KARMA | Tom Kaulitz

Sumiço

Shiv's POV

Tomei um remédio para a dor que me fez apagar na noite passada. Vou até a minha janela e observo a rua, não leva nem dois segundos para eu reparar no carro de Tom ainda estacionado do outro lado. Me pergunto se ele dormiu ali ou se chegou cedo.

Troco de roupa, coloco uma regata qualquer e um short. Desço as escadas e vou para o bar. Assim que chego vou para o balcão e dou de cara com Juan, hoje os funcionários vão trabalhar só pela manhã e ele foi um dos escalados.

-Bom dia! Animado para o feriado? -Pergunto me servindo um copo de suco.

-E como! Já estou acabando aqui, Shiv. -Responde Juan com um sorriso estampado.

A maioria dos bares e restaurantes não dá folga ou meio expediente para os funcionários nos feriados. O antigo gerente do Karma seguia essa linha também, quando eu mudei isso fui praticamente ovacionada por eles. Esse turno que eles estão fazendo hoje é para dar conta das coisas que ficaram pendentes na noite anterior. Se não houvesse nada, nem precisam vir. Acho que ontem deve ter sido movimentado.

-Marquei uma praia com a Judy, quer ir também? -Pergunta juntando alguns envelopes que parecem cartas.

-Ah, obrigada, mas ainda tenho algumas coisas para resolver. Manda um beijo para ela.

-Ah, beleza. Ia ser engraçado ver você fracassando no surf de novo. -Brinca jogando todos aqueles envelopes no lixo.

-HA. HA. Pera, o que são esses papéis? -Pergunto apontando para o saco de lixo.

-Ah, são cartas de uma fã doida do Tom, ela é tipo uma stalker. Ela não consegue chegar perto dele então envia um milhão de cartas pra cá.

-Meu deus. Isso acontece com frequência?

-Sim, é bizarro. Nunca tive coragem de abrir nenhuma. O Tom também não as abre, a ordem é jogar fora se essa tal de Yalla enviar algo.

-Falando nisso, você viu ele? -Pergunto enquanto brinco com o copo em minhas mãos.

-O Tom? Sim, o cara tava horrível. O que foi que você fez com ele? -Pergunta dando um nó no saco de lixo.

-Nada, eu acho...

-Ele estava com as roupas de ontem. O Tony disse que viu ele dormindo no carro.

Eu não olho para Juan, continuo encarando o copo enquanto brinco com ele, mas posso sentir o olhar em mim.

-Nós brigamos. -Digo enfim quebrando o contato visual com o copo.

-Imaginei. Bom, se você quiser falar com ele, acho que ele está no escritório. Ele disse que tinha que pegar alguma coisa ali antes de sair para resolver uns problemas. -Diz me dando as costas e levando o lixo para fora.

Continuo parada ali no balcão. Minutos se passam e pouco a pouco vejo os poucos funcionários que vieram hoje indo embora. Com a casa vazia finalmente tomo coragem de ir ao escritório e conversar com ele. Para a minha surpresa, assim que chego lá, Tom já foi. Olho a agenda e hoje era dia de falar com alguns fornecedores, ele deve voltar rápido.

Me sento na minha mesa e encaro o computador. Resolvo trabalhar enquanto ele não chega. Os minutos se transformam em duas horas e ele ainda não chegou. Resolvo ligar, o telefone chama até cair na caixa postal. Talvez ele não queira falar comigo, talvez depois de ontem ele tenha se cansado de tudo isso. Ele deve estar com o Bill falando sobre como eu não quis resolver as coisas ente nós ontem, mas foda-se, eu precisava do meu tempo. Nem tudo vai ser como e quando ele quer que seja.

Passo mais um tempo ali no escritório, dividida entre trabalhar e ficar paranoica sobre o que exatamente ele está falando de mim para o Bill ou para o Georg agora. Maldito, ele errou também e o erro dele foi pior do que o meu.