Extra 5 - Família

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* Esse é o último, prometo! E bem curtinho!

mais de cem anos atrás, quando Su Ning ainda era uma criança e vivia em uma pacata vila nas montanhas.

Su Ning estava sentado sobre a grama em uma pequena colina, olhando as nuvens no céu. Seus irmãos mais novos corriam e brincavam um pouco mais abaixo e suas gargalhadas alegres podiam ser ouvidas a distância. De vez em quando ele observava os dois pequenos rabanetes, com receio de que eles se afastassem muito ou caíssem no riacho.

"Não vão muito longe." Ele disse, mas mesmo assim os vigiava com rigor. Ele aproveitou e encheu uma pequena cesta com vegetais silvestres que trazia consigo e parou para descansar. Como sempre o céu lhe chamava muito a atenção e ele não se cansava de admirar a variação de cores ao longo do dia e a efemeridade das nuvens.

Não que uma criança soubesse estas palavras difíceis, ele apenas podia senti-las e apreciá-la, o que já é muito mais do que só defini-las como os adultos fazem. Nesse exato momento ele observava uma nuvem longa e curvilínea, que ele pensou que se parecia muito com um dragão que ele viu em uma pintura na vila.

Um dragão deve ser muito poderoso. Ele pensou, lembrando dos yao que ele conhecia. Eles podiam ser fortes e resistentes como os lagartos e outras feras e podiam voar como os pássaros.
Sem dúvida alguma, eles eram os mais poderosos, ele constatou. Mas talvez eles também fossem gentis e amigáveis como os pequenos animais. Seu pai disse que os mais fortes deveriam proteger e ajudar os mais fracos, então o mesmo deveria servir aos dragões.

A nuvem começou a se dissipar e Su Ning levantou-se, espanando pequenas folhas da roupa.
"Xiaojin, Xiaomei, vamos voltar!"
Os dois pequenos voltaram correndo e a pequena Su Mei trouxe um pequeno ramalhete com pequenas flores brancas e perfumadas que ela entregou ao irmão mais velho. As flores tinham um cheiro doce de mel que Su Ning amava.

"Obrigado." Ele fez um carinho na pequena criança, que falava apenas palavras soltas e desconexas.
"Imão!" Su Mei ergueu os bracinhos gordos, querendo colo. Su Ning riu e a pegou com cuidado. Prontamente Su Jin foi e pegou a cesta de vegetais silvestres. Vendo seu interior verde exuberante, ele fez uma careta de desagrado.

"Eehh! Não faça essa cara. Tem cogumelos que você gosta também." Su Ning repreendeu-o amavelmente e a expressão de Su Jin suavizou-se e ele riu mostrando alguns dentes de leite faltantes. O trio desceu em direção à vila, cumprimentando os passantes.

A casa da família Su era das primeiras residências na entrada da vila, feitas de tijolos verdes. Su Wu esforçou-se bastante para construir uma estrutura sólida e segura para sua família e sua ferraria ficava ao lado em um cômodo em anexo. De longe ele viu suas três crias voltando para casa e os cantos de sua boca se ergueram levemente.

Su Ning pos a irmã no chão, pegou a cesta e recomendou que eles lavassem as mãos. Os dois pequenos correram para dentro e ele foi ter com o pai.
"Voltamos, pai. Está tudo bem?"
Su Wu assentiu com a cabeça, limpando a fuligem das mãos.
Su Ning sorriu. "Vou então entrar e começar a preparar o jantar."
Su Wu sorriu. "Já estou indo."

O ferreiro adiantou-se para limpar a mãos adequadamente. Ele sabia que Su Ning já iria adiantando as tarefas mesmo, porém ele não se sentia tranquilo de ver seu filho mexendo tão cedo com coisas perigosas. Então ele mesmo entrou também e colocou lenha no fogão, acendendo-o.
Nesse meio tempo, Su Ning já havia lavado os vegetais e vendo o fogo aceso, colocou o arroz para cozinhar.

Su Wu havia feito para o filho mais velho uma faca menos afiada e com ela, Su Ning começou a cortar os vegetais e legumes. Ao lado dele, o enorme ferreiro pegou um pedaço de barriga de porco e começou a cortar também em pequenos cubos. Pai e filho trabalhavam em silêncio em um entendimento tácito entre si, mas ambos sorriam um para o outro, plenamente felizes em seus corações.

O Imperador Yao e Seu Médico HumanoOnde histórias criam vida. Descubra agora