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- Então, vocês estão namorando? - Ansu perguntou. Os dois rapazes estavam no treino de cardio. Gavi estava morrendo na esteira e ainda faltavam mais quinze minutos até finalizar. O mesmo arregalou os olhos com o questionamento e, por um reflexo, se livrou de uma queda na equipamento.

- Não!

- Mas pretendem namorar?

- Talvez, não sei… Caralho, Ansu. Que perguntas são essas?

- Só curiosidade mesmo. - encolheu os ombros, umedecendo os lábios e bebeu um pouco da sua água, antes de continuar com suas pérolas. - Vocês fazem um casal legal. Quer dizer, não tem como não fazerem, né? Os dois são bonitos e simpáticos. Mas ei, não pense que eu estou dando em cima de você, gracinha.

- Não é como se eu quisesse também que você desse em cima de mim. - Gavi retrucou, revirando os olhos. Ele tinha sua autoestima num nível certo de aceitação.

- Grosso! - tentou dar um tapa no menor, mas não foi possível, tendo em vista que eles estavam correndo em pequenos hits de trinta segundos cada. Não tinham forças nem para falar direito. - Mas, de qualquer forma, eu não sabia que você, sabe... curtia garotos.

Sussurrou a última parte e até diminuiu a intensidade da esteira. Olhou ao redor, vendo que todos estavam de fone de ouvidos, alheio a conversa dos dois. Ninguém, além de Ansu e Frenkie - talvez Aurora suspeitasse - sabiam que Pedri e Gavi estavam tendo um "lance". Eles tinham combinado isso, mais por conta de Pablo que não estava pronto para assumir.

- Nem eu. Na real, a única coisa que eu sei é que gosto do Pedri. Nunca senti atração por outros meninos. Olhava um ou outro, mas nada como é com ele.

- Pedrissexual. - Ansu murmurou e Gavi não aguentou, soltando uma risada, até um pouco mais alta. Atraiu poucos olhares e colocou a mão na boca, se e forçando a ficar em silêncio. Não queria ninguém fuxicando a vida. - De todo modo, fico muito feliz por você. Vejo o quanto está bem!

- Obrigado, Fati. Seu apoio é muito importante para mim. - finalizou o seu treino, sorrindo para o amigo e os dois foram até os armários da academia, pegando suas coisas. Ansu sempre foi assim. Apoiava Gavi até nas maiores loucuras da vida e não seria diferente agora. Se despediram com um toque e, cada um, seguiu seus caminhos.

Mas o cenário estava diferente após duas semanas. Depois do acontecimento do jogo nos vestiários, Pedri e Gavi estavam mais inseparáveis do que nunca. Não era ruim. Pelo contrário, parecia um sonho estar daquela forma. Eles estavam se conhecendo mais, aproveitando a presença alheia e se conectando de uma forma nunca vista pelos dois. Tudo era mágico, mas aos poucos.

Gavi se sentia acolhido e protegido com Pedri. Pedri se sentia em casa e em paz, confortável em ser quem era. Estava sendo uma troca genuína e muito carinhosa. Além disso, González despertava em Gavi coisas nunca sentidas antes. Desde o beijo quente, o contato com as mãos que sabiam o que fazer, até as palavras que saíam da boca do mais velho. Ele sempre tinha algo bom a dizer.

Nada os incomodava - quando estavam juntos, no quarto de Gavi ou qualquer outro lugar escondido. O mundo lá fora poderia ser cruel demais e o menor ainda não estava preparado psicologicamente para tornar o relacionamento público. Não que eles precisassem, mas, de fato, um dia isso aconteceria e eles queriam.

Algo estava crescendo dentro de ambos e uma hora, só pequenos espaços, seria pouco para demonstrar. Sim, ele gostaria de ser livre com Pedri, mas ainda não era o momento. O mais velho não concordava, mas respeitava e faria o máximo para o garoto ter o seu tempo.

Mesmo ainda com pouca convivência, outra coisa também incomodava Gavi. O fato de Pedri não falar muito de sua família. E quando falava, era muito superficial. Diferente de Pablo, que falava mais que sua boca permitia às vezes. Páez já tinha percebido que era um assunto delicado e tentava não forçar a barra, mas também tinha um pingo de curiosidade.

Te Quiero - GadriOnde histórias criam vida. Descubra agora