A verdade dói

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Shiv's POV

Acordo com o despertador gritando ao meu ouvido. Assim que abro os olhos eu os sinto queimar com a claridade, minha cabeça parece pesar 100 kg. Uma sede envolve toda a minha boca e garganta. Posso sentir a bile subindo. Voltar a beber depois de Nick ter ido embora não foi uma das decisões mais inteligentes que eu já tomei, mas foda-se! Eu estava morrendo de raiva.

Raiva do Tom, do Nick e sendo bem sincera, de mim. Tudo aquilo pode não ter passado apenas de um equívoco, o fato de aquela garota estar no carro dele poderia não significar nada. Nada. Talvez "nada" fosse o que nós tivéssemos, nunca prometemos exclusividade um ao outro, apesar de tudo.

O arame farpado que eu sentia sufocar minha garganta se afrouxa no momento em que me distraio com o meu celular vibrando no meu bolso. Pego o celular e desbloqueio a tela, nela tem uma mensagem do Tom.

"Sexta avenida com a Johnson, nº 1745. Esteja lá em 40 minutos por favor."

Quem ele pensa que é, porra? Some a noite inteira e-
Outra mensagem.

"Por favor, Shiv."

Olho para o visor e já passam das 14h. Me levanto e no momento em que eu faço isso a bile sobe com toda a força. Corro para o banheiro. Coloco para fora todos os litros e mais litros de bebida que eu ingeri na noite passada. Assim que termino sinto uma fraqueza tomar conta do meu corpo, foi como se alguém tivesse me espancado. Faziam anos que não me sentia tão fraca assim, mas nunca me esqueceria da sensação de ser impotente. Odeio não controlar o meu corpo. Dou descarga no vaso e encosto a minha cabeça na porcelana. Tento recuperar as forças, mas quando sinto um resquício de energia cruzar o meu corpo me vem a imagem da morena no carro dele.

Maldito seja Tom Kaulitz.

14:38

Estou no local que o Tom me passou, é um hotel no centro da cidade. Era mais fácil ele ter dito o nome do hotel ao invés de um endereço que demorei séculos para encontrar. Entro no prédio e vou até a recepção, o homem de meia idade que atendia o balcão me olha dos pés a cabeça. Eu não era a pessoa mais mal vestida do local, mas ele entortou o nariz para os meus jeans e regata branca. Pouco me importava o que ele pensava das minhas roupas ou como estava encarando os meus óculos escuros que eu ainda usava mesmo dentro do prédio. Eu estava com uma ressaca desgraçada, que se foda ele e o seu nariz torto.

-Siobhan O'Donnell, vim encontrar Tom Kaulitz. -Digo sem dar boa tarde, minha educação ficou para trás no momento que senti o julgamento palpável dele.

-Quarto 306, aqui o cartão -Disse estendendo a mão para me entregar o cartão. -Sexto andar.

Pego sem agradecer, vou para o elevador e aperto o número seis. Tento acalmar a minha respiração. Desde que recebi a mensagem dele não entendi o motivo de ele querer me encontrar em um lugar tão aleatório e agora que sei que é um hotel estou ainda mais inquieta. Os números dos painéis vão se iluminando conforme o elevador sobe. Seis. As portas se abrem e tem um corredor enorme à minha frente. Sigo as placas de orientação e rapidamente encontro o quarto. Apesar de estar com o cartão de acesso bato na porta. Passam-se alguns segundos e ele a abre. Meu coração acelera e um nó se forma em minha garganta quando vejo seu semblante. Ele não dormiu essa noite, está com as roupas de ontem. Ele me dá um meio sorriso e dá espaço para que eu possa passar por ele. Passo e imediatamente me viro de volta para ele.

-O que está acontecendo, Tom? -Pergunto com os braços cruzados fitando seus olhos.

-Precisamos conversar. -Diz fechando a porta atrás dele.

-Agora você quer conversar? Ignorou todas as minhas ligações até que a morena que estava no seu carro resolveu atender o telefone.

É isso mesmo, sem rodeios. Engula seco, eu te vi com ela.

KARMA | Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora