Prólogo

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PRÓLOGO 

Yunmeng, Província Chinesa.

Novembro de 1886

- Por favor, por tudo que lhe é mais sagrado, cuide bem de minha filhinha. - A poeira trazida pelo vento interrompeu a voz de Wei Wuxian
por um instante. Estendeu a mão e acariciou os cabelos macios da criança, tentando guardar, na memória, suas feições delicadas. - Cubra-a bem para dormir. E ela gosta de ouvir uma canção de ninar.
- Mesmo quando era cantada por uma criatura perversa como você?

A voz de Jiang Ziyuan flutuou através do véu preto de seu luto fechado. As palavras eram mais ásperas do que o vento vindo das montanhas baixas, assobiando pelas ruas de Yunmeng.
O olhar de Wei Wuxian fixou-se no rostinho inocente, ainda de bebê, observando o nariz arrebitado e os lábios macios.

- Prometa niná-la na cadeira de balanço e, de vez em quando, carregá-la durante o dia. Você fará isso, Ziyuan?

As faces de Jiang Wei Yanli já estavam ficando vermelhas por causa do vento. Wuxian censurou-se por ser tão egoísta. Tinha implorado a Ziyuan para trazer Yanli à estação ferroviária, apesar da viagem longa de diligência, do Píer de Lótus  até ali. Mas ansiava ter mais uns minutinhos para ver a filha.

- Por favor, ajude-a a fazer suas orações, Ziyuan.

- Que tipo de oração um ômega cavador de ouro como você conhece?

As palavras foram atiradas com tal rancor que, ao ouvi-las, Lan Wangji sentiu-se mal. Enquanto observava a cena, a aba do chapéu  disfarçando-lhe a expressão, Ziyuan virou o corpo, forçando o ombro a interpor-se entre Yanli e a mão estendida de Wuxian.

Este quase conseguiu alcançar a criança, mas apenas tocou a gola de pele de coelho de seu casaco de veludo vermelho.

- Deixe-me carregá-la, Ziyuan, por favor. Quero senti-Ia pela última vez em meus braços - Wei Wuxian suplicou, mas não foi atendido.

Sem perceber, Lan Wangji respirou fundo e olhou para o céu. As nuvens ocres, que surgiam por detrás das montanhas, anunciavam uma tempestade.

- Eu queria que houvesse sol - Wuxian murmurou. - Seus cabelos ficam dourados com o reflexo dele.

Conseguiu tocar em uma mecha e inclinou-se, numa tentativa de beijar a testa de Yanli, mas Ziyuan recuou, frustrando-o.

A sogra não cederia um milímetro, nem mesmo nesse dia em que Wei Wuxian via a filha pela última vez.

- Antes de você embarcar nesse trem, Wei Wuxian, quero lhe dizer algo para você meditar pelo resto da vida.
Que espero seja longa, lá entre as paredes da Cidade sem Noite. - Ziyuan estremeceu como se o ódio sentido estivesse prestes a deixá-la muda. - Eu queria que você fosse enforcado pelo que fez a meu filho. E que ficasse pendurado na forca como exemplo para todos. - A voz falhou e ela esforçou-se para continuar. - Mas eu não faria isso à minha única neta. Vou criar Yanli para ser uma dama. Não por sua causa, Wuxian. Farei isso porque ela tem o sangue dos Jiangs nas veias.

- Sei que não acredita em mim, Ziyuan, mas eu amava Cheng. - Wuxian balbuciou.

- Amava tanto que o esfaqueou no coração - Ziyuan acusou ao recuar mais um pouco.

Wei Wuxian não negou o fato.

Sob o véu preto, Ziyuan estremeceu.
- Além de assassino, você é um grande mentiroso. Pense nisso todas as noites quando for dormir naquele lugar. Farei tudo que estiver ao meu alcance para apagar qualquer marca sua nesta criança. Ela jamais ficará sabendo que o mamã é o Ômega Peçonhento, a exemplo da aranha peçonhenta.

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