Silvia Narrando
Acordei tarde no domingo, eu estava com os olhos inchados de tanto chorar. Já não aguentava mais ter flashback do Jorge me chamando de puta.
Eu estava triste, magoada, decepcionada e me sentindo muito mal. Eram 14:00 da tarde e no meu celular tinha 16 chamadas perdidas da Gabi, mas provavelmente ela queria conversar sobre o que houve ontem na festa do Bruno, já que assim que fui embora eu enviei uma mensagem contando tudo a ela. Eu não estava com cabeça pra conversar com ninguém no momento, então deixei tocar até cair na caixa postal.A única coisa que fiz foi levantar, tomar um banho, escovar os dentes e me deitar novamente.
Eu estava em um péssimo dia é só queria ficar enrolada no meu cobertor macio curtindo a minha dor e remoendo as palavras que não saiam do meu pensamento.
[...]
Fiquei deitada o dia todo, sem comer, sem levantar pra nada, apenas para ir ao banheiro e tomar água. Eram 18:00h quando escutei a campainha tocar sem parar, imaginei que fosse a Gabi, já que eu não havia atendido o celular, e a uma hora dessas ela poderia estar desorientada. Me levantei com todo desânimo do mundo e fui até o portão ainda meio sonolenta.
— O que você tá fazendo aqui? - falei brava enquanto esfregava os olhos tentando ver se aquilo era real.
— Temos que conversar Silvia, abre o portão, por favor! - Jorge suplicou, do outro lado do portão de grade.
— Não, não temos nada pra conversar, eu não quero conversar com você! Não quero te ver nunca mais. Por favor, vai embora!
— Silvia, deixa eu me explicar, por favor, ontem eu estava bêbado e fiquei com ciúmes de ver você dançando com aquele cara. Me perdoa, eu não quis te chamar de puta, eu só fiquei cego de raiva. Me perdoa.
— Eu não vou te perdoar nunca! Por favor Jorge, vai embora.
— Então tenha uma boa noite aí fora, espero que tenha trago cobertor e um bom travesseiro pra colocar no banco do carro, já que você vai morar aí, porque eu não vou te escutar e não vou falar com você nunca mais. - dei as costas, enquanto Jorge chamava meu nome. Eu já sabia que ele iria ficar apertando a campainha e buzinando na porta da minha casa, por isso peguei meu fone de ouvido e me deitei, eu não queria ter que escutar nada da boca do Jorge, porque sempre que estou ao lado dele eu fico vulnerável e qualquer coisa que ele diz ou faz me deixa louca e se eu deixasse ele entrar, provavelmente iria pra cama com ele e depois me machucaria novamente e eu já estava cansada, com o coração calejado de tanta decepção.
Porque eu tinha que ser tão burra né? Porque eu tinha que apaixonar pelo meu padrasto, porque eu tinha que ficar pensando nele sempre e porque eu tinha medo de não resistir a ele, mesmo depois de tudo de ruim que ele fez comigo?! Já sei a resposta! É porque eu sou uma idiota que gosta de sofrer.
Se eu fosse uma pessoa normal, a uma hora dessas eu estaria em um bar com algum gatinho, super carinhoso que gosta de mim e não aqui deitada ouvindo músicas tristes e chorando por alguém que só me magoa.
Adormeci em meio a pensamentos que me atormentavam...
[...]
Acordei no outro dia tarde, era feriado e eu não tinha faculdade graças a Deus, porque eu não estava com o mínimo de vontade de estudar ou sair de casa hoje. Me levantei, vendo que os meus fones estavam caídos na cama pois dormi com eles e provavelmente em algum momento da noite eles saíram da minha orelha. Entrei no banheiro, tomei um banho e fiz minhas higienes. Coloquei uma roupa básica pra ficar em casa, o dia havia amanhecido bem frio, então decidi apenas juntar algumas coisas que estavam espalhadas pela casa, colocar o lixo pra fora e depois deitar novamente. Juntei todo o lixo no saco, amarrei e assim que abri a porta de casa, observei através da grades do portão que o carro do Jorge ainda estava lá.
— Aff, só pode ser brincadeira. - resmunguei pra mim mesma. Continuei andando até o portão para abri-lo, coloquei o lixo na lixeira rapidamente, fingindo não ver Jorge que saía do carro com uma cara de cansaço aparente.
— Bom dia, será que podemos conversar? - perguntou e eu não respondi, apenas entrei em casa e quando fui fechar o portão Jorge segurou firme me impedindo de fechar.
— Podemos conversar Silvia? - perguntou novamente.
— Não. - respondi seca.— Por favor, só quero explicar algumas coisas e poder te contar meu lado da história.
— O seu lado? O lado da história de um babaca não deve ser bom de escutar.
— Por favor Silvia, eu estou com frio, estou com dores no corpo por ter passado a noite no carro. Só me escuta por favor? Me dá somente 10 minutos? - implorou.
Eu tinha o coração mole, odiava ver qualquer pessoa sofrer, ou passar frio ou sentir dor, então decidi deixá-lo entrar.
— Entra, mas são só 10 minutos e depois você vai embora pra sua casa. - respondi dando passagem no portão.
Ele entrou e nós sentamos no sofá.
— Então? - perguntei.
— Primeiramente eu quero te pedir desculpa, me perdoa por tudo Silvia, eu fui e sou um babaca. Um babaca que te ama muito e está disposto a tudo pra te reconquistar. - confesso
Que quando ele disse isso meu coração acelerou e por dentro fiquei feliz em ouvir isso da sua boca.
— Não nascemos pra ficar juntos. Eu quero que você siga sua vida e me deixe em paz. - não era isso que eu queria, mas era o que meu corpo, mente, coração e alma precisavam.
— Eu quero te contar o que conversei com a Gabi, será que posso? - perguntou ignorando o que eu disse.
— Conta. - pedi e ele começou a falar.Ele contou tudo, detalhe por detalhe.
Confesso que fiquei assustada olhando a história pelo lado dele, mas não sei se acreditava em tudo ou se achava que era apenas mais um jeito de me passar pra trás novamente, porque parece que ele tinha fetiche em me fazer sofrer e eu não queria me arriscar novamente.
Depois que ouvi tudo que ele tinha a dizer, percebi que não era apenas ele o tóxico e o ruim da relação. Eu também era, tão tóxica e tão ruim quanto ele. Eu omiti informações e sumi, ao invés de sentar e esclarecer as coisas antes de sair da sua casa chateada, colocando um ponto final em qualquer relação que tínhamos.
Nós dois éramos errados. Nós dois agimos da pior forma diante tal situação e por isso estávamos aqui agora, afastados e perdendo cada dia mais um ao outro.Eu queria me arriscar, queria dizer que acredito em tudo que ele disse e o beijar, o abraçar forte e mostrar o quanto senti sua falta, mas o medo de me machucar novamente era maior...
— Eu entendi tudo que você falou e concordo que nós dois erramos muito, mas mesmo depois de escutar toda essa história, eu ainda não estou pronta pra te dar uma segunda chance, eu sinto muito, mas eu não posso acreditar em você assim 100% de novo, tão rapidamente, afinal foi isso que me fez quebrar a cara várias vezes.
— Eu entendo você Silvia, mas não vou desistir assim tão fácil. Eu amo você e todos os dias pelo resto da minha vida, eu vou tentar te reconquistar, pois sei que você me ama assim como eu te amo, só está com medo de se entregar novamente pra mesma pessoa que vacilou com você tantas vezes. - Jorge chegou perto, puxou minha mão e deu um selinho na mesma me fazendo arrepiar com seu toque.
— Não quero que desista. - escapuliu e eu sorri envergonhada do que eu tinha falado.
— Eu estou ocupada Jorge, preciso fazer várias coisas ainda hoje, então até logo. - menti e me despedi levantando e levando ele até o portão.
— Não tem problema, eu vou embora descansar, mas amanhã eu volto. Fique ciente que eu NÃO - VOU - DESISTIR - DE - VOCÊ. - falou pausadamente segurando meu rosto e dando um beijo em minha testa.
— Eu amo você! Até logo. - falou e eu não fui capaz de responder.
Logo ele entrou em seu carro, deu partida e foi embora, me deixando ali com uma cara ridícula de quem estava caindo no golpe outra vez...
Continua...
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Me Enamoré De Mi Padrastro
RomanceSílvia Navarro, uma garota de 18 anos que morava com o pai, até que o mesmo faleceu de causas naturais, agora se vê obrigada a ir morar com a mãe que não vê a mais de anos. Nessa nova etapa de sua vida acaba conhecendo seu novo padrasto, e com ele v...