Te Quiero - Gadri

05

Gavi nem conseguiu dormir direito. Ficou se remexendo na cama por muito tempo e só conseguiu pregar os olhos quando eram três da manhã. Acordou num pulo com o despertador e grunhiu, logo se levantando. Se ficasse enrolando, era capaz de perder o dia. Até que não seria uma má ideia, tendo em vista que as coisas poderiam ficar certamente estranhas ao decorrer das horas.

Um fato sobre o mais novo era que ele simplesmente não conseguia sossegar até realizar tudo que tinha pendente. Ficava ansioso, pensando em mil possibilidades do que poderia acontecer - e na maioria das vezes, coisas ruins - para no final, quando resolvia, ver que nem era tão drástico assim. O medo de pensar em fazer é maior do que o medo de realmente fazer.

Assim que saiu de casa, o dia estava nublado, mas ainda sim quente. O famoso mormaço. Provavelmente, iria chover e ele treinaria embaixo de chuva. É, o treinador não alivia para o lado de ninguém. Entrou no seu carro e dirigiu até a escola, estacionando no mesmo lugar de sempre. Saiu do mesmo e entrou na escola, cumprimentando quem falasse com ele.

- Buenos días, Pablo. - Ansu se aproximou, exibindo seus belos dentes e se encostou no armário do lado. O mais novo riu, abrindo seu armário e começando a organizar as coisas. - A semana começou com um clima diferente, não?

- Até o clima colaborou para o caos… - o mais novo murmurou, sentindo uma angústia dentro invadir o seu corpo. Ele odiava esse tipo de sentimento.

- Aconteceu algo, Gavira? Você nem me chamou para ir jogar vídeo game com você no final de semana. Pensei que era um lance nosso… - Fati fez um pequeno drama, fingindo limpar uma lágrima invisível que escorria e suspirou, olhando mais baixo. - Sério, o que houve?

- Eu precisava estudar e… estive pensando em algumas coisas. Preciso tomar algumas decisões na minha vida.

- Decisões tipo…

- Tipo terminar com a Melissa.

- O QUÊ? - Ansu mais que gritar, conseguiu atrair alguns olhares para ambos. Gavi deu um soco leve no seu braço e Fati fez questão de quase rosnar para quem estivesse os encarando de forma curiosa, fazendo assim, que a movimentação voltasse ao normal. - Desculpa, mas fiquei surpreso. Como assim?

- Fati, em resumo, é isso. Mas vamos conversar em outra hora, pode ser? - Gavi murmurou, não querendo mais que ninguém ficasse fuxicando a vida alheia. Odiava quando se intrometiam. Ansu apenas assentiu, dando um sorriso leve ao mais novo e passou o braço em seus ombros, indo em direção a sala de aula ao sinal soar.

Entraram e se acomodaram no lugar. Frenkie logo se juntou aos dois e se envolveram num papo até a professora entrar. Involuntariamente (ou ele achava que era), passou as orbes por toda sala de aula, em busca de alguém. González. O rapaz, como sempre, estava sentado em seu canto concentrado em alguma coisa que ele não sabia o que era.

Estava com seu moletom de sempre e seus fones de ouvido. Bem bonito, aliás.

Balançou a cabeça e virou o rosto, antes que o outro ou alguém percebesse que ele estava encarando o rapaz. O que Gavi não sabia era que Pedri tinha uma ótima visão periférica e sabia perfeitamente quando Pablo o olhava. Ele se sentia vigiado, mas segurava ao máximo para não encarar o mais novo e deixá-lo com vergonha.

•••

- Cinco euros na conta do papai. - Fati comemorava no pé do ouvido de Frenkie, que havia perdido, novamente, uma aposta boba. Era em relação a um placar de jogo que estava acontecendo naquela manhã e o loiro perdeu.

- Insuportável! - de Jong reclamou, tirando a nota da carteira e entrando ao outro, que fez um carinho no dinheiro e guardou em seu bolso.

- Vocês vivem apostando, caras. - Gavi murmurou e era verdade. Já apostaram quem comia mais pizza, quem chegava primeiro na escola, quem amarrava a chuteira mais rápido, quem conseguia o número de tal garota primeiro. Tudo era aposta, mas era engraçado essa competição entre os dois. No final, é tudo na brincadeira.