Behave Yourself - Lucemond

O Melhor que Você Pode Fazer

Desculpem a demora! Vejo vocês nas notas finais

I

Uma forte chuva tinha se instalado sobre os campos enevoados de Turvacampo. Era fim de tarde; o Sol acabava de se pôr, e logo em sequência, as nuvens tinham se fechado. Tanto Aemond quando Lucerys estavam com suas roupas molhadas; tinham encontrado um rochedo que agora servia de cobertura para suas cabeças, mas não a tempo de evitar a tempestade. Também tinham caminhado muito; talvez, uns sete ou oito quilômetros. E mesmo àquela distância da festa de aniversário, era possível ver os dragões cortando os céus enquanto os procuravam.

Lucerys mantinha os olhos nos animais, aflito. Escutava o som de Aemond passando uma pedra na espada para tentar afiá-la numa técnica muito rudimentar. Ambos estavam exaustos; além de passar toda a tarde tentando proteger Aegon, tinham também passado o fim dela tentando fugir das proximidades de seu cadáver.

O frio não ajudava.

- Eles não vão nos encontrar - Luke sussurrou com o olhar ainda nos dragões, que eram apenas pontos pretos cruzando as nuvens. - Estão rodeando o mesmo lugar há uma hora. - Mas não obteve resposta.

Desde que Aemond tinha matado Aegon, ele estava inacessível. Até tentava se fazer útil enquanto buscava afiar a espada, mas sua mente estava a milhas de distância do momento presente. Seus cabelos platinados estavam encharcados e pingavam sobre o chão de lama. Estava sentado sobre uma rocha achatada.

- Aemond? - Luke insistiu.

- Hm?

- Eu disse que eles não vão nos encontrar aqui. Acho que estamos seguros, ao menos para passar a noite. - Recebeu apenas um aceno positivo de cabeça, mas o tio nem sequer o olhou no processo. - Você está me escutando?

Vê-lo daquela forma gerava um aperto profundo no peito de Lucerys. Naquele dia, Aemond havia perdido muito mais do que ele: tinha perdido o irmão e a inocência; agora, era um homicida. Afinal, matar homens num campo de batalha era muito diferente do que matar um membro da família em uma festa de aniversário. Luke sabia disso.

Sabia o nível de dor que tinha causado à outra parte da família; justamente por isso, não deixaria o lado do tio. De certa forma, a culpa era sua: se Lucerys não tivesse contado a ele sobre o plano de Rhaena, nada daquilo teria acontecido; se não tivesse quase sido morto por Aegon, Aemond tampouco precisaria ter se envolvido na luta.

Caminhou devagar em direção ao loiro e jogou-se sentado ao seu lado; a pedra achatada era razoavelmente grande para suportar o peso de ambos.

- Aemond, eu sinto muito.

Ele não respondeu. Continuou fazendo exatamente o que fazia: passando aquela pedra idiota sobre a lâmina de sua espada.

- Você não é nenhum grande ferreiro, Aemond. Corre mais o risco de arruinar a sua espada do que afiá-la.

- Não estou fazendo isso pela minha espada - finalmente o tio respondeu em um murmúrio. - Só preciso me manter ocupado.

Lucerys soltou um suspiro e tocou o seu ombro em um sinal de consolo. Depois, percebeu que aquilo não havia sido suficiente para ninguém, nem mesmo para si mesmo; precisava de um apoio verdadeiro, assim como precisava também consolá-lo de verdade. Com isso em mente, substituiu a mão pelo próprio rosto: apoiou-o no ombro de Aemond e fechou os olhos. Finalmente ele parou de trabalhar sobre a espada.

Um longo silêncio tomou o ambiente, cortado apenas pela chuva constante e por um trovão que rugia a quilômetros de distância.

- Consigo ouvi-lo.