capítulo 18.

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Voltei, galera. Capítulo é cheio de emoções e possíveis gatilhos, então deixarei avisado quando algo aparecer, ok? 

Qualquer duvida ou sugestão, estou a disposição.

OBS: Na capa, a mãe da Lauren na esquerda e a biológica da Jenni na direita.

É isso, enjoy :)

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"Os exames chegaram ontem".

"Filha, lamento o que vou dizer".

"Mario Jauregui. Você e essa Jennifer são mesmo irmãs de sangue".

"Acredito até que ela tinha nojo dele".

"A sua mãe engravidou do Mario e sua avó resolveu solucionar o caso mentindo para o Michael que o bebê era dele".

"Sua mãe e o Mario não tiveram nenhuma relação consensual. Ela foi violentada".

As palavras ditas pelo detetive Fontes martelavam na cabeça da jovem cozinheira como um escritor entusiasmado martela seu instrumento de trabalho, o teclado, e deixa ali suas emoções. Medo, terror, raiva... Esses eram os componentes do roteiro criado pelo narrador da mente de Lauren. Asco. Essa era a única palavra que vinha na cabeça da morena caso alguém perguntasse como estava se sentindo em relação a tudo. Só de ouvir o próprio coração bater, sentia-se enojada.

Já sabia que não tinha sido uma criança planejada. Muitos a apontavam como um golpe da barriga dado por uma mulher que não se conformava com a miséria. O resultado de um casinho banal de um playboy com uma pobre cozinheira. Já tinha escutado diversos absurdos em relação à sua origem. Todos eram "café com leite" perto da verdade. Antes tivesse nascido do namorico de Michael e Clara. A vida não quis assim. O destino era cruel. Lauren era resultado de uma violência. Fruto de um estuprador. Um repugnante e desprezível estuprador. Era apenas um pedaço de um monstro.

A revelação final a deixou tão transtornada que saiu do escritório do detetive sem dizer palavra alguma. Apenas pegou o resultado do exame, atravessou a saleta e bateu a porta de saída. Fontes tentou impedi-la, mas ele era enorme e lento, a perdeu de vista em um piscar de olhos. Ao ganhar a rua, Lauren se pôs a caminhar. Para onde? Não tinha ideia. Por quanto tempo? Não sabia. Apenas queria se mover e se afastar de onde estava. Parada se obrigaria a pensar e não queria pensar em nada e nem em ninguém. Apenas precisava caminhar e sentir a chuva forte, que caía na cidade toda, abraçar sua pele por completo. Talvez uma nova Lauren, mais madura e sofrida, renascesse e a antiga fosse embora pelos esgotos de São Paulo, junto da água pluvial que desabava do céu.

— QUER MORRER? LOUCA!

Foi o que rosnou o condutor de um automóvel que quase passou por cima de Lauren. Talvez quisesse mesmo morrer. Atravessou uma avenida com o semáforo verde para os carros. Só se deu conta que tinha furado o sinal quando o carro parou pouco mais de dez centímetros de seu corpo. Irritada com os desaforos proferidos pelo aborrecido motorista, Lauren esmurrou o capô do carro. Bateu com tanta força que sua mão chegou a cortar com o impacto da porrada. Ao ver o acontecido, o motorista esqueceu que estava com o sinal aberto e desceu para verificar seu prejuízo e tirar satisfações com a garota. Ele era um homem alto, musculoso e estava bem insatisfeito com tudo. Agarrou a cozinheira pelo braço de forma agressiva.

— Olha aqui, sua vagabunda, eu...

A frase ficou pelo meio. Um segundo carro chegou com tudo e bateu junto do porta malas do carro que estava parado com o sinal aberto. Lauren aproveitou que o motorista se distraiu com o incidente e se desvencilhou dele com um empurrão. Correu sem olhar para trás. Apenas parou depois de cinco quarteirões, após ter certeza que não seria alcançada. Exausta e sedenta. Recostou-se em um muro verde e então olhou em volta. Só então reconheceu que estava em um ambiente bem familiar.

Jauregui | Adaptação CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora