MEU ÔMEGA DIVERGENTE

MUDANÇA

Ao raiar do dia, Tay despertou, absorto em pensamentos. Como pôde ser tão negligente com Macau?

A secretária era sua amiga, uma amiga muito próxima, por isso nunca desconfiou dela.

Ele era um dos homens mais influentes da região e não conseguiu proteger o marido dentro de sua própria casa.

Por ele, já teria ido até ela e a feito confessar tudo, mas Macau queria ir devagar.
Então, sem levantar suspeitas, ele ficava com o marido e a filha.
Para todos os efeitos, ele estava com Time, que se adaptou muito bem ao novo ambiente.

Os dias naquela família eram bons. Macau era um pai cuidadoso. Quem diria isso? Pete e Vegas não saíam de perto do bebê e Time estava se dando muito bem com o pai de Macau.

Em um mês, Macau já estava recuperado do parto. Na verdade, bem antes, mas Tay só deixou ele retomar suas atividades depois de um mês e estava chegando a hora de acertar as contas e entender o que de mal ele fez para aquela mulher.

Quando marcou o encontro, ele só queria entender.
Queria entender o porquê de ter sido ele o alvo.
Então, quando a bebê estava protegida e ele estava bem, chegou a hora.

A parte que ele mais se recordava era o olhar da Alfa entrando na sala.
O sorriso e a velocidade com que ela cuspiu o líquido.

Até chegar nesse instante, Macau planejou tudo. Macau sofreu tudo que um marido devolvido poderia sofrer.
Não iria retribuir o mal com o mal. Isso ele só descobriu com o nascimento da filha. Se fosse o antigo Macau, ela não sairia viva dali, mas o Macau que é pai reorganizou suas lutas.

Ela só sairia dali quando explicasse o motivo de tudo.

Para surpresa de todos, a própria Alfa falou.

- Você é tão esperto, Macau. Tem certeza que não sabe o motivo?

Macau sabia muito bem o motivo. Nove meses de gravidez não serviram apenas para gestar uma criança, mas para analisar onde ele deixou ser enganado.

E ele entendeu. Nunca houve coincidência.
O fato de todas as observações de Tay em conseguir um parceiro serem ignoradas não foi coincidência.
Foi ela.
Ela sabia que uma pessoa jovem e impulsiva não faria Tay se apaixonar e muito menos ficaria naquele lar.
Nosso Macau era perfeito. Até deixar de ser. Até Macau se tornar o motivo de Tay sorrir. Até Macau não temer até mesmo a voz de um alfa.
Ali os problemas começaram.
O poder dela sobre Tay cada dia se limitava. E em breve sua influência nos negócios também.
Ela não iria voltar a ser uma mera assistente.
Não depois de ter se tornado uma pessoa bem vista e temida naquela região utilizando o sobrenome de Tay.

Quando a gravidez apareceu, o que seria o motivo de Macau estar ali se tornou um perigo.
Ao contrário do que foi, quando Macau chegou dizendo que assim que tivesse o bebê deixaria tudo e voltaria para a casa do pai, isso não iria acontecer.
Se os dois já estavam juntos sem nem saber de um filho, imagina com uma criança.
Então ela apenas fez o que tinha que fazer e ainda por cima Time levaria a culpa.
Na segunda vez foi mais difícil, Macau estava tão sereno que até mesmo a presença de Time não o abalou. Mas no fim, deu certo.
E quando o golpe final veio, foi um alívio.
A cláusula garantiria o dinheiro da herança e os poderes que o sobrenome de Tay tinha.

Era perfeito. Tay voltaria a ser recluso e sofredor como antes e ela usufruiria de todo o poder.
-Poder! Não é só sobre dinheiro, não é mesmo?
Tay estava paralisado. Ele amava e confiava naquela pessoa.

-Meu por direito. Eu passei por tudo com você, Tay.

Desde o dia fatídico em que sua mãe faleceu, o pai sempre me fez promessas vazias. Promessas que nunca cumpriu. Eu estava... - ela interrompeu a frase ao lançar um olhar para Time.

Foi nesse exato momento que Macau compreendeu um detalhe que até então lhe escapara.

- Lamento pelo tempo que você perdeu e pelo fato de que... o pai de Tay não teve coragem suficiente para admitir que estava com uma Alfa. Que sua assistente era, na verdade, sua companheira, desvendando assim a relação entre Alfa e Alfa. No entanto, nada que você possa dizer justificará as duas perdas que sofri. Estou sendo generoso ao permitir que você continue viva, mas não me peça mais do que isso. Deixe minha casa. As duas.

- Tay, por favor. Eu estive ao seu lado desde sempre. Não faça isso.

- Faço minhas as palavras do meu marido. Considere-se afortunada por ainda estar viva.

Ela se retirou lentamente, os olhos ardendo de ódio. Ao passar por Time, fez questão de parar.

- Aprendeu bem com esse Ômega divergente. Tome cuidado para não se tornar uma cópia exata e que seu filhote também não vingue.

Ela sussurrou baixo, mas Time ouviu. Ele colocou a mão na barriga.

- Então comece a rezar, porque se isso acontecer, nada me impedirá de matá-la. - Ele respondeu no mesmo tom baixo e ameaçador.

A Alfa se retirou dali. Ela não podia mais se arriscar.

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