✨ Capítulo 29 ✨

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"Eu quero chorar e eu quero amar
Mas todas as minhas lágrimas foram gastas
Em outro amor, outro amor
Todas as minhas lágrimas foram gastas
Em outro amor, outro amor"
— Another Love, Tom Odell

Asher Mcbride

Me tornava uma pessoa ruim por estar aliviado com a morte de alguém?

Se tornava, eu não me importava.

Porque eu estava aliviado. Profundamente aliviado.

Maya teve exatamente aquilo que mereceu.

Eu e Gael sabíamos que as semanas que se seguiram à morte dela seriam... delicadas. Por mais que Hadara e Serena insistissem que não se importavam, nós sabíamos que não era de todo verdade. As duas cresceram com Maya em seu encalço, como um fantasma. E Serena cresceu achando que ela era sua mãe, e por mais que Maya constantemente a desprezasse, ela voltava e tentava conquistar o amor dela. Porque acreditava que era sua mãe. Ela passou anos tentando fazer Maya aceitá-la ou simplesmente tentando entender o que tinha de errado para a mãe não gostar dela.

E Hadara cresceu com um carrasco que a controlava como a um cão. Que a privava dos simples prazeres da vida, como comer. E tantas outras coisas. Isso não pode ser apagado assim. Não se esquece e apenas deleta memórias como essas.

Sei que a morte de Maya pode ter significados diferentes para cada uma delas, por isso, precisam de tempo para colocar os pensamentos e as emoções no lugar novamente. Depois de anos, elas estavam livres. E tinham muitos assuntos inacabados como uma família. Elas e o pai precisavam conversar, passar um tempo juntas e se entenderem. Criarem novas memórias. Precisavam disso.

Por isso, Gael e eu tomamos a frente de todas as outras coisas para deixá-los com tempo livre para passarem juntas, ou com o pai, ou simplesmente sozinhas. Eu estava pessoalmente supervisionando a reconstrução do orfanato, garantindo que tudo estava no melhor estado possível. As crianças ainda estavam conosco no castelo e era uma alegria contagiante tê-los correndo, rindo e brincando pelos corredores. E vê-los perseguindo Bola de Neve me deixou muito feliz, porque agora aquele cabrito abusado estava provando do próprio veneno. A amiga de Hadara, Cora, se mudou para o castelo também para ficarem juntas e agradeci aos céus por isso. Sabia que o apoio dela era muito importante para minha garota.

Gael e eu também voltamos a treinar todos os dias. Agora com as mulheres tirando um tempinho para elas mesmas, precisamos nos ocupar também. Treinávamos até a exaustão, do tipo que os soldados ficavam gritando e apostando quem ganharia, e depois precisavam nos socorrer porque nem conseguimos recuperar o fôlego.

Mas era muito bom.

Eu treinava regularmente antes de Hadara chegar, mas depois, tudo se resumiu a ela. E eu não me arrependo nem por um minuto. No fim das contas, valeu a pena. A mulher mais bonita do mundo era minha noiva e me amava. Tínhamos uma filha que era a luz da nossa vida. O que mais eu iria querer?

— Ash!!!!! — A voz de Addy preencheu o pátio de treinamento enquanto ela corria em minha direção, os cachos ruivos pulando ao seu redor e um olhar determinado em seu rosto.

Abaixei os punhos e encarei Gael por um minuto, pensando e levemente preocupado. Meu melhor amigo apenas riu enquanto balançava a cabeça.

— Ash! — Minha filha exigiu atenção, puxando minha calça.

— Sim, princesa? — eu me abaixei para ficar da altura de seus olhos.

— Eu preciso que faça uma trança no meu cabelo — disparou, animada.

Trança? Eu? Fazer? Nela?

Olhei para Gael e o bastardo estava rindo.

— Princesa, olha, eu não sou muito bom nesse negócio — tentei falar gentilmente, ao voltar meu olhar para seu rostinho — Cadê a mamãe? Por que não pediu a ela?

Broken Hearts Fit Together (Duologia Broken Hearts, Livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora