"Porque eu não quero perder você agora
Estou olhando bem para a minha outra metade
O vazio que se instalou em meu coração
É um espaço que agora você ocupa
Mostre-me como lutar
E eu vou lhe dizer, amor, foi fácil
Voltar para você uma vez que entendi
Que você estava aqui o tempo todo"
— Mirrors, Justin TimberlakeAsher Mcbride
— Eu a quero para mim.
Essas foram as primeiras palavras que saíram da minha boca, naquele mesmo dia, quando praticamente arrombei a porta do escritório de Gael, fazendo-o dar um pulo de susto em sua cadeira e me olhar como se uma segunda cabeça tivesse crescido em meu pescoço.
— Merda, Asher — resmungou ele, fazendo careta, acomodando-se novamente em sua cadeira — Está querendo me matar de susto?
— Infelizmente preciso de você vivo, então não.
Gael ergueu uma sobrancelha.
— Me toca saber o quanto você me ama.
Eu me joguei na cadeira em frente a sua mesa.
— Preste atenção ao que estou dizendo, seu tonto sentimental — reclamei, resmungando — Eu a quero para mim — repeti, encarando-o seriamente. Ou tão seriamente quanto posso ser quando meu melhor amigo era um idiota apaixonado e estava disposto a fazer todo tipo de bobeira para agradar a esposa. E isso muitas vezes incluía se vestir combinando com o cabrito atentado que carinhosamente apelidamos de endiabrado.
E claro, naquele momento, Gael estava usando um laço vermelho pequeno que usava como se fosse um broche. Pode apostar que Bola de Neve estava por aí perambulando pelo castelo irritado por estar usando um laço, igualzinho ao do bobalhão à minha frente, de novo.
Meu melhor amigo me encarou, então arqueou outra vez as sobrancelhas para mim. As duas.
— Você quer quem? — perguntou, bem devagar.
— A princesa.
Ele piscou. E de novo. E outra vez. Depois arregalou os olhos.
— Você quer dizer a princesa...
— Sim.
— Mas ela...
— Eu sei.
Ele respirou fundo.
— Uau — soltou o ar e piscou de novo, como se estivesse completamente chocado — Eu sabia que vocês dois estavam virando amigos ou, não sei, algo estranhamente parecido. Mas isso é outro nível. — seus olhos azuis fixaram-se nos meus e ele perguntou com cuidado: — Você está apaixonado por ela?
— Óbvio que não! — resmunguei, fazendo uma careta.
É perfeitamente nítido para qualquer um que me preocupo com ela, que me importo, mas não estou apaixonado.
— Tem alguma coisa, ou melhor, alguém machucando ela — revelei, trincando a mandíbula — Só que ela está com muito medo e não me diz nada. Ela sequer admite que sofre abuso. Tudo que ela sabe dizer é que não quer ajuda, que não tem nada acontecendo, porque tem medo que algo possa acontecer comigo. Mas eu sei que tem, os sinais estão todos na cara e me odeio por não ter percebido logo.
— Eu suspeitava que isso estava acontecendo — confessou Gael, fechando as mãos em punhos em cima da mesa — Beth, a criada pessoal dela, me contou que a encontrou em um estado preocupante. Ela chorava, encolhida, como se estivesse tentando amparar seu próprio corpo. E Beth disse que isso foi apenas o início de vários sinais alarmantes, porque depois desse dia, Beth se proclamou criada pessoal dela, querendo ficar mais perto, ficar de olho. Mas até agora ela não conseguiu descobrir muita coisa, apenas que...
— O quê? — exigi, apertando os braços da cadeira com força.
— Hadara não fica à vontade com pessoas novas, que ela tem dificuldade em fazer escolhas simples, como por exemplo o que quer comer. Beth me contou que é como se ela simplesmente travasse e não conseguisse decidir se quer café ou chá, bolo ou torta. São coisas simples, mas para ela é como se o mundo parasse.
— Mas por quê? — Meu sangue ferve nas veias ao começar a pensar no que poderia causar esse tipo de reação a uma pessoa.
Ele respirou fundo.
— Beth não sabe, ela apenas reparou que a princesa normalmente quando está sozinha, fica travada. Como se sua mente entrasse em pânico — contou-me, e notei que estava tão furioso com tudo isso tanto quanto eu — Mas Beth está tentando ajudá-la. Toda refeição ela leva uma única opção de comida diferente, assim Hadara consegue comer normalmente e com isso, podemos ajudá-la a descobrir do que gosta.
Meu sangue começou a latejar nos meus ouvidos.
— Eu a quero, Gael. E não estou disposto a desistir disso.
Meu melhor amigo me observou.
— E como pretende fazer isso?
Eu o encarei bem dentro dos olhos.
— Vou sequestrá-la — revelei, abrindo um sorriso de lado.
Minha ideia era sensacional! Eu era sensacional.
Por isso, fiquei em choque quando Gael retrucou um sonoro:
— Não! — ele se inclinou para frente, olhando bem para mim, irritado — Mas é claro que não vai, sua peste!
Eu pisquei.
— Por que diabos não?
— Porque é um sequestro, seu imbecil! Não pode simplesmente sequestrar uma pessoa.
Um suspiro me escapou.
— Esqueci o quanto você é lento para entender — resmunguei, então esclareci minha ideia: — Eu vou "sequestrá-la" — fiz aspas no ar para dar ênfase e continuei: — Não vou prendê-la nem nada disso, relaxa. Vou levá-la para minha ala do castelo, onde ninguém pode entrar sem minha permissão. Como eu não sei quem é a pessoa que está fazendo isso com ela, tenho que fazer parecer que eu a estou obrigando a ir ficar comigo. E ninguém vai discutir se o Rei me apoiar, compreende? Eu vou me tornar o guarda pessoal dela, até descobrirmos tudo. Quando Hadara se mudar para minha ala, ela vai sozinha. Se ela quiser a companhia de alguém, vai ter que me dizer e mesmo assim, eu ainda pretendo fazer um teste com ela e ficar de olho para ver se não é uma armadilha da pessoa para acabar conseguindo continuar a controlá-la.
Gael estava completamente chocado.
— Não sabia que você se importava tanto assim — sussurrou ele.
— Eu simplesmente cansei de perguntar e receber apenas mentiras de volta — rebati, com raiva e frustrado ao mesmo tempo — Mas eu tenho uma pista, que pode melhorar as coisas. Hadara ficou tão transtornada comigo hoje que deixou escapar que a pessoa que a machuca é um ela. É uma mulher, Gael.
Os nós dos dedos de Gael estavam brancos conforme a força que ele fazia contra eles, comprimindo as mãos em punhos cerrados.
— Isso pode ser muito útil — ele deliberou, e naquele momento, o olhar sério e estrategista do Rei de Raen apareceu em seu rosto. O homem na minha frente não era mais meu melhor amigo, era um Rei disposto a tudo para proteger seus súditos, e enquanto Hadara estivesse em solo de Raen, ela era uma de nós — Nós vamos tirá-la disso, Asher.
Eu assenti, uma expressão feroz tomando conta do meu rosto.
— É claro que vamos.
Levantei-me e caminhei até a porta e com a mão na maçaneta, olhei por cima do ombro, para ele e anunciei:
— Pretendo deixar Elia cuidando de tudo enquanto eu estiver com ela.
— Faça o que achar melhor. Tem o meu apoio.
Sentindo meu peito inchar de emoção, eu pressionei os lábios.
— Obrigado, irmão.
— Asher?
— Sim?
— Cuide dela.
— Sempre.
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Beijoos de luuz 💖
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Broken Hearts Fit Together (Duologia Broken Hearts, Livro 02)
RomanceEra uma vez, uma princesa que foi quebrada, forjada e moldada ao bel prazer pela última pessoa na face da terra que deveria ousar pensar em tais atitudes inimaginavéis contra ela. Mas aconteceu e a garota que desde o 5 anos vem sendo escrava em seu...