Capítulo 57 -Jogando uma Isca

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"Todas as moças atacadas não eram apenas cortesãs, elas eram dançarinas ou musicistas famosas. Acredito que o assassino não as atacou aleatoriamente, já que há um padrão. Ele as viu se apresentar, depois ficou as vigiando e as atacou no período de menor movimento." Su Ning continuou. "A moças e criados da casa foram avisados para espalhar que está última vítima não resistiu. Se o assassino souber que ela está viva, poderia vir atrás dela. Além disso, ela pode ter alguma pista sobre a identidade desta pessoa."

Qiang Yong estava ouvindo atentamente, recostado no sofá. Su Ning já havia tomado muitas providências sozinho, o que de certa forma era muito bom. Mas Qiang Yong estava preocupado até onde ele iria dessa vez, já que o médico estava habituado a agir sozinho. Você não está mais só agora. Ele pensou com tristeza.

"Então por enquanto dependemos do testemunho da moça?" Ren Loo indagou enquanto quebrava sementes de melão que lhe foram oferecidas em uma bandeja luxuosa de petiscos.

Su Ning retirou algumas pinturas de um bolso na manga. "Estes são os panfletos das apresentações das vítimas. An Shu os conseguiu para mim."
O yao cobra endiretou a coluna, ele estava se sentindo orgulhoso de sua rapidez em conseguir isso. Alguns cartazes eram antigos e foi quase impossível consegui-los em tão pouco tempo. Ele era um bom assistente e Su Ning havia elogiado seu desempenho nisso.

Ele não percebeu os olhos de Ren Loo pousarem sobre ele cheios de ciúmes. Você andou visitando todas estas casas para conseguir isso????
"Também conseguimos um mapa das casas da região, foi assim que vimos que as mulheres eram de locais diferentes." An Shu disse, aproveitando para mostrar de fato como era eficiente. Qiang Yong abriu o mapa sobre a mesa. Havia uma cruz sobre as casas das vítimas e mais três casas circuladas.

Su Ning explicou: "Tem muito mais casas na região mas estas são as únicas que fazem apresentações abertas ao público."
"Então provavelmente estas casas serão os próximos alvos do assassino." Qiang Yong disse. "É preciso avisá-los."
"Sim." O médico concordou. "Entretanto eu pensei que seria prudente ver se alguma das mulheres aceitaria servir como uma isca, sob a nossa proteção, é claro. Mas não sei se elas vão concordar, todas já estão muito assustadas sem nem saber muito..."

"Como elas poderiam recusar tendo nós como segurança?" Ren Loo riu. Ela e o Imperador se prontificaram a procurar as casas discretamente e tentar convencer as moças a colaborarem. O médico estava muito grato, An Shu estava tendo que fazer um trabalho duplo, como seu assistente e tendo que ajudar na investigação. Agora ele poderia se dedicar ao tratamento e à vigilância da vítima.

Ren Loo apertou o ombro da cobra yao com um pouco de força. "Huhu, você deve ter se divertido andando por aqui, não?" O rosto branco de An Shu pareceu ficar mais branco. "De forma alguma! Eu só estou focado em executar as minhas tarefas!"
"Você acha mesmo que eu acredito nisso?" Ren Loo riu agressivamente.
Dessa vez a cobra virou o rosto, sombrio.

Ele até tinha recebido alguns flertes, mas ele se lembrou que não tinha mais um clã. Era como se ele fosse um escória desse mundo, que nome ele poderia oferecer a alguma mulher?

"Eu... não tenho nada para oferecer a ninguém." Ele saiu cabisbaixo, deixando a dragoa perplexa. Só depois ela entendeu mas a cobra já tinha ido verificar o estado da moça acamada. Madame Ren decidiu conversar sério com ele quando voltasse. Uma grande bobagem isso de nome, clã, status...

Uma mulher que não reconhecesse as qualidades dele por causa disso não merecia sua dedicação.
Enquanto isso, o próprio Qiang Yong iniciou sua abordagem. Su Ning não percebeu mas ele estava um poço de vinagre.

"Você conhece bem as casas daqui." O médico assentiu distraído.
"Já fui chamado em quase todas. Esse distrito sempre tem problemas, as pessoas aqui não tomam os devidos cuidados. Mas eu não esperava que houvesse esse tipo de problema. "

A expressão do imperador suavizou. Su Ning só se importava mesmo com o seu trabalho, tanto que ele olhava com estranheza para Qiang Yong.
"O que há de errado?" O Imperador perguntou.
"Você está pálido. E também perdeu peso."

Ele fez menção de tomar-lhe o pulso, porém o dragão não o permitiu. O médico pareceu chateado. "Pensei que você não desconfiasse mais de mim."
"Eu não desconfio mais. Só que você não precisa se preocupar. Tive que viajar esses dias, não pude descansar ou comer direito, apenas isso."

Qiang Yong sorriu misterioso. "Fico feliz que você se importe comigo, aliás, preciso muito falar com você depois que esse problema for resolvido."
"Uh... Certo." Su Ning estava realmente confuso e curioso. Seria algo relacionado a Xing Ou Yang? Ele não se lembrava de nada do que havia acontecido.

"Quando resolvermos isso nós conversaremos. Também estou ansioso, doutor." Qiang Yong se despediu, o observando demoradamente com tanta intensidade que Su Ning sentiu um calor subir-lhe pelo pescoço.

Ele sentiu uma sensação estranha, quase como se todo o corpo ficasse amortecido. Ao mesmo tempo, ele percebeu que se sentia muito confortável com o Imperador por perto, ajudando-o.
An Shu viu os dois irmãos saírem juntos. Ele voltou-se para o mestre. "Eles pareciam estranhos hoje. Aliás, porque o próprio Imperador veio até aqui resolver isso?"

"Pelo que eu seu Tonzhun é como um celeiro cheio de palha pronto para pegar fogo." Su Ning subiu para verificar a paciente pela cortina da cama. A respiração da moça era fraca, porém regular. "Mais cedo ou mais tarde ele teria que intervir aqui. Espero que as cortesãs aceitem nos ajudar, senão, será mais difícil pegar o culpado."
"E se elas não aceitarem, o que faremos?" Ele perguntou aprensivo.

"Hum, um de nós podemos nos apresentar como uma delas então."
An Shu riu baixo. "Isso seria muito interessante de se ver. Já pensou o imperador vestido de mulher?"
"Talvez madame Ren aceite ajudar, mas ela não parece ter interesse por estas artes... tão pouco Qiang Yong."
"Você está certo, os dois são guerreiros belicosos. Eles provavelmente nunca tocaram sequer uma pipa." An Shu disse pensativo.

O médico riu. "E você? Sabe dançar ou tocar?"
A cobra sibilou envergonhada. "Eu só sei o que o mestre me ensinou até hoje de farmacologia, hehe."
Su Ning suspirou. "Eu já imaginava que seria difícil. Não tenho muitas esperanças nas moças, elas estão se sentindo como coelhos sendo caçados por um lobo. Talvez seja melhor não expô-las mesmo."

An Shu o olhou em dúvida. "Então, o que pretende?"
"Me ajude a preparar esta receita." Su Ning pegou seus papéis para prescrever a receita. "Se o imperador e madame Ren não conseguirem convencê-las, temos que ter outro plano em mãos e rápido."
An Shu pegou o papel e ergueu os olhos, incrédulo.
"Dr. Su, o que o senhor não sabe fazer???"

Nota da Autora:

Até eu que estou escrevendo senti esse olhar do Qiang Young. Su Ning, isso que é ser devorado com os olhos. Mas acho que o Imperador está escondendo algo importante de você.

O Imperador Yao e Seu Médico HumanoOnde histórias criam vida. Descubra agora