ENCONTRO

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Os dias eram um tormento. Tormento. Tormento. Essa era a única palavra que Macau conseguia pensar enquanto estava trancado naquele quarto. O marido? Nunca o viu e nem fazia questão de ver. Também não queria sair pela casa. Comia no quarto, dormia, e ligou apenas uma vez para o irmão. Não queria mentir, mas também não queria dizer a verdade.

Mas, ao acordar certa manhã, ele decidiu que precisava pôr um fim nisso. Tomou um longo banho e saiu do banheiro completamente nu. Abriu a janela e observou o ambiente ao redor. Agora, ele entendia como a personagem Bella se sentia no livro Crepúsculo, pois tudo era tão verde e escuro naquele lugar.

Ele sentia falta da liberdade que tinha em sua casa. Vegas o levava para pescar, andar a cavalo, tomar banho de piscina e cachoeira. Ele se aproximou da janela, ansiando por um pouco de sol, de cor. Mas, de repente, a ponta da toalha que segurava enganchou em algo e ele se desequilibrou, caindo do janelão.

Tay acordou mais disposto naquele dia. Ele sabia que precisava conhecer seu marido. Não podia mais ignorar essa situação. Antes de tudo, decidiu dar uma volta para refletir um pouco. Vestiu seu sobretudo grosso e, enquanto caminhava, viu algo ou alguém pulando de uma janela.

Por impulso, se jogou para amortecer a queda, mas não estava preparado para o que encontrou. Uma criatura nanica, irritada, vermelha e, o mais estranho de tudo, completamente nua. Tay correu e jogou seu sobretudo sobre a pessoa.

- Eu odeio, odeio, odeio tudo isso. Quando eu disse que precisava de ar, sol e calor, não era isso que eu queria, não. E você? Por que me ajudou? - perguntou Macau, irritado.

- De nada, seu ingrato. Deveria ter te deixado aí no chão, parecendo uma jaca madura. Se bem que do jeito que você é pequeno, ia ficar parecendo mais um caju - respondeu Tay, tentando aliviar a tensão com uma piada.

- Um caju é meu p... - começou Macau, mas foi interrompido por Tay.

- Que boquinha suja você tem - repreendeu Tay.

- Igual a esse seu casaco que parece que nunca viu água na vida - retrucou Macau.

- É pele natural. Natural. Eu deveria ter te deixado aí, pelado para todos - ameaçou Tay.

Macau se deu conta de que estava realmente pelado. Não tinha pensado nisso na hora da queda. Mas ele nunca recuava de uma briga.

- E daí? As pessoas daqui nunca viram ninguém pelado não? - desafiou Macau.

Tay estava horrorizado.

- Ômegas só ficam à vontade na frente dos seus alfas - explicou Tay.

Macau sorriu, encontrando a brecha que precisava.

- Como eu nunca vi meu Alfa e marido, então é até bom eu ficar pelado aqui pra todos. Quem sabe assim, ele deixa de se esconder - disse Macau, tirando o casaco que estava usando.

Tay se deu conta de que aquele era seu marido. Mais uma vez pelado no meio do jardim.

Prendeu o casaco com força no corpo dele, tentando cobrir sua nudez.

Na agonia, os dois acabaram caindo e rolando, parando com Tay em cima de Macau e aos pés de alguns convidados.

A alfa estava vermelha, tentando segurar o riso. O padre e as noviças estavam horrorizadas. Tay em cima de Macau pelado também não facilitava a explicação.

O padre mesmo foi que teve que achar a solução.

- Desculpe o incômodo. Deveríamos ter avisado. Voltaremos outra hora. Esquecemos que vocês são recém-casados, mas da próxima vez, esperem anoitecer - disse o padre, tentando aliviar a situação.

A alfa, ainda rindo, acompanhou o grupo de convidados surpresos. Tay estava vermelho como um pimentão, e Macau estava norindo silenciosamente, rindo tanto que perdeu a voz.

Tay estava fervendo de raiva, tanta raiva que não disse mais nada. Ele se levantou e saiu andando o mais rápido possível, deixando para trás um Macau ainda rindo.

Ele ainda tinha tempo. Tempo para devolver aquele ômega indisciplinado. E ele decidiu que iria escrever a carta de devolução agora mesmo.

"Caro Senhor," Tay pensou, enquanto caminhava irritado pelo jardim, "O ômega com quem você arranjou meu casamento parece ter algumas... peculiaridades. Ele ri demais, fala demais e, o mais preocupante de tudo, não tem nenhum respeito pela decência."

Parou por um momento, pensando em Macau, não conseguindo evitar uma imagem mental do ômega rindo debaixo do sol. "No entanto," ele continuou em pensamento, "não posso deixar de mencionar que fiquei impressionado com sua aparência. Ele é, sem dúvida, um dos ômegas mais bonitos que já vi."

Ele balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento.

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