FOI NO FIM QUE TUDO COMEÇOU

Capítulo 21 : Revelação

1 João 2:25 "E esta é a promessa que ele nos fez: A vida eterna."

MAXWELL

Mais uma vez passo a noite em claro preocupado com Ester. Jack me ligou de madrugada dizendo que ela não parava de chorar enquanto dormia. E para piorar recebo uma ligação:

- Maxwell?! - a voz de Catarina está abafada como se ela estivesse preocupada.

- O que foi?

- Você está bem, não é? - ela está desesperada. Com o que exatamente?

- Claro - tirando o fato de que passei a noite acordado no hospital - por que?

- Sonhei com você. Podemos nos encontrar? Não consigo falar por telefone, quero ter certeza... Certeza de que está bem.

Depois de finalmente ver Ester dormir tranquilamente, vou até onde Catarina está hospedada.

- Oi - tomo um susto quando percebo que ela está me abraçando. Só depois de alguns segundos retribuo o abraço - está tudo bem? - sussurrei.

Ela apenas balançou a cabeça dizendo que sim.

Entramos e comprimentei Isabel.

- Bom dia.

- Bom dia. Aceita um café?

- Não, obrigado - olhei para Catarina curioso. Que sonho foi? Até Isabel me olhava com preocupação. Não é como se eu tivesse morrido ou algo assim.

- Que sonho foi?

- Sonhei... Que você tinha levado vários tiros e eu vi - as mãos dela estavam tremendo e me bateu uma sensação de desconforto. Por que eu levaria tiros?

- Isso não vai acontecer. Não tem motivo. Na época que eu era advogado até tinha probabilidade, mas não agora.

- E se alguém que já foi preso por sua causa fizer isso?

- Eu estou no Reino Unido.

- Mas, Maxwell, foi muito real.

- Se acontecer, vai ficar tudo bem também.

- Eu não vou ficar bem. E Ester?

- Vamos fazer o que servos de Deus fazem. Orar. O que for acontecer, que seja pela vontade Dele. Melhor uma vida eterna no céu do que alguns anos a mais na terra.

- Eu não sei o que dizer - Isabel falou - só vigia tá bom? Vamos todos orar e pedir oração para nosso grupo cristão. Mas vigia, às vezes esse sonho veio para dar libertação de algum perigo.

- É mesmo - Olhei para Catarina que ainda estava com semblante preocupado. Isso me fez pensar:o que Ester sonhou?

- Tenho que comprar algumas coisas, vou deixar vocês a sós por um tempinho - Isabel pegou a chave ( provavelmente do carro, não reparei muito ) e saiu.

- Está tudo bem, Castro.

- Eu sei.

- É só isso que te preocupa?

- Carla...

- O que tem ela?

- Me sinto uma pessoa horrível agora.

- O que aconteceu?

- Ela se meteu em uma enrascada. Mas em vez de ajudar eu só piorei as coisas. Julguei ela - Catarina respirou fundo antes de dizer:

- Posso te perguntar uma coisa?

- Pode.

- Você também acha que eu sou do tipo que sempre consegue o que quer?

- Eu não acho nada. Sei que cada um tem seus desafios a enfrentar.

- Então vamos supor que você tenha sido meu melhor amigo durante minha pré- adolescência.

- Isso foi aleatório.

- E você era meu protetor e a pessoa que mais confiava em mim, e em quem eu mais confiava.

- Bem específico - saber que ela está se referindo a mim sem saber me deixa desconfortável.

- E... estava passando por momentos difíceis, acreditava que eu poderia ajudá-lo em algo. Mas de repente, quando mais precisa de mim, eu sofro um acidente e esqueço de cada detalhe, de tudo que um dia vivemos - ela tentou encontrar meus olhos, porém desviei rapidamente. Sei que ela está acostumada com essa situação. Onde ela encara alguém e descobre a verdade por trás da pessoa.

- Então? - falei olhando para o chão, fingindo estar apenas distraído da conversa.

- Como se sentiria se fosse esse garoto?

- Ah. Essa era a questão que queria chegar.

- Sim. Você é bom em se colocar no lugar dos outros.

- Eu não sei como era esse garoto, mas acho que no primeiro momento ficaria preocupado com seu acidente, depois triste por ter esquecido de tudo e no fim, ficaria aliviado.

- Aliviado?

- Supondo que eu era esse garoto cheio de problemas, eu ficaria muito aliviado de você ter se esquecido de mim. Eu teria uma chance de recomeçar como alguém decente.

- Ainda pensaria em recomeçar?

- Claro - foi assim. Quando achei que era o fim naquele telhado onde pretendia acabar com a minha própria vida, Cristo me mostrou que era só o começo. Eu seria um idiota se parasse mesmo quando Ele disse para continuar.

- E não se sentiria incomodado? De viver comigo sabendo que algum dia fomos mais que conhecidos?

- Não sei. Acho que só esse garoto pode responder - não posso ir muito longe daqui. Ela é esperta demais para isso.

- Eu não queria ter me esquecido dele. Sabe de uma coisa? Cansa... Viver assim, a ligação que tive com minha prima ontem me fez olhar para mim mesma de outra forma. Não imaginava que as pessoas...

- Catarina, escute bem o que vou falar - agora sim a olhei nos olhos - Acho que já te disse antes, mas vou repetir : as pessoas nos julgam pelo que veem em nós, Deus nos julga pelo que somos. Por que não para de se importar com o que os outros pensam?

- Eu realmente errei com Carla. É isso que está me fazendo mal.

- Então peça perdão a ela.

Passamos mais uns bons minutos conversando sobre os problemas de Carla até Jack ligar para mim e eu ter que voltar ao hospital.