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CAPÍTULO IX
Sentado no quarto, Wuxian tentava aplacar a dor de cabeça com uma compressa de água fria. Em vão esforçava-se para não pensar nas humilhações sofridas à tarde. Em todos os lugares aonde tinham ido as pessoas o apontavam, lançavam-lhe olhares curiosos e cochichavam.
Assim fora até Lan Wangji reagir com raiva fria. Ele havia ameaçado, intimidado e forçado todos a se comportar melhor - até certo ponto.
Wuxian suspirou e tentou esquecer o que tinha ouvido. Com a tristeza profunda provocada pela morte de Cheng e com o sofrimento do julgamento e da condenação logo em seguida, ele não havia percebido o que tinha acontecido à cidade. As minas de cobre haviam atraído muitos homens para essa parte do território.
Mas depois da morte de Cheng, as minas, fechadas durante a greve, não tinham sido reabertas, deixando muitos desempregados. Outro crime atirado às costas de Wuxian , de acordo com os comentários das pessoas.Mas Wangji tinha agido a esse respeito também. Enquanto passeavam pela cidade, ele deixava escapar como os dois planejavam preparar a Yiling a fim de reativá-la. O homem era um enigma.
Uma batida na porta fez Wuxian levantar-se.- Entre - disse ao abri-Ia, esperando ver o rosto alegre de Yanli .
Mas era Wangji com uma bandeja nas mãos. Ele parecia um tanto embaraçado por se encontrar à porta do seu quarto.
- Yanli preparou um chá para você. Achou que faria bem para a sua dor de cabeça. Posso entrar? - perguntou, olhando para a bandeja.Só então Wuxian notou que havia duas xícaras nela. E também que continuava bloqueando a passagem.
Afastou-se e disse:
- Claro, entre.Ao vê-Io passar, o porte viril dele acelerou um pouco o seu pulso. Em questão de segundos, ele punha a bandeja numa mesinha perto do balcão e servia o chá.
- Importa-se que eu lhe faça companhia?A pergunta, feita por mera delicadeza, dispensava resposta. Mesmo assim, ele disse:
- Fique à vontade.Deixou a porta entreaberta e aproximou-se do balcão. O sol já estava bem baixo e, de vez em quando, ainda se ouviam os rojões soltados em Yunmeng.
- Onde está Yanli ? - Wuxian quis saber.- Brincando com bonecas de papel. Certas coisas eu a deixo fazer sozinha. Essa é uma delas. Eu só atrapalharia.
Wuxian não conteve um sorriso ao imaginar Lan Wangji , o ex-policial grandalhão, recortando e vestindo bonecas de papel.
- Seu chá está servido - avisou ele, apontando para a xícara e ao sentar-se ao lado da mesinha.
- Obrigado.
Wuxian apanhou a xícara, mas continuou em pé, olhando pelo balcão.- Logo será noite - murmurou numa voz meio trêmula, como se falasse consigo mesmo.
- Wuxian , eu... eu o ouvi ontem à noite - Wangji contou, mas não teve coragem para fitá-lo.- Desculpe se eu o perturbei.
Imaginava o quanto ele teria ouvido.
- Caso você deseje desabafar, abrir-se com alguém, estou à sua disposição - ofereceu ele.- Obrigado, mas não quero falar e nem mesmo pensar sobre isso. Por Deus, eu gostaria de esquecer tudo. -
Calou-se por um instante e, depois, acrescentou: - Agradeço o seu interesse.Ele deu de ombros e desviou o olhar.
- Ora, de nada. Foi um mero oferecimento. Às vezes, apenas falando sobre certas coisas a gente se livra delas.Wuxian sentiu o rosto queimar. Odiava os pesadelos, e mais agora, pelo fato de Wangji estar ciente deles.
- Yanli também tem pesadelos. Aliás, você já sabe disso, não é? - ele comentou enquanto passava a ponta do dedo pela borda da xícara.
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Entre o amor e a Lei
FanfictionA LEI HAVIA COMETIDO UM ERRO China 1889 Arrancado do lado da filha e encarcerado, o ômega Wei Wuxian pensara que a vida havia chegado ao fim. Porém quis o destino que fosse solto. Mas que tipo de liberdade era aquele que a prendia ao homem que jur...