Billie Eilish:
Já se passavam das onze da noite, e meus pensamentos não se aquietavam por um segundo se quer. Meus pais estavam no trabalho, e Finneas estava em seu décimo sono. Sinto uma tremenda falta de ar me consumir, eu sabia o que iria acontecer dali para frente, mas tentei ao máximo me segurar. Quando menos percebi as lágrimas já escorriam pelo meu rosto.
Crise de pânico.
Eu simplesmente odeio tudo relacionado a mim, meu corpo, meu estilo, minha cabeça, meus pensamentos, tudo é um problema, talvez seja por isso que as pessoas não me querem por perto, talvez por isso que eu seja uma aberração.
Pego os remédios em minha cabeceira e os tomo sem ao menos beber água, tento acalmar minha respiração, me deito de costas para a porta ainda sentindo a ansiedade consumir meu corpo. Pude sentir algo se deitando ao meu lado e me abraçando, e reconheço rapidamente aquele abraço.
— Pude ouvir sua respiração acelerada do meu quarto.. você não é o problema bills — Pude respirar fundo e me encolher nos braços de meu irmão. Acabei pegando no sono ali mesmo, nos braços da pessoa que me mantém viva.
Acordei no dia seguinte sentindo uma tremenda dor de cabeça, é sábado, o que quer dizer que tenho trabalho na casa da Stephan, não sei como reagir sobre isso até hoje. Depois da aula do Davi, Katharine começou a me cumprimentar no corredor e nas aulas, é tudo extremamente estranho e novo.
— Bom dia querida, estou fazendo seu café — Minha mãe disse com sua voz doce de sempre. Caminhei até ela deixando um beijo em sua testa e sentando na mesa.
— Seu irmão foi ao mercado, comprar alguns legumes para o almoço — Dona Maggie disse como se estivesse lendo meus pensamentos.
Agradeci pelas panquecas, minha mãe cozinha muito bem, na verdade, ela cozinha como ninguém, posso ser uma completa idiota, mas minha dona Maggie é como se fosse uma parte de mim, eu não seria nada sem ela, e provavelmente nem estaria aqui para contar história.
— Mãe, tenho um trabalho na casa de uma colega hoje — Na velocidade da luz, ela se virou com um sorriso tão largo que poderia rasgar seu rosto.
— Que bom querida. Fico extremamente feliz por isso! — Pude ver felicidade em seus olhos.
Todos sabem que eu não tenho amigos, as pessoas me odeiam, não chegam perto de mim, sentem nojo, então alguém se "aproximar" por mais que seja por um trabalho, vira um motivo de felicidade para todos da minha família.
Mas não para mim, as pessoas são cruéis, por mais que Katharine não pareça ser igual elas, não devo confiar nela, e nem em ninguém.
A manhã foi monótona como sempre, fiquei jogada no sofá assistindo alguns programas que passavam, almoçamos todos juntos em família, resolvi subir para me arrumar.
Tomei um banho quente, quase fervendo, vesti um moletom e uma blusa bem, mas bem grande, coloquei alguns anéis e um colar fino de prata. Deixei meus cabelos soltos e coloquei um tênis no pé, eu pensava em simplesmente não ir, inventar qualquer desculpa idiota ou qualquer coisa do tipo, mas seria injusto da minha parte.
Respirei fundo e desci as escadas, avisei meu irmão que já estava de saída.
— Bills, qualquer coisa me liga, pode me ligar, eu te busco na hora, ok? — Assenti rindo fraco de sua preocupação.
— Tá bom Finn, eu sei me cuidar — Sorri. Ele me analisou por segundos e suspirou — Não quer uma carona? posso te levar — Neguei rapidamente.
— Eu agradeço, mas é perto, posso ir e voltar andando — Sorri já indo para a porta.
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Peachy
FanfictionOnde Katharine Stephan Menezes, começa a reparar em Billie Eilish, a "aberração" de sua escola.