Apenas sexo

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Sexo.

É um instinto antigo e primitivo, gravado em cada canto do nosso DNA. Precisamos transar para sobreviver.

Mas sexo é ganancioso. Viciante.

É um apetite infinito e dolorido que nos reduz a impulsos básicos, capazes de obscurecer toda razão e lógica. É instintivo. Simples.

A não ser quando é complicado.

Depois que o choque inicial de acordarmos juntos na cama passa, Alexandre e eu conversamos. Concordamos que foi um erro. Que não podíamos e não devíamos repetir. Nunca mais.

Então transamos mais duas vezes e adormecemos nos braços um do outro.

Sim.

Simples, isso não é.

— Então...

— É. Então...

Conseguimos chegar até a porta da frente. Depois de várias tentativas malsucedidas, Alexandre está vestido e eu estou de robe. O cabelo dele está ridículo. O meu está ainda mais. Alexandre está olhando para mim como se estivesse com vontade de fazer coisas muito feias.

A vontade de tocá-lo outra vez, com urgência, está crescendo em mim como a maré na lua cheia. É meio ridículo.

— Melhor eu ir.

— É.

Ele não se move. Nem eu. Sabemos que é preciso.

Não podemos repetir isso. Tudo em mim dói. Ele arranhou cada centímetro exposto da minha pele com sua barba, e alguns lugares não expostos também.

— Certo.

— Certo.

Quinze minutos antes estávamos criando um encaixe que era a exata definição de "perfeito", nos agarrando através de incontáveis camadas de prazer. Mas agora? Aí vem a parte desajeitada. A separação.

Muros e máscaras e placas tectônicas de emoção deslizam de volta para lugares seguros. Nos colocam de pé. Nos afastam um do outro mais uma vez.

Sussurram para nós que foi apenas sexo.
Apenas sexo.

Ele abre a porta e faz uma pausa.

— Então... as coisas vão ficar esquisitas entre nós?

— Você quer dizer mais esquisitas? Não.

Alexandre assente.

— Não. Exatamente. Quer dizer, foi só sexo de rompimento, certo? Todo mundo faz isso.

— Certo. — Apenas sexo. — A gente, talvez, tenha esperado um pouco mais do que a maioria das pessoas, mas é totalmente normal.

— Já tiramos isso dos nossos sistemas, então agora podemos... sabe como é... seguir em frente.

— É. Claro. Seguir em frente.

Ele inspira e olha para a parte de mim que meu robe revela.

Ele diz aos meus peitos:

— Nos vemos na segunda-feira? — Finalmente ele consegue olhar para meu rosto.

Quero dizer a ele que pare. A saudade que ele está deixando transparecer. É excessivo. Foi apenas sexo.

— É. Nos vemos.

Ele hesita, e por um instante acho que ele vai me beijar, mas em vez disso ele me abraça e enterra a cabeça em meu pescoço. Não tenho certeza do que ele está pensando, mas parece obrigado e sinto muito, tudo misturado.

MJ | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora