Capítulo 26: A Frequência do Silêncio.
Acordei me sentindo péssimo, em toda a minha vida, mesmo depois do massacre eu nunca me senti tão oco e ao mesmo tempo tão sobrecarregado pelos meus próprios sentimentos.
Não sentia a mínima vontade de levantar da cama. Desejei o colo de [Nome], onde eu me sentia confortável para chorar o quanto eu quisesse.
— Moleque! Eu te procurei a noite toda — Koda disse ao entrar no quarto pela janela — Você está péssimo, o que houve?
— Nada — ele me olhou feio mas não contestou.
— Acho bom sacudir esse seu nada, [Nome] e o velho estão na fronteira e ela está vindo lhe ver — mesmo com isso, eu permaneci desanimado — Me deixe ver o seu pulso — estendi para ele sem muita vontade.
A ferida ainda estava um pouco aberta e esbranquiçada no meio, mas não estava mais avermelhada ao redor ou um pouco mais quente que o resto da pele... mesmo assim, estava bem feia.
Passei um bom tempo no banho, escovei os dentes entre lágrimas rasas e me vesti.
Sabe? As vezes a intensidade do que sentimos é tanta, que apenas a frequência do silêncio pode descrevê-la, eu estava tão exausto de tudo...
Eu sentia meu corpo distante da minha mente, sabia que se não revertesse isso o quanto antes, eu voltaria ao meu estado inicial... mas sinceramente? Não havia a mínima vontade de lutar contra isso, eu só queria ceder e afundar para um lugar onde minha consciência estivesse bem distante.
Suspirei antes de sair do quarto de [Nome] e encontrei Kakuzu no corredor.
Lembrei que eu ainda era um shinobi, ainda tinha uma missão para com a Folha, minha vida ainda era oferta de libação pela paz e segurança.
— Preciso de um favor seu — murmurei e ele me encarou pensativo.
— Isso paga minha dívida com você — se referiu ao dia que eu o salvei depois da ida de [Nome]. — Nos encontramos mais tarde no seu quarto.
— Ok.
Descemos juntos e eu mal toquei na comida. Meu apetite estava zerado e eu não via mais sentido em toda dor que causei, que senti... era como se a morte de Sasuke tivesse levado consigo meu propósito.
Pude encarar a dor de assassinar os meus pais, de ver o choro velado da minha mãe, sua expressão quase orgulhosa pela minha decisão... ouvir os gritos de medo das crianças que antes me tinham como espelho, que eram inocentes naquilo tudo... mas nunca, nunca suportaria ver a morte de Sasuke. Eu preferia estar morto quando isso acontecesse, soube disso no momento em que ele nasceu. Eu sempre protegeria meu irmão. E então [Nome] chegou, o espaço no meu peito pareceu crescer para abrigar ela.
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Epitáfio - Itachi Uchiha
RomanceItachi X [Nome]. O que você escreveria na sua lápide se tivesse desejado o consolo da morte por anos a fio? [Nome] entrou na minha vida quando ainda éramos crianças e já maduros, voltamos a nos encontrar. O que eu podia fazer quando nossos caminhos...