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Gavi estava começando a se irritar. O acastanhado não era de ficar bravo com frequência, mas todo aquele sussurro em sua volta sobre o que tinha acontecido no intervalo estava passando dos limites. As pessoas não sabiam ao menos disfarçar - alguns olhavam com dó e pena, outros diziam coisas absurdas. Nem tinha sido tudo isso para, de fato, virar um evento.

O último sinal soou e Gavi pode sentir um pouco de paz, mas ainda tinha o treino e, consequentemente, iria encontrar Melissa no campo, afinal, a equipe de líderes de torcida também ficavam por lá. Ignorou esse sentimento e correu para o vestiário com Ansu e Frenkie enquanto comia uma fruta. Não dava tempo nem de almoçar direito.

- Caras, tem um sol para cada um. Hoje vai ser do caralho treinar! - Ansu resmungava e os outros dois apenas concordaram, em silêncio. Gavi estava focado em amarrar suas chuteiras e levantou o olhar quando uma pessoa parou em sua frente. Era Nicholas, um cara ruivo e colega de time.

- E aí, Gavira. Tudo de boa, mano? - o menor assentou, estranhando aquela aproximação. Apesar de ser o capitão do time e manter contato com todos ali, Nick era o que ficava mais afastado e parecia gostar menos de Gavi. - Sabe, eu vi o que aconteceu no intervalo, quer dizer, todos vimos e...

- O que aconteceu na minha vida, mesmo em frente a todos, não é da conta de ninguém e nem deve ser trago para o ambiente de treino. - Pablo já estava bravo e o ruivo vindo até ele para comentar aquilo não estava ajudando muito.

- Eu sei. Mas, eu só queria saber se... Já que você e a Melissa não estão mais juntos, se você pode me passar o contato dela.

- É sério isso? - Gavi murmurou sem reação, querendo rir no fundo. Negou com a cabeça e passou a mão no rosto.

- Sério. Eu sempre tive uma atração por ela e acho que agora é o momento.

- E você vem pedir justo para mim?

- Sim, sim. É um ato de respeito, não?

- Imagina se não fosse, Nick. - Páez riu sem graça, voltando sua atenção para as chuteiras e tentando ignorar o rapaz em sua frente. Assim que percebeu que o outro não ia sair dali, levantou do banco, ficando cara a cara com ele.

- Vamos lá, Gavi. Não vai me dizer que está com ciúmes?

- Não, não estou. Mas você é muito sem noção de vir até mim e me pedir algo assim, não acha? - Pablo estava se aproximando, fechando seus punhos. Ambos tinham a mesma altura. - Se você faz questão de ser escalado no próximo jogo, é melhor sair da minha frente.

- Ei, ei. O que está rolando? - Frenkie se aproximou, passando os braços nos ombros de Gavi. O ruivo apenas revirou os olhos, saindo dali. O acastanhado voltou a se arrumar e se concentrar. Em menos de quinze minutos, estava no campo, começando o treino. Por um momento, Pablo conseguiu esquecer as coisas que tinha acontecido e até começar um breve jogo entre os próprios integrantes do time.

Por um milagre, o treino das líderes não estava sendo ali, o que almoçou o acastanhado, fazendo Gavi se sobressair ainda mais. Era rápido, sabia as técnicas e em menos de dez minutos, tinha feito dois gols, comemorando com os companheiros de time. Estava em perfeita harmonia com o campo e a bola, até sentir uma forte pancada em sua perna e fazê-lo cair no chão.

- Castillo! - o treinador gritou se aproximando e, mesmo que tinha doído, não tinha sido seriamente atingido e Pablo conseguiu se levantar, observando Nicholas perto de si, com um sorriso no rosto. Seu sangue ferveu tanto que ele estava cego. Rapidamente, se levantou e foi na direção do ruivo, empurrando-o pelo peito. Se não fosse Ansu o segurando, ele tinha dado uns bons socos no rapaz.

- ¡Hijo de puta! - O xingou e o ruivo apenas deu de ombros, escutando sermão do treinador como se fosse nada. Respirou fundo, se afastando de Ansu. Não bastasse seu rosto cagado, agora tinha que aguentar o incômodo. Sorte que ele estava conseguindo andar.

- Voltem ao treino. Já! - Marcus, o treinador, gritou, mas Gavi estava indo em direção ao vestiário. Ao chegar, tirou sua roupa e deu um chute no banco com a perna boa e quase chorou ao sentir que tinha sido forte demais. Gavi era um burro e estava prestes a estar todo machucado. Tentou se acalmar, sentando-se no banco e fechando seus olhos.

- Parece que hoje não é seu dia, não é? - a voz que Gavi gostava, até demais de escutar, adentrou em seus ouvidos, fazendo-o magicamente se acalmar, no mesmo segundo. Era de ficar preocupado com essa reação. Abriu os olhos e encarou o rapaz, assentindo.

- Parece que você gosta muito de vir aqui quando estou sozinho, não é? - Gavi retrucou e Pedri riu, negando com a cabeça e entrando no vestiário, sentando ao lado do acastanhado. O cheiro do mais alto rapidamente adentrou suas narinas.

- Eu vim falar com você sobre nossos estudos. - Pablo ficou em silêncio, deixando o outro continuar. - Pensei em mudarmos para outro dia.

- O quê? Por quê, Pedri?

- Desde o acontecido no intervalo, já estava com essa ideia de falar com você. E agora, no treino, vi que talvez você precise de um pouco de paz. - deu de ombros e o outro levantou uma sobrancelha.

- Então, quer dizer, que você estava vendo o treino?

- Não, quer dizer, talvez... - o mais alto se atrapalhou, coçando a nuca e desviando o olhar. Gavi riu, negando com a cabeça. - Isso não faz diferença, de qualquer forma. Só não quero te atrapalhar.

- Você não atrapalha. - Pablo garantiu ao outro, passando a mão no rosto suado. - Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Talvez, seja até bom eu me distrair estudando um pouco.

- Se distrair estudando? Que tipo de adolescente você é?

- O que gosta de estudar, ué. - Pablo sorriu meio envergonhado e Pedri também, mas o segundo tinha seu olhar na frente, sem coragem de encarar o menor. - Eu só preciso tomar um banho e pegar minhas coisas. Me espera no estacionamento.

- Tem certeza?

- Absoluta, Pedri. Não me pergunte novamente. - Gavi semicerrou os olhos e outro levantou as mãos, enquanto ia saindo aos poucos.

- Tá bom, capitão! - o mais novo gargalhou, caminhando até os chuveiros e o moreno saiu dali com um sorriso no rosto, enquanto fazia o que eu o outro mandava. Nem parecia o Pedri calado de antes, era bom vê-lo assim, mesmo com poucas pessoas e o outro gostava de como ele ficava ainda mais bonito. Qual foi? Mesmo sendo hétero, achar homens bonitos e reparar no sorriso deles, era uma coisa super normal. Gavi só estava sendo normal.

-

Oi!

Pessoal, relevem se tiver algum erro ortográfico, não tive de tempo de revisar esse capítulo, mas espero que aproveitem a leitura.

Não se gostar, deixa uma ⭐.

Beijinhos 🤍

Te Quiero - GadriOnde histórias criam vida. Descubra agora