FUGA

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No dia seguinte, Macau ostentava seu anel para todos. Quem o observava assim, não imaginava que, antes de tudo, ele nunca havia desejado se casar.

A pequena Potinho de Mel era uma bebê serena, cujo mundo se resumia a colo e berço. Vegas, por sua vez, finalmente estava em casa com Pete. Enquanto Vegas estava com Tay e o pai, Time, Macau e Pete se reuniram no quarto para uma conversa.

Após a alegria compartilhada de saber que Macau finalmente se casaria feliz, Time revelou a Pete sobre o bebê. A reação, no entanto, não foi a esperada. Pete fechou o rosto e, incapaz de conter as lágrimas, correu para o banheiro. Macau olhou para Time, assustado.

- Daremos tempo a ele. Tudo tem uma explicação - Time tentou tranquilizá-lo.

Quando Pete saiu do banheiro, seu rosto estava marcado pela vergonha.

- Peço desculpas, Time. É uma felicidade - disse, sentando-se na cama e chorando.

- Não posso engravidar. Macau tem a bolinha de arroz. Gun nem sonha em ter mais um filho e agora terá um lindo bebê pela casa e Vegas... Vegas escolheu o pior. Como pode um pobre não ter filhos? Se a única coisa que são conhecidos é por serem procriadores. Vegas abriu mão de tanta coisa para ficar comigo. E eu não posso nem dar um filho a ele - desabafou Pete.

- Pete... - começou Time, mas foi interrompido.

- É por isso que estamos sempre fora. Fizemos todos os tipos de exames. Eu não posso ter filhos. Nem ele me levando aos melhores médicos. O diagnóstico é sempre o mesmo - continuou Pete.

Agora tudo fazia sentido. As ausências do irmão. Ele estava tentando poupar Pete.

- Pete, você não é insuficiente porque não pode dar filhos biológicos ao Vegas. Ele escolheu você. Pare de pensar que é uma caridade. Viva o agora. Essa fase de noivado. Livre. Lembra de quando você sonhava com tudo que vive hoje? Os filhos virão. Biológicos ou não - Macau tentou confortá-lo.

Pete balançou a cabeça.

- Me desculpe.!
Você tirou um peso das suas costas compartilhando e deixando o choro sair. Somos família - Time completou.
****

Finalmente, a família estava pronta para voltar para casa. Os dias ensolarados ficariam na memória. Eles voltariam para o verde musgo.

A família estava radiante. Macau com Tay e a pequena Honey. Abraçou o pai. Pete e Vegas voltariam para a luta.

Quando partiram, restou o silêncio. E Gun, ao entrar no quarto, encontrou a mala de Time pronta para partir.

- Em um único dia, meus três filhos vão me deixar? - questionou Gun.

- Preciso que você pense mais sobre nós. Vou te dar espaço. Também tenho que contar ao meu pai sobre essa loucura. Meu ônibus sai em breve - explicou Time.

- Ok! - respondeu Gun.

- Ok? - repetiu Time, surpreso.

- Sim, Time, Ok. Você chama nosso filho de confusão. E decidiu que queria me dar um tempo. Eu estou dizendo ok. Só me avise quando chegar. Boa viagem - disse Gun, saindo e deixando Time sem reação. Time não sabia o que esperar, mas essa não era a reação que queria.

No ônibus, ele refletiu. Não quis alugar um carro porque queria aproveitar a viagem para pensar. Ele estava pensando no quanto aquele simples "ok" foi simples.

Quando chegou em frente à sua casa, respirou fundo e criou coragem. A casa de Time era linda. Ele era o único filho de um investidor. Foi criado em uma escola interna rígida. Mas quando o pai percebeu que não teria outro filho muito menos um Alfa para gerir todos os seus negócios, começou a preparar Time para isso. Por isso a união entre Time e Tay era tão aguardada.

Agora, o pensamento de Time era único: Ele teria que dizer ao pai que andou se envolvendo por aí e, pior, envolveu-se tanto que voltou com um filhote na barriga. Riu da própria expressão. A convivência com aquele ômega desbocado estava lhe transformando e, para sua surpresa, estava adorando.

Ao chegar na sala, encontrou o empregado. Pediu para que guardasse sua mala e seguiu para o escritório. Quando abriu a porta, não notou de imediato que havia outra pessoa sentada no sofá com seu pai.

- Filho! Que alegria. Por que não me contou? - O pai parecia exultante, deixando Time confuso. Contou o quê? O pai nunca o havia recebido assim.

- Pai... - começou Time, mas foi interrompido.

- Desculpa, amor. Combinamos de contar juntos, mas eu não aguentei a ansiedade - a voz veio de Gun, que estava sentado ali, bem à vista.

Time não sabia se estava com raiva de Gun ou se estava feliz por vê-lo.

Gun se levantou e abraçou Time. - Não poderia deixar você contar ao seu pai sozinho sobre nosso romance. E também sou um homem à moda antiga - O olhar fulminante de Time não abalou Gun. Se ele achava que iria sair assim da vida dele, estava muito enganado. - Seu pai já sabe que estou apaixonado por você. Que quero construir uma vida com você. Só basta você dizer sim.

O pai de Time parecia feliz. Ele tinha receios pelo filho, mas parecia que aquele Alfa estava falando sério. Ele já havia mostrado que não queria se aproveitar do filho. Já tinha uma fortuna constituída. Já tinha uma família. Tudo isso ele contou ao sogro. Ele também era pai, sabia o que dizer para ser aceito. Time se rendeu. Não adiantava questionar. Ele viria atrás dele e isso era tudo que sempre quis. Sempre quis alguém que viesse atrás dele.

- Já que contou, então só me resta contar que estou grávido, pai - disse Time.

- Grávido? - o pai parecia surpreso.

- Estamos esperando um filhote. E será um herdeiro muito amado - essa declaração tocou o coração do velho. A palavra "herdeiro" tinha um peso grande sobre ele.

- Não tenho mais como opinar, né, filho. Seu Alfa já veio me intimidar e você já está com um neto na barriga. Só quero que seja feliz. E que saiba que eu vou sempre te aceitar, aconteça o que acontecer.

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