FOI NO FIM QUE TUDO COMEÇOU

Capítulo 2: A Viagem De Maxwell

"Quando a ansiedade já me dominava no íntimo,

O teu consolo trouxe alívio a minha alma." (Salmos 94:19)

Maxwell
Abro a porta do meu quarto e tudo que vejo é uma cama e várias caixas de papelão, uma empilhada na outra. Preciso doar todas essas coisas antes de me mudar. Como será que as coisas vão ficar depois que eu não estiver mais aqui? Devo me preocupar com Gael? Talvez eu devesse me desculpar com ele.

Olhando para janela começo a contemplar o quão linda é a criação de Deus. É triste ver que o ser humano deixa rastro de destruição por onde passa. Um lugar que deveria ser cheio de ar puro está poluído com as obras humanas. E ainda á pessoas que olha para o céu e colocam a culpa em um ser tão perfeito como Deus.

Percebi que horas são, exatamente a hora que eu gosto de orar. 3 da madrugada.
Dobro meu joelho no chão e começo a conversar com Deus.

Catarina
Estou olhando para o teto do meu quarto pensando no quando eu detesto ter insônia. Eu penso demais e isso está me destruindo aos poucos.

Talvez seja apenas por causa de Gael.
Me levanto sabendo que não vou conseguir dormir. Meu apartamento fica de frente com o de Maxwell, por isso consigo ver a luz acessa e saio para fazer uma caminhada. Morar no centro de São Paulo é ver carros passando de um lado para o outro, mesmo nessas horas, sem contar a aparência dos prédios que são sempre os mesmos padrões.

Olho para o céu... nenhuma estrela sequer. Apenas a lua com a nuvem em sua frente. Viver em um lugar tão poluído dá nisso.

- Quando eu e meu marido éramos jovens, esse lugar costumava ser lindo. Cheio de estrelas - uma senhora, com um lindo vestido de flores falou, olhando para o céu junto comigo.

- Imagino.

- Dia difícil? - olhei para o lado e a senhora já havia saído, agora quem estava ali era Maxwell.

MAXWELL

- E o seu? - Falou, fugindo da minha pergunta como sempre.

- Acho que sim. Por que entrou na minha frente? Poderia ter se machucado, e aliás, não acha que deveria ficar do lado do seu namorado?

- Ele... não é meu namorado. E eu entrei na sua frente...porque...foi apenas um reflexo. Eu faria aquilo por qualquer um.

- Humm. Ok.

- O que? - porque ela está com raiva de mim?

- Sinto muito por deixar o Sr. Gael zangado - chutei o motivo.

- Eu não te entendo, Maxwell.

Aí está uma frase que eu não esperava vim dela. Talvez o fato de eu ter passado anos esperando que ela olhasse para mim de novo, me fez acreditar de que ela estava realmente apaixonada por Gael. Mas essa é só uma teoria.

- Sinto muito. Não se preocupe, não vou te meter em encrenca de novo.

- Só se deve pedir desculpas se tiver feito algo errado. Mas foi Gael que começou- Ela nem ao menos sabe o que aconteceu para discutirmos. Como pode ter tanta certeza que Gael começou?

- Seu cabelo não está arrumado com gel hoje.

- Ah, você percebeu - falei passando a mão no meu cabelo - eu não passo gel no cabelo quando estou em casa - isso é uma mentira, não consigo ficar sem gel, meu cabelo bagunçado me deixa na maior agonia. Porém, hoje foi um dia tão corrido que nem pensei nisso. Agora ela me fez lembrar.

- Uau! Maxwell? Deixa a vaidade de lado?

- Você não perde uma oportunidade de fazer piadinha sobre mim, não é?