Gavi tinha tudo que um adolescente de dezesseis anos gostaria de ter. No segundo ano do ensino médio, o acastanhado era o capitão do time de futebol e trazia consigo uma enorme legião de admiradores, dentro e fora do campo. Todos o reconheciam e alguns até desejavam ser ele. Bonito, talentoso, gostoso e simpático, Pablo era muito mais que isso e suas boas notas também falavam um pouco de si. Não é como se o mesmo amasse tudo isso, mas era algo que tinha sido cultivado durante esses dois anos.
O segundo semestre estava começando e as férias foram deixadas para trás. Martín havia aproveitado bastante, com sua família e amigos próximos, deixando um pouco toda aquela afobação da escola para trás. Mas o sossego havia acabado e ele estava de volta a sua rotina corrida. Levantou ao som do despertador, caminhando calmamente até seu banheiro, onde realizou todas as etapas matinais, inclusive tomar uma ducha gelada - coisa de atleta - e, em seguida, se arrumou.
Calçou seus tênis brancos, calça preta e a camisa do time da escola, com o moletom por cima, onde seu nome estava escrito. Muitas garotas faziam de tudo para usar aquele moletom, afinal, significaria que estavam em um relacionamento ou saindo com algum astro do time. Felizmente, ninguém usava o de Gavi, mas isso não significava que ele não namorava. Há três meses, havia engatado um relacionamento com Melissa, uma ex-ficante.
A menina tinha longos cabelos pretos e ondulados, pele bronzeada e olhos escuros. Era a famosa menina que todos queriam ser, mas nem todos podiam. Melissa era um ano mais velha que o rapaz e era líder de torcida do time do colégio. Sim, o puro suco do clichê. O fato era que Pablo não a amava, Melissa sabia disso pela boca do menor. Mas ela havia aceitado estar com ele, mesmo deixando claro os sentimentos. Para a garota, o status de estar com o mais novo valia mais a pena do que ter sentimentos verdadeiros.
Para Gavi era confortável ter alguém assim. Melissa não era má, mas era mesquinha e só se importava em aparecer. Gostava das coisas do seu jeito e era prepotente, coisa que o menor repudiava. Mas, como disse, era confortável ter alguém assim para afastar certos comentários desconfortáveis e afastar pessoas dando em cima dele em todos os momentos - mesmo que, infelizmente, ainda acontecesse. Despertou de seus pensamentos ao escutar seu telefone tocando, respirando fundo ao ler o nome na tela.
- Onde você está, Gavi? - a voz da garota soava bravamente no outro lado da linha, fazendo o menor revirar os olhos e terminar de passar seu perfume, pegando sua mochila. - Estamos atrasados!
- Primeiramente, bom dia. - murmurou com toda calma do mundo e desceu as escadas, indo em direção a cozinha encontrando sua mãe com sua irmã tomando o café da manhã. Seu pai estava em uma viagem de trabalho. - O meu carro quebrou, não vou conseguir te buscar hoje. Esqueci de avisar, desculpa.
- Como assim? Você ia me avisar quando?
- Te vejo na escola. Até mais tarde!
Desligou e colocou no silencioso, sabendo que a menina ligaria novamente. Sorriu novamente para seus pais e sentou na mesa, colocando um pouco de suco e pegando uma fruta. Parou seus movimentos ao observar sua família encarando-o e fez o mesmo, erguendo uma sobrancelha.
- Bom dia, filho. Dormiu bem?
- Sim. Acordei antes do despertador, estou ansioso para voltar aos treinos. - Gavi disse tranquilamente, mordendo sua maçã.
- O meu campeão! - sua mãe disse fazendo-o rir leve, mas segurar em sua mão e pousar um beijo em cima da mesma. Gavi era amoroso com quem amava. - Mas meu amor, seu carro está em perfeito estado. Por quê disso aquilo para a Melissa?
- Ainda não consigo entender o motivo de não terminar logo com a Melissa. Ela é insuportável! - Aurora murmurou com a boca cheia de bolo e o mais novo quis rir, mas se segurou.
- Aurora! - sua mãe repreendeu.
- Tudo bem, mamãe. Aurora não está errada, mas também não está certa. Melissa merece uma chance. Eu gosto dela, mas só estou a fim de ir sozinho, escutando minha música e na minha paz.
Nem ele mesmo acreditava naquilo, mas as duas apenas deixaram o assunto para trás, o que ele agradeceu sutilmente. Terminaram de comer e se despediram. Melissa ia para o colégio mais tarde, então, acabou perdendo a carona do irmão e sua mãe saiu para empresa da família, checar se tudo estava certo, na ausência do marido. Gavira foi até seu carro, dirigindo com toda tranquilidade até a escola. Até os passarinhos cantavam ao seu favor, o dia estava propício a ser bom.
Ao estacionar, pode observar o grande fluxo de alunos. A escola era enorme. Saiu do automóvel e pegou sua mochila, começando a caminhar até a entrada. Logo no estacionamento, começou a cumprimentar as pessoas com um sorriso leve. Não sabia o nome de cinquenta por cento dali, mas tudo bem. Achou o seu armário e quando estava colocando o último número da senha, um rapaz se apoiou ao seu lado.
- Oi, príncipe. Vem sempre por aqui?
- Só quando eu sei que você não está.
- Ai, assim você me machuca. Entra na brincadeira na próxima, Gavi.
- Senti sua falta, Fati. - Pablo murmurou enquanto abraçava o mais alto, recebendo o cumprimento de volta e na mesma intensidade. Seu amigo esteve na sua cidade natal durante todas as férias e eles não puderam sequer se encontrar, mas trocaram várias mensagens.
- Como foram as férias sem minha ilustre presença?
- Tristes. Passava metade do dia vendo nossas fotos e na outra, chorava por não te ter.
- ¡Maldito mentiroso! - ambos caíram na risada. Eles amavam essa forma de trocar carinho. Ficaram conversando por um tempo, se atualizando as novidades, mas teriam bastante tempo ao decorrer do dia e da semana. - Lá vem sua... sua... sua beijante. Até mais, amigo.
- Gavi! - seu armário foi fechado com força, exibindo a morena furiosa. - Por que o seu carro está no estacionamento? Não estava quebrado?
- Oi, Mel. Você acredita que era só colocar um pouco de água no motor?
- E não me buscou?
- Estava em cima da hora e você odeia se atrasar, não é?
- Sim, mas...
- E já estamos atrasados para aula! - o outro apressou a dizer e suspirou ao sentir um selar em seus lábios. Pessoas ao redor sorriam, desejando ser eles, mas mal sabiam que era só desastre. A morena saiu rebolando, tentando seduzir, mas não fazia nem cócegas no rapaz. O mesmo ignorou e foi para sua sala.
Por sorte, não tinha nenhuma aula com Melissa.
Ao entrar na sala, encontrou o seu grupinho e seguiu até eles. Amavam conversar, rir e falar besteiras, mas também tinham consciência do quão importante eram os estudos. Por isso, quando a Sra. Moralléz entrou, se concentrou em sua bolha.
- É um prazer tê-los novamente para, enfim, tomarmos o rumo até o fim do ano. - a mesma começou a dizer os cumprimentos iniciais, o que todos sabiam e era só enchimento de linguiça, mas prestavam atenção. - Por fim, esse ano tivemos algumas adições nas turmas. Então, por favor, dêem boas-vindas aos novos alunos, Alana Benítez e Pedro González.
Pablo, que tinha sua atenção num desenho que estava fazendo em seu caderno, levantou os olhos. E foi assim que ele o viu pela primeira vez. Seu olhar se focou no rapaz que tinha olhos sem brilho algum, mas eram lindos da mesma forma. Sua expressão não tinha nenhuma emoção, era sério, mas causava um arrepio em suas costas. Engoliu o seco assim que seus olhares se encontraram e sua mão até tremeu um pouco, ele sentia.
- Podem se sentar, garotos. - a professora disse e o mais novo recuperou o ar, umedecendo os lábios e desviando o olhar. Colocou a mão em sua testa, tentando ver se estava com febre, afinal, ele estava quente, mesmo com as janelas da sala totalmente abertas.
O rapaz estava simplesmente existindo e Gavi pirando.

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Te Quiero - Gadri
FanfictionOnde Gavi é o popular da escola e tudo muda quando um novo aluno chega. Ou quando Pedri é transferido para um novo colégio e abala todas as estruturas de Gavi. 🥇#1 Clichê - 22/10/2023 🥇#1 Gadri - 23/06/2024 🥇#1 Gavi - 07/06/2024 🥇#1 Gadri - 08/0...