para mim.

Luto para erguer meu olhar e encará-lo. Quando o faço, ele não me deixa desviar os olhos.

— Antes eu achava que podia ser o que você precisava. Mas achar e saber são duas coisas diferentes. Agora eu sei. Me deixa provar que posso amá-la do jeito que você merece.

Não sei mais o que mereço. Achava que era ele que eu merecia, mas Alexandre provou que eu estava errada, mais de uma vez.

Se ele falhar dessa vez, não vai sobrar nada de mim.

Seis anos antes
Rio de Janeiro
CCPAC

Há duas semanas, Alexandre tem sido tudo o que eu sempre quis. Ele é afetuoso e atento, e saímos todas as sextas e sábados à noite. Ele até me comprou flores. Duas vezes.

MJ | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora