BEM VINDO

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O fim do pesadelo estava chegando - ou talvez apenas começando. Macau estava exausto de tanto falar sobre o casamento. E agora, o noivo chegaria em poucas horas.

A casa estava impecável, cada detalhe meticulosamente organizado. O pai de Macau, pomposo e orgulhoso, andava de um lado para o outro. Vegas, o irmão de Macau, estava desconsolado, seus olhos cheios de tristeza. E Macau? Ele não havia dormido em casa na noite anterior, e quando entrou pela porta da frente naquela manhã, todos suspeitaram que ele nem sequer havia dormido.

Mas um acordo era um acordo. Na hora marcada, Macau estava lá, esperando o marido para realizar uma breve cerimônia ao anoitecer, conforme o pedido do noivo.

Quando viu a pessoa entrando, Macau não acreditava no que estava vendo. Ele não tinha exigências, é verdade, mas aquilo estava completamente fora de sua realidade. Era uma mulher, elegante e bonita, mas mesmo assim, era uma mulher. Uma Alfa, sem dúvidas.

Sem papas na língua, Macau falou:
- Lamento que você tenha perdido seu tempo! Há coisas das quais não abro mão, e só me relacionar com homens é uma delas.

- Macau - o pai corrigiu o filho.
- O quê? Nem o gênero os ômegas podem escolher agora?

- Claro que podem - ela finalmente falou - Mas eu não sou seu noivo. Sou a representante dele porque ele...

- Morreu? - Macau perguntou impulsivamente.
- Não! Aconteceram alguns imprevistos. Então venho fazer o papel de noivo por procuração.

- Não precisava se incomodar. Poderíamos adiar.
- Macau, tenha modos. Seja bem-vinda. Sei que você honrará seu representado.

- Sim. E como pedido de desculpas pelo ocorrido, trago um presente.

Ela retirou da maleta uma garrafa de vinho - só pelo rótulo, eles souberam que era rara - e uma quantia considerável de dinheiro. Macau estava prestes a pegar a garrafa, mas o pai se adiantou.

- Ômegas não bebem sem a presença do marido, querido.
Macau pegou a garrafa das mãos do pai.
- Mas eu estou na presença da minha marida. E ela é uma alfa, que coincidência.

Ela abriu um sorriso. Soube naquele momento que aquele ômega seria um problema, e ela estava ansiosa para isso.



A cerimônia foi simples. Na verdade, nem foi uma cerimônia, apenas a assinatura de papéis.

Vegas e Pete sumiram da sala. O irmão não suportava saber que Macau estava fazendo isso por ele. O pai estava feliz, reunido com alguns políticos. Macau se afastou, aproveitando o presente de desculpas. O futuro marido poderia ser um velho gagá, mas tinha bom gosto para bebida.

- Sobrou algo pra mim?
- Se demorasse mais um pouco, não sobraria nem a garrafa.

Ela sentou-se ao lado dele, tomando um gole da bebida.

- Por que você? De todos, você parece ser o único que detesta a ideia de casamento.
- Porque eu detesto! Mas amo meu irmão.

- Hum. Não vou dizer que vale a pena. Mas tem coisas que a gente tem que passar e não tem como fugir.
- É... pior é na guerra e as pessoas não vão, né?

- Você está comparando o casamento que nem começou com uma guerra? Aliás, você não me perguntou nada sobre seu marido.
- Não me interessa. Nada que eu possa saber vai anular isso, né? Além do mais, eu entendo que ele deve ser enfermo e tem dificuldade para se locomover. Só não entendo porque um velho ainda quer casar.

Ela quase se engasgou com a bebida.

- Ele é enfermo mesmo, mas velho gagá já é você que está dizendo.

Macau nem prestou atenção no que ela disse. Só ficou ali, aproveitando os últimos momentos, porque quando amanhecesse ele estaria em outro local com um estranho.

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