isso é algum tipo de piada? (R)

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Andando pela casa, ouço os sussurros do meu filho.

— Mãe? — Walburga se vira rapidamente em busca da voz, mas não vê ninguém. Não há mais ninguém naquela casa além dela.

Walburga foi até o tapete dos Black e viu o nome de Sirius queimado. Ela se encostou no tapete da família e ficou olhando os nomes por um longo tempo, parando no nome de Regulus Black. Ela havia perdido todo mundo, e agora iria morrer sozinha com seus arrependimentos.

— Mãe! Mãe! Acorda, por favor! — Ouço uma voz desesperada. "Até depois da morte não vou ter paz", penso. Abro os olhos e vejo um rosto familiar, mas novo, de uma criança. Ela se parece tanto com Regulus.

Tento me levantar e percebo que estou deitada na escada. Quando eu vim parar aqui? Espera... Quem é essa criança na minha casa? Olho para a criança, que ainda me encara com olhos arregalados e preocupados.

— Regulus...? — Pergunto, me perguntando se minhas alucinações pioraram. Agora, além de ouvir as vozes dos meus filhos, eu os vejo também. Riu para mim mesma. A loucura da família Black está realmente ficando mais difícil de segurar. Sinto que, a qualquer momento, vou pegar minha varinha e matar qualquer um que aparecer na minha frente.

Sinto pequenas mãos tocando meu rosto. Era Regulus, ele parecia estar segurando o choro, sua mão hesitante e tremendo um pouco. Alucinação ou não, eu abracei minha loucura e abracei Regulus. Acho que essa foi a primeira vez que o abracei, e achei estranho como o corpo dele parecia tão real, como ele ficou rígido em meus braços.

Abracei-o forte e ouvi um gemido de dor vindo dele. Soltei-o rapidamente e olhei em seus olhos. Esse era realmente Regulus?

Vi a confusão em seu rosto enquanto ele me olhava, e me levantei para ir até o tapete dos Black. Lá estavam os nomes... o de Sirius e de Andrômeda, mas não estavam queimados.

— Mãe? — Ouço uma voz com aquele mesmo tom desrespeitoso. Lá estava, na porta, com o rosto tão jovem e vestindo as roupas apropriadas para um sangue puro.

— Reg me chamou e disse que você não estava bem. Aconteceu alguma coisa? — Ele certamente não parecia interessado se eu estava bem ou não, estava fazendo isso por Regulus.

Não acredito que senti falta dessa criatura que saiu de mim, e não pude controlar o sorriso direcionado a ele. Agora vejo que ele parece realmente preocupado. Eu fiz alguma coisa errada?

Então o vejo correndo e gritando:

— Reg! Você estava certo, ela não está bem!

Agora estou sozinha, e me pergunto o que está acontecendo. Isso não parece um sonho. Estou vendo meus filhos muito mais jovens do que os vi pela última vez, e ainda por cima, um deles está vivo, e o outro está aqui, dentro desta casa que jurou nunca mais pisar.

Começo a analisar a situação. Parece que, de alguma forma, voltei no tempo. Mas eu queria confirmar isso, então comecei a procurar um espelho nessa mansão. Quando finalmente me vi, percebi: jovem e bonita. Essa mulher não parecia comigo.

Walburga vê pelo canto do espelho Orion encostado na porta, olhando para ela. Tento controlar minha expressão. Não é fácil ver pessoas mortas de volta à vida. Vejo que minha mão começa a tremer um pouco, e noto o olhar desconfiado de meu marido.

— O que foi, querido? — Vejo que ele parece surpreso. Claro, eu nunca o havia chamado de querido, sempre foi "Orion".

— Você está agindo um pouco fora do seu personagem. — Ele diz, com aquele tom de curiosidade. Está intrigado pela minha mudança repentina, e eu nem fiz nada demais ainda.

— Eu só resolvi mudar um pouco. — Agora, pensando bem, meus pais já estão mortos. Fiz as contas de que ano eu estou e, vendo Sirius usando roupas de bruxo em vez de trouxas, ele deve ter uns 10 anos. Então, meus pais já devem ter batido as botas.

— Não preciso continuar agindo assim. Não preciso mais da aprovação deles.

Especialmente do meu pai. Minha mãe me ensinou como uma dama deve agir e se comportar, mas nunca entendeu por que sua própria mãe se jogou do penhasco. Na cabeça dela, o culpado foi meu pai.

— Talvez o que você esteja me dizendo seja verdade, ou talvez você não seja minha verdadeira esposa. — Orion continua, desconfiado.

— Pense o que quiser, meu querido, mas eu estou cansada. E não quero que nossos filhos sigam os mesmos caminhos que nós, quando começamos a seguir... Tom.

— Você sabe que ele não gosta de ser chamado assim.

— Claro, mas ele não está aqui. E fico me perguntando o que passava pela minha cabeça quando me curvei diante de um mestiço. Traí minhas próprias crenças.

Ficamos nos encarando por um longo tempo, até que ele concorda com a cabeça.

— Se é isso que você quer para eles, então concordo. É seu dever cuidar deles, mas não dê tanta liberdade assim, "querida".

Sinto falta do antigo Orion, aquele garoto risonho e feliz, que teve isso tirado pelos pais e por Tom.

Orion se vira e vai embora. Eu olho pela janela, vendo que a noite se aproxima. Decido ir para o meu quarto. Eu e Orion dormíamos em quartos separados, e vejo meu próprio retrato me observando de forma estranha.

— Mamãe, você pode nos colocar na cama? — Pergunta Regulus, com uma voz sonolenta, enquanto esfrega os olhinhos. Sirius também estava cansado, mas ainda orgulhoso o suficiente para tentar se manter em pé, fingindo que estava "muito bem".

Fiz a correção dos erros de português

WALBURGA BLACK E SEU RETORNO Onde histórias criam vida. Descubra agora