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    CAPÍTULO XVII

Wangji  leu o anúncio de página inteira que tinha publicado no Herald  e no Chronicle,  os dois jornais de Yunmeng. Uma expressão entre satisfeita e raivosa estampou-se no rosto dele. Se o chantagista fosse do tipo de homem covarde a ponto de ameaçar a vida de uma criança, a publicação vistosa seria mais do que irresistível. 

- Por que está com esse olhar zangado?
- Wuxian  perguntou ao entrar na biblioteca e sentar-se no chão, aos pés de Wangji .

Já era tarde e Yanli dormira algum tempo atrás. Porém, a casa continuava quente e abafada. As janelas abertas não amenizavam a temperatura, pois o ar, lá fora, estava parado. Wuxian desabotoou três botões da camisa e assoprou pelo decote a fim de se refrescar um pouco. O alívio foi pequeno e passageiro.

- Será um prazer fazer isso para você - Wangji  ofereceu, olhando por cima do jornal e ignorando-lhe a pergunta.

- Trate de não mudar de assunto. Conte o motivo desse seu ar carrancudo - insistiu o ômega, esforçando-se para escapar do magnetismo daqueles olhos dourados.

- Eu pensava na alegria que vou sentir quando puser as mãos naquele maldito arrogante que se atreveu a fazer as ameaças - Wangji  respondeu em tom gélido e revelador do estado de espírito dele.

A intimidação contra a vida de Yanli o tinha enfurecido infinitamente mais do que as duas contra a dele.
Porém, reconhecia o perigo de ser eliminado, pois isso deixaria a menina vulnerável demais.

- Você acha mesmo que ele irá à reinauguração da mina? - Apesar do calor, Wuxian  sentiu um arrepio de frio pelo corpo. - Trata-se de algo público, com muita gente, o que torna qualquer tentativa de assassinato um risco grande demais.

- Ele deve ser um dos mineradores responsáveis pela greve e, na minha opinião, não vai perder esta oportunidade.

- Você acredita que possa ser alguém de fora e não daqui de Yunmeng? - Wuxian perguntou.

- Essa possibilidade vem me martelando a mente. Naturalmente, posso ter me enferrujado um tanto. Faz muito tempo que rastreei um criminoso pela última vez.
- Por que não chama o xerife do Distrito de Qinghe para ajudá-lo? - sugeriu Wuxian .

- Jin Zixuan tem os seus próprios problemas e não seria justo incomodá-lo. Posso me encarregar disso sozinho, Wuxian . Não precisa se preocupar com a sua segurança e a de Yanli .

Um leve tom de desafio injuriado na voz dele fez Wuxian acariciá-lo na coxa.

- Não tive a intenção de insinuar desconfiança na sua capacidade policial. Apenas pensei que você gostaria de contar com alguma ajuda.

- Pois pensou errado.
Fitaram-se por um momento e a expressão raivosa de Wangji  transformou-se na de desejo. Um tipo de calor tênue pareceu uni-los. Ele curvou-se para alcançá-lo. Com a mão atrás da sua cabeça, puxou-o e o beijou. A língua explorou-lhe a boca, questionando, provocando e incitando uma reciprocidade ardente.

- Eu o desejo, Wuxian . Eu o quero sob mim, ao meu lado e em volta do meu corpo inteiro.

A voz profunda dele ecoou na sua parte mais profunda, estimulando em Wuxian a carência despertada.

Wangji  chegou mais para a frente da poltrona e escorregou para o chão, ajoelhando-se ao seu lado.

- Deixe-me mostrar o quanto o quero.

- Wangji , desejo tanto saber! - provocou o ômega enquanto enfiava as mãos sob a camisa dele e o acariciava no peito.

- Quero possuí-lo e ouvir a sua voz murmurar o meu nome nesse momento.

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