Capítulo 7: Viagem Ao Reino Unido

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Hebreus 11:6 Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

CATARINA

- Por favor!! - Isabel, minha melhor amiga implorava.

- Nem sonhando - falei.

Conheci Isabel no aeroporto na vinda para o Brasil, é incrível como temos uma conexão tão grande. É como se ela fosse minha irmã.

- É só uma viagem!

- Uma viagem para o Reino Unido!!!

- Você vai estar de férias. Não vai ser muito tempo. Só um mês.

- Não estou a fim de viajar não.

- Que chatice! Não tem problema, vou viajar com Renata então.

- Tá! Eu vou. Mas vai ter que me obedecer durante toda a viagem.

- Fechado.

Isso foi a uma semana atrás. Nem dá para acreditar que estou mesmo fazendo as malas para ir ao Reino Unido. O que eu vou fazer em Londres? Só Isa para sonhar com um isso mesmo.

Sento na cama, ao lado da minha mãe.

- Aproveita a viagem - abri um sorriso antes de perguntar algo que me incomoda há muito tempo.

- Porque você e papai se divorciaram? - minha mãe mudou a expressão de seu rosto.

- Você sabe.

- Não. Na verdade eu só fingi que sabia. Mas, você me contou o que aconteceu logo depois de eu ter acordado do acidente. Eu não me lembro mais.

- Por que de repente você quer saber?

- Mãe, eu vou ser direta - e realmente vou.

- Tá bom.

- Faz dois anos e meio que tenho sonhos estranhos.

- Como assim?

- Quando não sonho que estou correndo atrás de papai, gritando pelo nome dele, eu sonho com um garoto. Por mais que eu tente ver o rosto desse garoto, não consigo. Mas esses sonhos são muito reais.

- O que quer dizer com isso?

- Quando estou gritando por papai, o medo me invade e só vejo uma luz branca. Então eu apareço em outro lugar, muito feliz ao lado de um garoto. E o único sentimento que me bate quando acaba o sonho é saudade. Mas do que? Eu não sei. Do meu pai? Ou do garoto? Eu estou confusa, mãe. Preciso da sua sinceridade.

- Eu sei quem é o garoto - ela assentiu de cabeça baixa - você estava sempre com ele na adolescência. Então só pode ser ele.

- E quem é?

- Não lembro o nome - é mentira. Minha mãe esquece que sou promotora. Consigo ver nos olhos da pessoa uma mentira.

- Ah...

- Mas... ele foi mandado para o orfanato pelos próprios pais.

- Por que?

- Os pais dele eram... Como eu posso dizer...

- Hum...

- Ateus.

- E daí?

- E daí que você... - os olhos da minha mãe se encheu de lágrimas. Lágrimas que ela segurou - você falava de Jesus para ele todos os dias. Ele passou a acreditar na salvação e...

- O que?

- Você pediu para comprarmos uma bíblia para ele. Quando o presenteamos, os pais dele tentaram a todo custo rasgar a bíblia, e ao em vez de deixar e abandonar a própria fé, ele começou a evangelizar dentro da própria casa. E disse que nunca conheceu um amor tão perfeito quando a própria palavra. Por isso eles largaram o garoto no orfanato.

Senti um aperto no coração. Ele deve ter passado por muita coisa. Mas ainda sinto um ponto de mentira nessa história.

- Procurei ele quando você sofreu o acidente em todos os orfanatos possíveis da cidade e até mesmo das cidades vizinhas. Mas não encontramos. Talvez porque era de família rica provavelmente mandaram para fora do país.

Não consigo dizer absolutamente nada.

- Tudo bem. Eu lembro o nome dele. Mas não quero que o passado volte a tona, filha. E ele também não.

- Como assim, ele também não?

- Me encontrei com ele depois de grande.

- O que?!! - meu coração está acelerado. Sinto que a qualquer momento ele pode sair do peito.

- Ele me disse que caso perguntasse... caso você se lembrasse, era para dizer que... Ah filha. Não vou conseguir falar sem chorar. Nos encontramos no aeroporto.

- O que? O que quer dizer com isso?

- Antes de entrar no avião, vou te entregar algo que ele deixou comigo.

Minha mãe foi em bora e então percebi que aquela conversa ajudou ela a fugir da minha pergunta principal.

Nunca arrumei minhas malas com tanta rapidez. Cheguei no aeroporto antes do combinado, mas Isabel estava mais ansiosa do que eu, por isso já estava lá.

- Oii.

- Para que tudo isso? - perguntei, olhando para as 2 malas e 3 bolsas que ela carregava.

- É sempre bom levar o que precisa.

-Isso é mais do que o necessário.

- Não é não - ela estava chorando?

- O que aconteceu?

- Terminamos - ela abaixou a cabeça pronta para chorar e se sentou na cadeira - ele terminou comigo por mensagem.

- Que sem vergonha! Como ele pode fazer isso com você? - liguei meu celular pronta para xingar Vinício.

- Não faça isso -ela começou a chorar. Sentei ao lado dela e a abracei - ele é um idiota.

- Ele não te merece. Sempre disse isso.

- Deveria ter te escutado - ela chorou por muitos minutos antes da minha mãe aparecer.

- Fica em paz. Vamos fazer essa viagem e você vai até esquecer que algum dia conheceu ele. Quem sabe o seu amor não está em outro país.

Ela abriu um sorriso falso e levantei para falar com a minha mãe.

- Aqui - ela me estendeu uma carta - boa viagem - e me deu um beijo na testa antes de entrarmos no avião.

Não consegui parar de olhar para aquela carta fechada. E me senti mal por Isa. Ficamos a viagem inteira em silêncio.

FOI NO FIM QUE TUDO COMEÇOUOnde histórias criam vida. Descubra agora