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I

O rugido era de Caraxes. Aemond enxergou-o sobrevoando toda a região Sul de Ponta Tempestade quando ele e Lucerys enfiaram-se atrás de uma tenda de comércio. Ambos arfavam. Carregavam nada além das roupas no corpo. O terror não estava somente estampado na face de Lucerys, mas também na de Aemond. Desde que tinham fugido do aniversário de Viserys III, Daemon nunca havia estado tão próximo de alcançá-los.

- Ele não está no dragão - o loiro sussurrou a Lucerys. - Caraxes está sozinho.

- Ele deve estar com outros guardas - Lucerys rebateu, olhando para o outro lado da tenda, onde era possível ter um vislumbre melhor do que acontecia na cidade.

O pânico era muito. Caraxes não fazia nada além de sobrevoar, destilando o pavor nos comerciantes e transeuntes daquela região. Integrantes da Guarda Real batiam na porta dos estabelecimentos, mostravam uma papelada - um tipo de procuração - e entravam sem pedir licença. Não era como se a estadia de Aemond e Lucerys naquela região fosse uma suspeita; era uma certeza. Muitos recursos humanos estavam sendo mobilizados naquela procura, e ninguém estava se dando ao trabalho de parecer discreto mais.

- Nós temos que sair daqui - Aemond sussurrou, mas seu próprio corpo estava imóvel. Não sabia sequer para onde correr. Mais cavaleiros viravam o quarteirão e apareciam montados em cavalos, cercando-os de ambos os lados.

- E ir para onde? - O sobrinho sussurrou de volta, como se pudesse ler os seus pensamentos.

- Precisamos chegar de novo no porto.

- Deve estar inundado de guardas, Aemond.

Lucerys estava certo. Tão certo, que Aemond fechou o olho em um sinal de lamento. No entanto, que escolha tinham? Ir para o castelo de Borros Baratheon já não era uma possibilidade. Nada parecia ser uma possibilidade.

- Vamos entrar numa casa qualquer e implorar para que eles nos deixem ficar - Lucerys sugeriu em um novo sussurro. - Alguma casa que eles já tenham revistado. Aquela - concluiu, apontando para um casebre antigo do qual alguns guardas acabavam de sair, a alguns quarteirões de distância.

Aemond assentiu com a cabeça. Cobrindo-se com a capa preta de forma mais consistente, fez um sinal para que o sobrinho o seguisse, e assim saiu detrás da tenda onde se escondiam. Com destreza, mesclou-se aos pedestres que caminhavam depressa na tentativa de se afastar dali. Lucerys seguiu-o, ambos disfarçados no montante de pessoas que iam e vinham. Conseguiram tomar alguma distância do pátio do centro, sempre indo em direção ao casebre e contando com o favor do destino. Enfim, enfiaram-se novamente atrás de um esconderijo - dessa vez, uma carroça de produtos revirada - e tomaram algum fôlego.

Naquele breve instante entre acontecimentos que poderiam alvejá-los com uma onda de sorte ou de azar, Lucerys buscou, com a sua mão, a do tio. Aemond apertou-a firmemente num sinal de reafirmação. Foi ingênuo o suficiente para pensar que Lucerys apenas precisava de um apoio emocional, mas recebeu de volta um apertão tão forte, que foi obrigado a olhá-lo.

- O que foi agora?

- Aemond, eu não sei - ele arfou, o rosto convertendo-se numa expressão cheia de suspeitas. - Aqui está ficando vazio demais para estar tão perto do centro.

- Estamos praticamente na entrada da casa. O plano é seu. Não vamos desistir agora.

- Eu não estou mais a favor desse plano.

Behave Yourself - LucemondOnde histórias criam vida. Descubra agora